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Ciclismo: Bravura de António Morgado valeu-lhe a vitória na "sua" Clássica da Figueira

A festa de António Morgado após a meta
A festa de António Morgado após a metaUAE Team Emirates

O português António Morgado (UAE Emirates) conquistou este domingo a terceira edição da Clássica da Figueira, ao lançar-se num ataque solitário de duas dezenas de quilómetros, sucedendo no palmarés dos vencedores ao ciclista belga Remco Evenepoel.

O jovem luso, de 21 anos, atacou na última ascensão à contagem de primeira categoria do Parque Florestal, apanhou o enorme Filippo Ganna (INEOS) e pedalou 21 quilómetros a solo até à meta, que cortou com o tempo de 04:35.47 horas, cinco segundos à frente de um mini-pelotão encabeçado pelo francês Paul Magnier (Soudal Quick-Step) e pelo checo Mathias Vacek (Lidl-Trek), respetivamente segundo e terceiro.

Para mim, é superespecial ganhar aqui. É a única clássica que faço em Portugal e estou muito feliz por ter ganho aqui”, resumiu o sempre sintético ciclista da UAE Emirates.

Esta é a segunda vitória da época para Morgado, que se impôs logo no primeiro dia de competição da temporada, no Grande Prémio Castellón, e hoje estudou bem a lição para evitar chegar na companhia de homens rápidos como Magnier e Vacek, mas também de referências do pelotão como Rui Costa (EF Education-EasyPost) e Biniam Girmay (Intermarché-Wanty), respetivamente quinto e sexto, ou Julian Alaphilippe (Tudor), que foi oitavo.

Com as dificuldades reservadas para o circuito final, percorrido pelos ciclistas três vezes, os quilómetros iniciais dos 192,7 com partida e chegada à Torre do Relógio, na marginal da Figueira da Foz, foram animados por uma fuga de nove homens, que construíram uma vantagem de quatro minutos para o pelotão.

Aos nacionais Rafael Reis (Anicolor-Tien21), Diogo Narciso e João Medeiros (Credibom-LA Alumínios-MarcosCar) e André Ribeiro (Gi Group-Simoldes-UDO) juntaram-se os espanhóis Delio Fernádez (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense), Jorge Gálvez (Aviludo-Louletano-Loulé), Javier Ibañez (Caja Rural), Nil Gimeno (Kern Pharma) e Nicolas Alustiza (Euskaltel-Euskadi), numa iniciativa que foi perdendo vantagem à medida que o ‘rompe pernas’ do percurso começou.

Na aproximação às dificuldades da jornada – o encadeamento entre a primeira categoria instalada no Parque Florestal e a segunda em Enforca Cães -, a fuga perdeu gás, com a diferença a cair para dois minutos, primeiro por obra da Tudor e da INEOS e, depois, graças ao trabalho da Lidl-Trek.

A 50 quilómetros da meta, os fugitivos foram alcançados e começaram os ataques dos candidatos, com o antigo bicampeão mundial de fundo Alaphilippe (2020 e 2021), em estreia pela Tudor, na temporada e em Portugal, a ser o primeiro a tentar mexer na corrida, seguindo-se os INEOS Laurens De Plus e Filippo Ganna, com o italiano a ser o primeiro a ganhar uma margem considerável.

Duas vezes campeão mundial da especialidade (2020 e 2021), Ganna empreendeu um verdadeiro contrarrelógio para distanciar-se dos perseguidores, entrando nas derradeiras quatro dezenas de quilómetros com 20 segundos de vantagem.

A desorganizada perseguição ao vice-campeão olímpico no crono em Paris-2024 e vencedor de sete etapas no Giro fez com que o ciclista da INEOS entrasse na última volta ao circuito com 40 segundos de diferença, que caíram abruptamente na subida ao Parque Florestal.

A derradeira passagem na contagem de primeira categoria e um ataque fulminante de António Morgado condenaram Ganna.

O português começou a escalar a segunda categoria de Enforca Cães com mais de 30 segundos sobre Mikkel Honoré (EF Education-EasyPost) e Jon Aguirre (Euskaltel-Euskadi), os mais diretos perseguidores, e resistiu à perigosa aproximação do pelotão na descida até à meta, para aí festejar efusivamente com um público que já muito o tinha aplaudido na apresentação.

Exemplo de força e explosividade, o promissor Morgado, que já conta com cinco vitórias no seu precoce currículo, inscreveu o seu nome no palmarés dos vencedores da única clássica portuguesa do circuito UCI ProSeries, sucedendo ao ‘estelar’ Remco Evenepoel, ausente na sequência da queda grave que sofreu em dezembro, e ao dinamarquês Casper Pedersen, ambos da Soudal Quick-Step.

Entre os portugueses, Ruben Guerreiro (Movistar) foi novamente nono e João Almeida (UAE Emirates) acabou na 16.ª posição, com ambos a chegarem a cinco segundos do vencedor.