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Tour: Vingegaard admite que Visma-Lease a Bike tinha um plano para provocar cortes

Vingegaard em ação
Vingegaard em açãoMarco BERTORELLO / AFP
O plano da Visma-Lease a Bike para a primeira etapa do Tour era provocar cortes no pelotão nos derradeiros 20 quilómetros, assumiu Jonas Vingegaard, com o ciclista dinamarquês a mostrar-se satisfeito com “um dia muito bom”.

“Foi um dia stressante”, brincou Jonas Vingegaard após completar os 184,9 quilómetros da primeira etapa com o mesmo tempo do vencedor, o belga Jasper Philipsen (Alpecin-Deceuninck).

O campeão de 2022 e 2023 tinha acabado de ser o mentor de uma armadilha da sua Visma-Lease a Bike: com o vento a soprar forte à entrada para os derradeiros 20 quilómetros, a equipa neerlandesa provocou um corte no pelotão.

Entre os candidatos, apenas o campeão em título Tadej Pogacar (UAE Emirates), o espanhol Enric Mas (Movistar) e o australiano Ben O’Connor (Jayco AlUla) conseguiram acompanhar o dinamarquês.

“Foi um dia bom para nós, ficámos no primeiro grupo. Esse era o nosso plano, aproveitar o vento nos últimos 20 quilómetros. A equipa esteve super bem, deixou-me a salvo todo o dia e, depois, fizeram o corte”, elogiou.

O português João Almeida (UAE Emirates), o belga Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) ou o esloveno Primoz Roglic (Red Bull-BORA-hansgrohe) estão entre os principais prejudicados, perdendo 39 segundos para Vingegaard e Pogacar na meta.

“Se não tivéssemos sido nós a ter a iniciativa, teria sido outra equipa qualquer. Naquele momento, sabíamos que o vento seria lateral e que era suficientemente forte (para cortar o pelotão)”, notou o dinamarquês, que ainda assim lamentou que o seu colega Simon Yates, campeão do Giro-2025, tenha sido uma vítima colateral da estratégia da equipa.

Satisfeito porque “o primeiro dia chegou ao fim” estava Pogacar, com o três vezes campeão da Grande Boucle (2020, 2021 e 2024) a falar de um dia “caótico”.

“Houve cortes no final e eu e o Tim (Wellens) estávamos na frente. Foi um bom trabalho de toda a equipa. Desde o quilómetro zero estivemos na frente, e o esforço foi recompensado”, avaliou o esloveno.

Ainda assim, naquele que descreveu como “o início de uma semana longa”, Pogi viu o português João Almeida, o seu principal escudeiro e o homem que poderia ser o plano B da UAE Emirates, ficar distante na geral.

O quarto classificado da passada edição do Tour cedeu terreno para os dois grandes favoritos, mas ainda assim continua ‘empatado’ em tempo com Roglic e um irritado Evenepoel.

“São segundos ridículos que perdi, mas no ano passado já estava a 40 segundos de Pogacar depois da quarta etapa. Este ano, é logo na primeira. Tenho de viver com isso e pensar em amanhã (domingo)”, disse o duplo campeão olímpico.

O terceiro classificado do Tour2024 explicou que, quando a Visma-Lease a Bike acelerou, os favoritos estavam “mais ou menos agrupados”.

“Não tinha a sensação de irmos muito rápido, mas depois a corrida partiu-se. Estivemos numa boa posição durante toda a jornada, mas deixámo-nos levar pela calma do pelotão. Foi um erro que cometemos, de forma coletiva”, declarou na sua habitual pressa por encontrar culpados.

Campeão olímpico de fundo e contrarrelógio, o bicampeão mundial da especialidade espera recuperar o tempo perdido na quinta etapa, no exercício individual contra o cronómetro de 33 quilómetros em Caen.

“Claro que preferia começar uma Volta a França sem perder tempo, mas estas coisas acontecem”, concluiu o belga.