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Ciclismo: Paris volta a vestir-se de festa para receber o Tour em Montmartre

Paris volta a vestir-se de festa para receber o Tour em Montmartre, como nos Jogos Olímpicos
Paris volta a vestir-se de festa para receber o Tour em Montmartre, como nos Jogos OlímpicosAlex Broadway / GETTY IMAGES EUROPE / Getty Images via AFP

Um ano após os Jogos Olímpicos, a presença inédita no Tour da subida ao bairro de Montmartre confere ainda mais interesse e espetacularidade à 21.ª e última etapa, no domingo à tarde em Paris.

Os paralelos da rue Lepic, o Moulin Rouge, Sacré-Coeur... É difícil não se entusiasmar com a passagem do pelotão por esses locais emblemáticos que proporcionaram algumas das imagens mais divulgadas dos últimos Jogos Olímpicos.

Tudo isto após um ano de parêntese, depois de, devido aos preparativos para os Jogos, a corrida mais prestigiada do mundo ter terminado em Nice em 2024.

O diretor do Tour, Christian Prudhomme, admitiu ter sentido "ciúmes" do espetáculo daquele dia, perante meio milhão de pessoas, e começou a sonhar, nessa mesma tarde, em transferir a ideia para a Grande Boucle.

Embora o caminho não tenha sido fácil, desde um primeiro veto da prefeitura de polícia até ao impulso decisivo do presidente francês, Emmanuel Macron, "o impossível tornou-se possível".

O pelotão do Tour passará assim por Montmartre pela primeira vez na sua história, antes da tradicional chegada à meta nos Campos Elísios.

Na ausência de suspense pela classificação geral, em que Tadej Pogacar, com uma vantagem superior a quatro minutos, pode desfrutar do passeio por Paris a caminho do seu quarto Tour, a capital francesa prepara-se para mergulhar na nostalgia ao reviver o percurso da prova olímpica.

Poucas opções para os sprinters

Mas a iniciativa muda completamente a fisionomia desportiva desta última etapa, habitualmente um desfile em que os ciclistas brindavam com champanhe antes de os sprinters afiarem as suas armas durante as oito voltas aos Campos Elísios.

Desta vez, os ciclistas apenas darão três voltas à famosa avenida, antes de percorrerem três vezes um circuito de 16,8 km passando por Montmartre, cuja subida (1,1 km a 5,9%) poderá descartar os sprinters da luta pela vitória final.

Na terceira passagem pela Butte Montmartre, faltarão seis quilómetros até à meta, o que favorecerá os ataques e eliminará quase todas as hipóteses de uma chegada em massa.

"Dói-me o coração de sprinter", admitiu o antigo sprinter alemão Marcel Kittel sobre esta quebra de tradição, que ocorre no 50.º aniversário da primeira chegada nos Campos Elísios.

Mas os ciclistas da classificação geral também não estão entusiasmados com a nova perspetiva. Remco Evenepoel, que conquistou o título olímpico neste percurso, foi o primeiro a denunciar "um stress suplementar inútil".

"Ninguém gosta"

"Montmartre foi ótimo durante os Jogos Olímpicos, mas só restavam 50 ciclistas no pelotão. No Tour de France, seremos 150 para nos posicionarmos numa subida muito estreita", explicou Jonas Vingegaard.

Pogacar, por outro lado, não vê "demasiada diferença a nível pessoal. Está claro que isso vai dar um pouco de stress", reconhece o arquiteto do Tour, Thierry Gouvenou, mas relativiza.

"Nos Jogos Olímpicos, os ciclistas ziguezagueavam por ruelas em descida, enquanto agora vamos passar por artérias muito mais largas. A subida da rue Lepic é estreita, claro. Mas os setores de pavé da Paris-Roubaix não são mais largos".

Matteo Jorgenson, lugartenente de Vingegaard, também lamenta que os ciclistas, exaustos na sua maioria, não possam desfrutar de uma última etapa tranquila e celebrar a chegada a Paris.

A partida neutralizada será em Mantes-la-Ville às 15:10 de Lisboa (a real, 15 minutos depois), e a chegada nos Campos Elísios está prevista para as 18:35 (horário calculado a uma média de 41 km/h).