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Canoagem: Pimenta diz que portugueses têm feito "voluntariado" na alta competição

Fernando Pimenta, canoísta homenageado pelo presidente da Assembleia da República
Fernando Pimenta, canoísta homenageado pelo presidente da Assembleia da RepúblicaESTELA SILVA/LUSA

O canoísta Fernando Pimenta elogiou hoje o “reconhecimento simbólico” da Assembleia da República (AR) aos feitos da modalidade nos Europeus, mas deseja ver concretizados apoios mais consistentes aos atletas de alta competição.

“Portugal é um caso de estudo em que muitos atletas de alta competição acabam por fazer voluntariado. Quando estamos a falar de milésimas de segundo, de pequenos pormenores, como na canoagem, claro que tudo isso conta”, ilustrou.

Pimenta, que exemplificou o seu pensamento com o caso dos jovens Gustavo Gonçalves e Pedro Casinha, recentes campeões da Europa em K4 500 metros, juntamente com João Ribeiro e Messias Baptista, falava à margem da entrega do voto de saudação, aprovado por unanimidade pela AR em reconhecimento pelo desempenho alcançado no Campeonato da Europa de Canoagem de Velocidade e Paracanoagem, cerimónia que contou com o Presidente da Assembleia da República (AR), José Pedro Aguiar-Branco.

“No outro dia estava a falar com os responsáveis do desporto nacional dizendo-lhes que em nenhum país onde haja alta competição estes atletas fazem voluntariado (…). Agora, depois de anos a fazerem isso, o futuro também está nas mãos deles (Gustavo e Pedro), como é óbvio”, completou.

Em junho, em Racice, na República Checa, nos Europeus de canoagem Portugal trouxe mais ouro, nomeadamente o de Fernando Pimenta em K1 1.000 e 5.000 metros, bem como o de Norberto Mourão na classe adaptada VL200: paralelamente, Messias Baptista foi ainda prata em K1 200.

“Este voto de louvor é sempre importante para as nossas carreiras e para a modalidade e o seu futuro, bem como para aqueles que querem seguir as nossas pisadas - não só na canoagem, mas em outras modalidades -, porque, de certa forma, veem algum reconhecimento, embora, como é óbvio não é só este que gostaríamos de ter”, acrescentou, referindo-se ao apoio monetário.

Pimenta recordou o “enorme desgaste do corpo e mente” de quem anda na alta competição, ilustrando com a canoagem em que cada desportista é sujeito a uma vida extremamente rigorosa para conseguir atingir a alta roda internacional.

“Isto não é uma profissão de oito horas diárias, mas uma que exige 24 horas, sete dias da semana, porque tudo aquilo que nós fazemos no nosso dia a dia, tudo conta para o alto rendimento, nomeadamente o descanso, a alimentação, o próprio treino, tudo isso conta e é uma profissão às vezes também um bocadinho ingrata”, concluiu.