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Ciclismo: Pogacar-Evenepoel, duelo contra o relógio para o primeiro Mundial em África

Pogacar durante um treino em Kigali para o Mundial de ciclismo de Ruanda
Pogacar durante um treino em Kigali para o Mundial de ciclismo de RuandaAnne-Christine POUJOULAT / AFP
O duelo mais aguardado, Tadej Pogacar e Remco Evenepoel, está no centro das atenções antes do contrarrelógio que vai inaugurar no domingo, 21 de setembro, os Mundiais de ciclismo em Ruanda, os primeiros em África, num cenário exótico que pode fazer oscilar os prognósticos.

Na manhã de sábado, as estrelas do pelotão masculino e feminino fizeram o último reconhecimento de um percurso muito ondulado, com trechos de paralelo, que os espera nos arredores de Kigali, a capital do "país das mil colinas".

Em Ruanda, estes primeiros Mundiais de ciclismo em África constituem um evento histórico, e as autoridades, decididas a mostrar o melhor cartão de visita possível, têm-se empenhado em preparar a competição com todos os detalhes desde que lhes foi atribuída em 2021.

A televisão pública RTV mostra no canto superior esquerdo do ecrã a contagem decrescente para o início da semana de ciclismo, e centenas de adeptos e curiosos aglomeram-se ao longo do percurso para observar a passagem dos ciclistas durante o treino nas suas modernas bicicletas.

Durante esse primeiro contacto, os ciclistas, habituados às corridas na Europa, puderam descobrir uma "atmosfera única", como descreveu o belga Ilan Van Wilder, após pedalar entre palmeiras e goiabeiras, com os habitantes a utilizarem as suas antigas bicicletas para transportar grandes cargas de bananas ou imponentes bidões de água.

"Muda a perspetiva"

"Isto muda a perspetiva, é outro mundo. Vemos coisas que nos fazem relativizar em relação às condições que temos em França. Fomos muito bem recebidos", refletiu a ciclista Juliette Labous.

A francesa vai participar no contrarrelógio feminino (de 31 km), em que Marlen Reusser, Chloe Dygert e Demi Vollering partem como favoritas.

Entre os homens, todos esperam um duelo estelar entre o atual bicampeão mundial da especialidade, Remco Evenepoel, e Tadej Pogacar num percurso difícil (40 km e 680 m de desnível).

Agora ou nunca para Pogacar?

Evenepoel preparou-se para a competição na cidade espanhola de Calpe e conseguiu habituar-se ao calor, embora as temperaturas em Kigali sejam razoáveis, com máxima de 28 graus para domingo, segundo as previsões.

A humidade e a altitude – a capital ruandesa está situada a quase 1.600 m – serão fatores a ter em conta, mas as estradas estão em estado impecável e não poderão servir de desculpa para nenhum ciclista.

Pogacar, grande favorito para defender o seu título na prova em linha do próximo domingo, aspira ao seu primeiro maillot arco-íris no contrarrelógio – o seu melhor resultado foi o sexto lugar em 2022 – para lançar a primeira pedra de uma dobradinha inédita.

Talvez seja o momento do agora ou nunca para ele, pois o percurso pode igualar o seu nível ao do bicampeão olímpico, que poderá responder com a sua melhor aerodinâmica nas subidas de Nyanza, Péage e Kimihurura.

"O percurso é favorável para mim, mas para bater um especialista absoluto como Remco e tornar-me campeão do mundo, será preciso estar em forma ótima no dia D", afirma Pogacar, que se preparou a fundo para o contrarrelógio nos últimos meses.

Jonas Vingegaard e outros grandes especialistas como Filippo Ganna ou Josh Tarling optaram por não participar nestes Mundiais. Assim, como juiz desse duelo a dois, apresenta-se o australiano Jay Vine, muito forte na Vuelta a España, ou o seu compatriota Luke Plapp.

O colombiano Wálter Vargas, os mexicanos Isaac Del Toro e Eder Frayre, e os espanhóis Raúl García Pierna e Iván Romeo tentarão fazer um bom tempo, embora as suas hipóteses de pódio sejam reduzidas.