Só uma tragédia impedirá o líder da UAE Emirates de igualar os quatro triunfos de Chris Froome em 27 de julho, em Paris, tal é a superioridade do campeão mundial de fundo neste Tour: nos 10,9 quilómetros entre Loudenvielle e o alto de Peyragudes, ‘Pogi’ ganhou mais 39 segundos a Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), o seu arquirrival dinamarquês que já está a 04.07 minutos na geral.
“Este contrarrelógio era uma incógnita para mim, queria que tudo fosse perfeito. Quase ‘estourei’ no final, mas vi o cronómetro no alto e deu-me motivação extra”, descreveu o ciclista da UAE Emirates, após concluir a 13.ª etapa em exatos 23 minutos.
Já vencedor da quarta, sétima e 12.ª tiradas, Pogacar está lançado para repetir a proeza do ano passado, quando ganhou seis etapas, mas, sobretudo, para assegurar o segundo êxito consecutivo na geral, que conquistou também em 2020 e 2021.
Hoje, não só ganhou tempo a todos os rivais, como assistiu a nova debacle de Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step), o campeão olímpico e mundial de contrarrelógio que até foi dobrado por Vingegaard e segurou por pouco o terceiro lugar da geral, que ocupa já a 07.24 minutos do esloveno e com apenas seis segundos de vantagem para o alemão Florian Lipowitz (Red Bull-BORA-hansgrohe).
Sabia-se que seriam os últimos homens a sair para a estrada a discutir entre si a vitória, por isso até os primeiros da geral iniciarem o seu crono os motivos de interesse da 13.ª etapa foram poucos (ou nenhuns), com a curiosidade sobre se os favoritos iam usar bicicleta de contrarrelógio ou de estrada ou o aumento para 40% do limite para o fecho do controlo a serem os mais destacados.
Num dia negro na história do Tour – assinalavam-se três décadas desde a morte do italiano Fabio Casartelli, então com apenas 24 anos, na sequência de uma queda -, os 10,9 quilómetros entre Loudenvielle e Peyragudes, onde a meta coincidia com uma contagem de montanha de primeira categoria, voltaram a demonstrar que Luke Plapp (Jayco AlUla) é sempre uma aposta segura em contrarrelógios.
Vencedor de uma etapa no último Giro, o atual bicampeão australiano de ‘crono’ deteve durante horas o tempo de referência, no caso 24.58 minutos, apenas sucessivamente batido pelos primeiros da geral, quer nos pontos intermédios, quer na meta, com Primoz Roglic a ser o primeiro a destroná-lo – o ‘vice’ do Tour2020 foi terceiro na etapa, a 01.20 minutos.
Os homens da Red Bull-BORA-hansgrohe tiveram um dia em cheio, já que também Florian Lipowitz fez melhor do que Plapp, acabando na quarta posição, a 01.56.
A grande deceção da jornada foi mesmo Evenepoel, que chegou a ter o melhor tempo no primeiro ponto intermédio, mas teve novamente uma quebra inacreditável, sendo mesmo ultrapassado por Vingegaard, que tinha partido dois minutos depois.
O bicampeão mundial em título da especialidade foi apenas 12.º, a 02.39 minutos de Pogacar, ficando atrás inclusive de Kévin Vauquelin (Arkéa-B&B Hotels), que desceu à sexta posição da geral, por troca com o sensacional Oscar Onley (Picnic PostNL), hoje sétimo.
Plapp acabaria na quinta posição, sendo cinco segundos melhor do que Matteo Jorgenson (Visma-Lease a Bike), que deu uma resposta positiva após a má jornada da véspera.
Especialista na luta contra o cronómetro (em estradas planas), o português Nelson Oliveira (Movistar) foi 73.º e continua a fechar o top 60, a 01:25.46 horas de Pogacar, tendo à sua frente o britânico Geraint Thomas (INEOS), o outro antigo vencedor do Tour presente na 112.ª edição além do esloveno da UAE Emirates e de Vingegaard.
No sábado, a 14.ª etapa encerra o tríptico nos Pirenéus, com uma ligação de 182,6 quilómetros entre Pau e a contagem de categoria especial de Luchon Superbagnères, que culmina uma jornada com subidas aos emblemáticos Tourmalet, Aspin e Peyresourde.