Em equipa que ganha não mexe
Uma velha máxima do futebol a que os treinadores de Inglaterra e França recorreram na hora de escolher as equipas, optando pelos mesmos onze jogadores que iniciaram os duelos dos oitavos de final diante de Senegal e Polónia, respetivamente.
Em Inglaterra, o destaque vai para o banco de suplentes onde já se encontrava Raheem Sterling. O extremo do Chelsea teve de regressar de urgência a Londres devido a um assalto à residência pessoal, mas acabou por ser reintegrado na véspera do jogo e foi opção para Southgate.
No lado francês, Mbappé suscitou algumas preocupações mas surgiu no onze, partilhando o ataque com Dembélé e Giroud. Nota para Hugo Lloris que somou a 143.ª internacionalização e isolou-se no topo dos jogadores que mais partidas jogaram por França.
Um pontapé nos planos
À semelhança do que havia feito diante do Senegal, Inglaterra entrou com um plano bem estruturado: um bloco compacto, organizado, atento aos erros franceses para sair em transição e atacar a baliza à guarda de Lloris.
E durante o primeiro quarto de hora tudo parecer correr de acordo com os planos de Gareth Southgate. Foi então que surgiu Aurelien Tchouaméni (17 minutos) a dar um autêntico pontapé na estratégia britânica. Solto à entrada da área, o médio do Real Madrid recolheu o passe de Dembélé e disparou colocado, fora do alcance de Pickford.
Um golo que motivou uma inversão dos papéis. França começou a recuar o bloco, de forma a aproveitar a velocidade de Mbappé e Dembélé, e obrigou Inglaterra a assumir a posse de bola. Contudo, mais domínio não significou mais perigo e os comandados ingleses mostraram-se pouco expeditos. Fora os dois duelos de Kane com o colega Lloris – o guardião levou a melhor aos 22 e aos 29 minutos, com duas boas defesas –, os gauleses nunca viram vantagem em perigo durante o primeiro tempo.
Reveja aqui as incidências do jogo
De herói a vilão
O segundo tempo trouxe uma Inglaterra mais assertiva. Jude Bellingham (46 minutos) obrigou Hugo Lloris a nova grande defesa e deu o aviso para o que viria a surgir 10 minutos mais tarde. Até então herói francês, Tchouaméni passou a ser vilão quando derrubou Saka na área. Chamado a converter o penálti, Kane conseguiu finalmente levar a melhor sobre Hugo Lloris e empatou a partida com o 53.º golo ao serviço de Inglaterra, igualando Wayne Rooney como o goleador máximo da seleção dos Três Leões.
Sonho foi pelo ar
Em igualdade, Inglaterra mostrou que aprendeu a lição, não recuou as linhas e continuou a carregar sobre a defensiva francesa. Mal-amado no Manchester United, Maguire teve na cabeça a oportunidade de ser herói inglês, mas o cabeceamento após livre de Henderson acertou no poste.
Diz a sabedoria futebolística que quem não marca sofre e assim foi. Depois de obrigar Pickford a uma grande defesa, aos 77 minutos, Giroud não desperdiçou duas vezes e na jogada seguinte fez o segundo golo de França. O avançado do Milan apareceu ao primeiro poste na sequência de um belo cruzamento de Griezmann, na esquerda, e devolveu a vantagem aos atuais campeões do Mundo.
Parecia ter sido o golpe fatal no jogo, mas esta Inglaterra mostrou que não se amedronta e continuou a laborar em busca de um empate que podia ter surgido aos 81 minutos. Chamado pelo VAR, Wilton Sampaio assinalou penálti sobre Mason Mount, derrubado por Theo Hernandez na área. Herói em tantas ocasiões, Harry Kane tinha uma oportunidade de ouro para cunhar o nome na história da seleção que lidera, mas o remate saiu por cima e com ele foi o sonho inglês de fazer o futebol regressar a casa.
O apito final selou o acesso de França à meia-final e a um sempre escaldante encontro com Marrocos, a grande sensação do Mundial-2022. Um duelo francófono que pode deixar os gauleses mais próximos de repetir o feito do Brasil em 1962, quando se tornou na última seleção a vencer dois Campeonatos do Mundo consecutivos.
Homem do jogo Flashscore: Hugo Lloris (França)