Mais

Volta a Portugal: A festa do bicampeão Nych foi tão morna como a 86.ª edição

Artem Nych erguido aos céus após vencer a Volta a Portugal
Artem Nych erguido aos céus após vencer a Volta a PortugalVolta a Portugal

O vencedor do contrarrelógio Rafael Reis reservou este domingo um lugar na tímida festa de encerramento da 86.ª Volta a Portugal em bicicleta, que consagrou Artem Nych e a dominadora Anicolor-Tien21 como bicampeões e promoveu Byron Munton ao pódio.

Foi um fim de Volta estranho: quando cortou a meta, o russo de 30 anos nem festejou, talvez aliviado por finalmente consumar a sua anunciada e incontestável vitória após ter envergado a amarela logo à quarta etapa e colocar um ponto final nas pesadas obrigações inerentes a esse símbolo, que lhe roubaram o sorriso nos últimos dias.

Ao contrário da euforia desmedida do ano passado, hoje a celebração da Anicolor-Tien21 foi discreta, mesmo tendo a equipa de Águeda fechado esta edição com nova vitória de Rafael Reis, que já tinha ganhado o prólogo e bisou hoje ao cumprir o crono de 16,7 quilómetros em Lisboa em impressionantes 18.55 minutos.

Primeiro camisola amarela da Volta2025, o corredor de Palmela voou a uma média de 52,969 km/h, ultrapassou três ciclistas que tinham partido antes dele e somou a 11.ª vitória na prova rainha do ciclismo português, aquela em que mais costuma brilhar.

É muito bom para mim”, resumiu o vice-campeão nacional de contrarrelógio, que deixou o camisola amarela a 16 segundos, com o norte-americano Tyler Stites (Caja Rural) a ser terceiro, a 28.

A 10.ª etapa foi ingrata para Jesús Peña (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense), que prometia ser o maior adversário de Nych e nem no pódio ficou: o colombiano perdeu 34 segundos para Byron Munton (Feirense-Beeceler), de quem estava separado por apenas um segundo, e caiu para o quarto lugar da geral, a 02.24 minutos.

Em estreia na Volta, o sul-africano, que venceu na Senhora da Graça, foi terceiro, a 1.51 minutos, atrás do francês Alexis Guérin (Anicolor-Tien21), que manteve o seu segundo lugar, a 1.15 do seu colega.

A vitória do russo estava tão anunciada que a sua festa de consagração até começou horas antes com uma ação promocional da prova, onde distribuiu autógrafos e tirou fotografias, abdicando de um merecido descanso.

Estou muito contente por ganhar a segunda vez. (...) Esta vitória é muito diferente da do ano passado. Se calhar, foi uma vitória com mais confiança”, descreveu.

Marcada pelo domínio absoluto da Anicolor-Tien21, campeã também por equipas, e pela timidez dos ataques dos adversários na luta pela geral, a morna 86.ª edição teve ainda como vencedora a Israel Premier Tech Academy, que ganhou quatro etapas, o dobro das conquistadas por Reis e Nicolás Tivani.

O argentino da Aviludo-Louletano-Loulé viu o sonho da geral desvanecer-se à segunda tirada, mas sai desta Volta com dois triunfos e segunda vitória consecutiva na classificação por pontos, um ‘bis’ alcançado também por Hugo Nunes (Credibom-LA Alumínios-MarcosCar), novamente rei da montanha, como em 2020.

Pela primeira vez em seis anos, um português ganhou a classificação da juventude, com Lucas Lopes (Rádio Popular-Paredes-Boavista) a aguentar a aproximação de Zac Marriage (Israel Premier Tech Academy) para suceder a Emanuel Duarte, o portador da camisola branca na edição de 2019.