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Ciclismo: Van der Poel e Van Aert querem estragar a estreia da Pogacar no Paris-Roubaix

Van der Poel e Van Aert querem estragar a estreia de Pogacar em Paris-Roubaix
Van der Poel e Van Aert querem estragar a estreia de Pogacar em Paris-RoubaixLaurent Lairys / Laurent Lairys / DPPI via AFP
Dois dos melhores ciclistas de clássicas dos últimos anos, Mathieu van der Poel e Wout van Aert, sem esquecer outros ciclistas como Mads Pedersen, Filippo Ganna ou Stefan Küng, esperam transformar a esperada estreia de Tadej Pogacar no Paris-Roubaix num inferno, este domingo.

Uma semana depois da enésima exibição de Pogacar na Volta à Flandres, onde arrasou os rivais com ataques constantes nos últimos 60 quilómetros do "monumento" flamengo, o fenómeno esloveno vai procurar escrever uma nova página na história do ciclismo, naquela que será a sua primeira participação na "Rainha das Clássicas".

Apesar da sua inexperiência nas estradas empedradas do noroeste de França até ao velódromo André-Pétrieux em Roubaix, Pogacar ganhou a reputação de "inimigo a abater" com as suas exibições em todos os terrenos.

Sem um vencedor do Tour desde 1991

Um exemplo de que o chamado "Inferno do Norte" não é feito para os ciclistas que normalmente lutam pela Volta à França ou pelos Grand Tours, é que para encontrar um atual vencedor da "Grande Boucle" na lista de participantes do Paris-Roubaix, é preciso recuar a 1991 com o americano Greg Lemond.

Na história centenária desta mítica corrida, apenas três ciclistas conseguiram vencê-la na sua primeira participação: o alemão Josef Fischer, obviamente na primeira edição em 1896; o francês Jean Forestier em 1955 e o italiano Sonny Colbrelli, o último a fazê-lo, em 2021.

"É possível ganhar a Paris-Roubaix sem a ter corrido antes? Estatisticamente não, mas com ele nunca se sabe. Ele está a bater à porta da lenda do ciclismo", disse o diretor da corrida, Thierry Gouvenou.

O insaciável esloveno, versão moderna do "canibal" Eddy Merckx, somou com a última Volta à Flandres o seu oitavo "monumento" e, em caso de triunfo no domingo, igualará no palmarés das grandes clássicas homens míticos do ciclismo como os italianos Fausto Coppi e Costante Girardengo, o belga Rick van Looy e o irlandês Sean Kelly.

A aproximar-se do inatingível Merckx

À sua frente, apenas os belgas Roger de Vlaeminck (11) e o próprio Merckx (19), cujo recorde parecia inigualável até ao aparecimento do Pogacar.

Mas, ao contrário da Flandres, onde as secções empedradas são em subida, a Paris-Roubaix tem um percurso completamente plano: 259,2 km entre Compiegne (nos arredores de Paris) e o velódromo de Roubaix, com 55,3 km de pavé.

Há 30 secções de estradas empedradas concentradas a partir do km 95 e classificadas, como se fossem passagens de montanha, de acordo com a sua dificuldade: entre as mais difíceis, a mítica Trouée d'Arenberg (km 163,9), Mons-en-Pévèle (km 210,6) e o Carrefour de l'Arbre, a apenas 18 km da meta.

"Não me convém tanto como a Volta à Flandres.... Mas aceito o desafio! Com a forma em que me encontro, vou tentar", declarou Pogacar após a vitória de domingo passado.

A falta de inclinação favorece os ciclistas mais pesados e mais poderosos, mais ciclistas que Pogacar terá de ultrapassar para estar ao lado dos melhores.

"Aceito o desafio!"

E o tipo de corrida que se verá no domingo dependerá também do tempo, porque se chover (as previsões anunciam água em alguns troços) as estradas empedradas transformam-se em ringues de patinagem.

Ao contrário de outras clássicas, em que a qualidade do ciclista é o principal fator, também é necessária uma boa dose de sorte para chegar a Roubaix e evitar quedas, furos ou problemas mecânicos que podem arruinar uma corrida.

O seu principal rival será, a priori, Van der Poel, com quem já teve dois confrontos memoráveis este ano, em Milão-San Remo e na Flandres, com uma vitória para cada um deles.

Um pouco de sorte

Depois da Volta à Flandres, onde sofreu uma queda que o afetou na parte final da corrida (onde terminou em terceiro), o neerlandês avisou. "Na Paris-Roubaix vai ser diferente e também vai ser preciso um pouco de sorte", disse o duplo vencedor da corrida em 2023 e 2024.

Depois de uma época sem grandes resultados e de um início de temporada discreto, o belga Wout van Aert recuperou a confiança com o quarto lugar na Flandres e é um dos favoritos ao título em Roubaix, embora o azar pareça acompanhá-lo sempre nos 'monumentos', com apenas uma vitória (Milão-San Remo, em 2020) e muitos lugares de honra.