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Tour: Pogacar 'tocou' a 'dobradinha' no alto de Isola 2000

O festejo Tadej Pogacar na conquista da 19.ª etapa
O festejo Tadej Pogacar na conquista da 19.ª etapaAFP
Tadej Pogacar ficou esta sexta-feira mais perto de tornar-se no oitavo ciclista a alcançar a ‘dobradinha’ Giro-Tour na mesma temporada, após uma autoritária exibição em Isola 2000, com um fragilizado Jonas Vingegaard a resignar-se à defesa do segundo lugar.

Nova jornada de montanha, nova derrota retumbante da Visma-Lease a Bike, que procurou o triunfo na 19.ª etapa, através de Matteo Jorgenson, deixando Vingegaard completamente desamparado, e acabou por assistir a nova demonstração de força do esloveno da UAE Emirates, que conquistou a quarta vitória em etapas nesta edição, e a 15.ª na prova, e ampliou para mais de cinco minutos a diferença para o ainda bicampeão em título.

É uma grande margem agora. Amanhã posso apenas desfrutar da etapa e deixar a fuga seguir”, confessou ‘Pogi’ na ‘flash-interview’, ciente de que só um azar o impedirá de juntar a amarela final do Tour, que envergará pela terceira vez depois de 2020 e 2021, à ‘maglia rosa’ do Giro2024.

Embora possa parecer que há um ‘quê’ de arrogância nas palavras do esloveno de 25 anos, os números não mentem: hoje, no alto de Isola 2000, que coroou em 04:04.03 horas, ganhou 01.42 minutos a Vingegaard e Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step), segundo e terceiro da geral, respetivamente a 05.03 e 07.01.

Quem mais perto ficou do camisola amarela foi mesmo Jorgenson, segundo a 21 segundos, depois de ter sido ultrapassado a menos de dois quilómetros da meta, com outro fugitivo, o britânico Simon Yates (Jayco-AlUla) a ser terceiro, a 40. João Almeida foi sétimo na tirada, a dois minutos do seu líder, e mantém-se na quarta posição da geral, agora a 15.07.

Assim que o pelotão partiu de Embrun, para cumprir os 144,6 quilómetros até ao cimo de Isola 2000, uma vintena de corredores saltou para a fuga, com a Visma-Lease a Bike a colocar num primeiro momento três homens na frente, nomeadamente Jorgenson, então 14.º da geral – subiu a nono no final.

Apanhado desprevenido, Richard Carapaz obrigou a sua EF Education-Easy Post a trabalhar para conseguir fazer a ponte para a escapada e manter intactas as aspirações de vestir a camisola da montanha (objetivo que alcançou), numa iniciativa seguida também por Simon Yates (Jayco AlUla), que se juntou na frente a um grupo em que também estavam Jay Hindley (Red Bull-BORA-hansgrohe) e Wilco Kelderman (Visma-Lease a Bike).

Findos os 18,8 quilómetros de subida ao Col de Vars, a primeira de duas categorias especiais da jornada, os nove fugitivos tinham uma vantagem superior a três minutos para o grupo do camisola amarela, comandado pela UAE Emirates, claramente interessada em lutar pela vitória de etapa.

Na Cime de la Bonette, o ‘teto’ deste Tour – é a estrada asfaltada mais alta de França, com a contagem de categoria especial instalada a 2.802 metros de altitude -, nada aconteceu, ficando hoje provado que a etapa ‘rainha’ desta edição foi a de domingo passado.

Na ascensão a Isola 2000, Jorgenson atacou os seus companheiros de jornada a mais de 13 quilómetros da chegada e foi à procura da etapa, quando se pensava que a sua presença na fuga seria um prenúncio do ataque de Vingegaard lá atrás.

Nessa altura, já o dinamarquês tinha ficado completamente sem apoio no grupo de favoritos, em nova tática questionável da Visma-Lease a Bike, que a nível estratégico deixou muito a desejar neste Tour, correndo sempre como se estivesse na máxima força, como nas duas edições anteriores, quando tinha ciclistas claramente em sub-rendimento.

A mais de nove quilómetros do alto, Pogacar atacou e ninguém respondeu: Evenepoel, tido como o mais fraco do ‘top 3’ na alta montanha, teve mesmo de ‘rebocar’ o bicampeão em título, evidentemente de mais a menos neste Tour, ao contrário da teoria disparatada que a sua equipa foi ‘vendendo’ ao longo da prova.

O camisola amarela rapidamente foi apanhando os fugitivos que seguiam à sua frente e reduzindo os três minutos de diferença para Jorgenson, alcançado a 1,8 quilómetros do alto e deixado para trás pouco depois.

Com o triunfo da etapa e da geral entregue ao dominador ‘Pogi’ – já leva 10 vitórias em tiradas de grandes Voltas esta temporada -, o líder da juventude levou Vingegaard colado na roda até à meta, não conseguindo superar o dinamarquês na luta pelo segundo lugar do pódio, tal como o seu companheiro Mikel Landa, quinto, não foi capaz de recuperar tempo relativamente a João Almeida.

Num dia corrido ‘acima das nuvens’, Nelson Oliveira (Movistar) foi 63.º, a 31.48 minutos, enquanto Rui Costa (EF Education-EasyPost) acabou no 78.º lugar, a 40.34. Na geral, o primeiro está na 51.ª posição e o campeão nacional de fundo na 63.ª.

No sábado, corre-se 20.ª e penúltima etapa, uma ligação de apenas 132,8 quilómetros entre Nice e o Col de la Couillole, com três contagens de primeira categoria no trajeto, a última a coincidir com a meta.