A segurança dos Campeonatos Europeus de Ciclismo de Estrada, que se realizam de 1 a 5 de outubro em Drôme-Ardèche, será reforçada devido à presença da equipa nacional israelita, declarou esta terça-feira Michel Callot, Presidente da Federação Francesa de Ciclismo (FFC), que organiza a prova.
"Isto significa que teremos de intensificar a nossa cooperação com os serviços governamentais e trabalhar com eles para ajustar o que considerarem necessário para que os ciclistas possam pedalar com toda a tranquilidade", disse Callot numa entrevista ao L'Equipe e à AFP , à margem do Campeonato do Mundo de Kigali, onde a questão está a causar agitação entre as autoridades.
Todos os organizadores de provas de ciclismo estão muito preocupados desde a última Vuelta, que foi perturbada por grandes manifestações pró-palestinianas de protesto contra a presença da equipa Israel Premier Tech.
"A maior parte dos organizadores que receberam a equipa Israel Premier Tech este ano já tiveram de tomar medidas especiais. O que a Vuelta mudou foi a dimensão que assumiu este fenómeno de tentar bloquear uma corrida a todo o custo", sublinhou Callot.
Para o Campeonato da Europa, a seleção israelita confirmou a sua participação com uma lista de treze atletas, todos homens (3 juniores, 9 ciclistas sub-23 e 1 ciclista de elite).
"A informação importante é que os contra-relógios não estão envolvidos, apenas as três corridas de estrada masculinas. Em termos de segurança, é um ponto importante porque os contra-relógios, em que toda a gente sabe quando o atleta vai chegar, são muito complicados de assegurar. É um alívio para mim, enquanto organizador", explicou o presidente da FFC.
Os pormenores da segurança ainda não foram definidos: "Vamos ter uma conversa calma esta semana com os serviços governamentais para que nos possam dizer. É óbvio que eles têm mais informações do que nós. Nesta fase, ainda não sabemos até que ponto vamos reforçar a segurança, nem onde, nem como."
A FFC não é responsável pela segurança da delegação israelita fora da corrida. "Num Campeonato da Europa ou do Mundo, não é o organizador que aloja as equipas. São as próprias nações", explicou.
Quanto à posição da FFC sobre a presença de Israel, Callot disse que "não nos compete dar uma opinião sobre esta questão, porque não nos compete entrar no debate político que a pode acompanhar".
"Somos legalistas. A Federação Israelita é membro da UCI (União Internacional de Ciclismo) e da União Europeia de Ciclismo. Isso dá-lhe o direito de se inscrever livremente. Cabe-nos a nós respeitar esta regra. A UCI deixou bem claro que não se quer envolver na politização do desporto e, neste aspeto, baseia-se na posição defendida pelo COI (Comité Olímpico Internacional). Estamos alinhados com as mais altas instâncias desportivas, o que dita a posição da Federação Francesa nesta fase", concluiu.