Mais

Volta: Gi Group-Simoldes-UDO quer ganhar etapa para reverter má época

Adrián Bustamante vai estar na Volta
Adrián Bustamante vai estar na VoltaGi Group-Simoldes-UDO
Manuel Correia tem a esperança que a Gi Group-Simoldes-UDO possa fazer uma 86.ª Volta a Portugal “engraçada”, após ter vivido uma das suas piores épocas, apostando no ciclista colombiano Adrián Bustamante para dar uma vitória à equipa.

“Muito parcos”, foram as palavras com que o diretor desportivo definiu à agência Lusa os objetivos dos seus pupilos para esta edição da prova rainha do ciclismo português, na sequência de uma temporada que, “se calhar, foi até hoje das piores, senão a pior” da formação de Oliveira de Azeméis.

A época não correu como Manuel Correia desejava, com o diretor desportivo a reconhecer que construiu a equipa dentro de certas limitações.

“Está muito complicado arranjar ciclistas portugueses, então jovens… Eles agora, em cadetes ou juniores, quando têm alguma qualidade, já são acolhidos lá fora. Tornou-se uma moda (...) e começa a ser difícil recrutar ciclistas jovens e não jovens em Portugal. O ciclismo português atravessa uma crise muito grande”, alertou aquele que é um dos grandes formadores de talentos nacionais.

A Gi Group-Simoldes-UDO aspira, assim, a “lutar por uma classificação secundária e ganhar uma etapa” na edição que arranca na quarta-feira, na Maia, e termina em 17 de agosto, em Lisboa.

“Temos uma série de corredores jovens e, depois, temos ali o Rui (Carvalho), o Gaspar (Gonçalves) e o Adrián (Bustamante) que dão aqui algum equilíbrio. O Adrián a qualquer momento pode estar na discussão de uma etapa, está a atravessar um bom momento, e depositamos grandes esperanças nesse ciclista”, afirmou.

Embora não esteja “muito preocupado com a geral”, Correia estima que Rui Carvalho, que enfrentou uma virose a poucos dias do início da Volta, será, se tudo correr bem, um ciclista para os 15 primeiros da geral: “Seria para os 10, a correr muito bem. Se acontecer, tanto melhor, mas não será esse um objetivo”.

“Não podemos ambicionar a muito mais por aquilo que tenho visto. E também fomos tendo alguns imponderáveis durante a época. O Adrián partiu um pé logo no mês de dezembro, o que impediu que ele tivesse um início de época bom”, recordou, referindo-se ao colombiano de 27 anos, que venceu uma etapa na Volta 2023.

Ainda assim, o diretor desportivo acredita que a Gi Group-Simoldes-UDO “vale muito mais” do que fez até aqui.

“Às vezes, há males que vêm por bem e pode ser que façamos uma Volta engraçada”, completou.

A missão da equipa oliveirense será, contudo, dificultada por um percurso que Correia descreve como “um exagero” – são cinco chegadas em alto, num total de seis etapas de alta/média montanha.

“Certamente, os trepadores e as equipas mais fortes preferem, mas todos precisam de comer, como se diz na gíria do ciclismo. (...) Esta Volta, se calhar, vai recair sobre a meia dúzia de corredores que são os mais fortes. Espero bem que não, mas provavelmente vai haver um domínio muito grande de uma ou outra equipa”, antecipou.

Inevitavelmente, a Anicolor-Tien21 será a grande favorita, “a menos que se jogue alguma surpresa”.

“Durante toda a época, sempre que chegou à hora da verdade, eles foram a equipa mais forte e, muitas das vezes, nos cinco primeiros, tinham dois ou três corredores. Olhando para o traçado da Volta a Portugal, se eles se apresentarem nas mesmas condições, acho que não são os favoritos, são os superfavoritos”, salientou.

Para Correia, apenas o AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense, que tem uma “belíssima equipa”, poderá beliscar o domínio da Anicolor-Tien21, nomeadamente com o colombiano Jesús Peña, o único corredor que, “em termos individuais, se poderá intrometer ali na discussão”.

Perante um pelotão com apenas uma ProTeam (segundo escalão), o diretor da Gi Group-Simoldes-UDO encara como “uma constatação” a perda de interesse das equipas estrangeiras na prova, não conseguindo apontar um porquê.

“Acho que se deve tudo ao contexto atual que nós vivemos no nosso ciclismo. Quando não há dinheiro, provavelmente, não sei se há incapacidade do organizador – também pode ser por aí – de convidar equipas. Neste momento, a Volta a Portugal deixou de ser aliciante”, assumiu.

 

Gi Group-Simoldes-UDO: Adrián Bustamante (Col), André Ribeiro (Por), Andrey André (Bra), Cesar Guavita (Col), Gaspar Gonçalves (Por), Miquel Valls (Esp) e Rui Carvalho (Por).

Diretor desportivo: Manuel Correia.