Para a história. João Almeida conquistou, este domingo, a Volta à Suíça. Na oitava etapa, um contrarrelógio de 10 quilómetros entre Beckenried e Stockhütte, foi o mais rápido com 27:33 minutos e conseguiu assim ultrapassar Kévin Vauquelin.
O francês da Arkéa passou a meta a 1.40 minutos do português e assim foi ultrapassado na classificação geral. Contas feitas, João Almeida ficou com uma vantagem de 1:07 minutos sobre o segundo classificado, com o britânico Oscar Onley a fechar o pódio.
É um resultado histórico, já que João Almeida torna-se apenas no terceiro ciclista vencer três voltas de uma semana na mesma época (Romândia, País Baixo e Suíça). Iguala Sean Kelly e Bradley Wiggins, sendo que é o mais novo a conseguir o feito.
Dez quilómetros de contrarrelógio em subida e uma margem de 33 segundos para vencer a Volta à Suíça: era esta a equação que Kevin Vauquelin tinha de resolver quando partiu em último lugar neste temível contrarrelógio entre Beckenried e Stockhütte.
O ciclista da Arkea-B&B Hôtels não tinha vindo para disputar a liderança da geral, ao contrário de João Almeida, que já tinha ganho duas etapas esta semana. No intervalo de 4,5 quilómetros, o português fez o melhor tempo, enquanto o francês já tinha perdido 21 segundos.
Estratégia para terminar forte? É possível, mas Almeida, sentado no selim, passou Julian Alaphilippe a 3 quilómetros do fim, apesar de Loulou ter partido dois minutos antes. Harry Sweeney esteve na liderança durante muito tempo, mas foi desalojado por Felix Gall, que tinha marcado o ponto para esta última etapa. Não foi suficiente para terminar no pódio, porque Oscar Onley perdeu apenas 47 segundos, o suficiente para passar à frente de Alaphilippe.
Na etapa intermédia, Almeida tinha uma vantagem de apenas um segundo sobre Gall; no cume, eram 24.
O resultado era claro quando Vauquelin enfrentou os últimos 500 metros da subida final. O francês, quarto na etapa, cruzou a meta a 1,40 minutos do ciclista da UAE-XRG, que tinha sido impressionante durante toda a corrida.
Vencedor do Dauphiné em 2007, Christophe Moreau terá ainda de esperar pelo seu sucessor francês numa etapa do World Tour, tal como Christophe Agnolutto, vencedor da prova em 1997.
Nunca desistir
“Estou superfeliz. Retiro desta prova uma lição. Nunca desistir (mesmo perdendo três minutos na primeira etapa). Lutei por recuperar e consegui. Às vezes as coisas não correm tão bem, mas nunca baixar os braços”, disse João Almeida ao canal Eurosport.
O ciclista português, que foi o penúltimo a sair para a estrada, à frente do então líder, Kévin Vauquelin, acrescentou que teve “boas sensações” ao longo dos 10 quilómetros, durante os quais foi ganhando tempo ao francês e aos candidatos mais diretos.
“Entrei muito forte na primeira parte, talvez não fosse necessário, e cheguei a temer que me faltasse o gás no último quilómetro”, referiu João Almeida, de 26 anos, que conquistou no alto de Stockhütte a sua terceira etapa na prova.
Com 33 segundos, à partida, para anular e chegar à amarela, João Almeida na passagem intermédia do percurso tinha já conquistado 22 segundos em relação a Kévin Vauquelin, vantagem que foi aumentando e na linha da meta chegou a 1.40 minutos.
“Agora, vou desfrutar desta vitória e depois encarar o Tour de França”, acrescentou Almeida, declinando a ideia de que terá mais responsabilidades na prova, pois o seu papel será o de “trabalhar para a equipa e para o esloveno Tadej Pogacar”.