Não se pode dizer que a UAE Emirates não tenha tentado, ao endurecer o ritmo em grande parte da subida de categoria especial, mas o calculista dinamarquês da Visma-Lease a Bike, que pareceu em gestão de esforços durante esta Vuelta, sobretudo na última semana, ainda encontrou forças para atacar a pouco mais de um quilómetro do alto e cortar a meta isolado no final dos 165,6 quilómetros desde Robledo de Chavela, com o tempo de 3:56.23 horas.
Na 20.ª e penúltima etapa, João Almeida (UAE Emirates) foi apenas quinto, a 22 segundos de Vingegaard, que foi 11 segundos mais rápido do que o seu colega norte-americano Sepp Kuss e 13 do que o australiano Jai Hindley (Red Bull-BORA-hansgrohe).
Cumprida a última tirada a ‘contar’, o corredor de A-dos-Francos garantiu virtualmente o segundo lugar final, a 1.16 minutos do bicampeão do Tour (2022 e 2023), com Thomas Pidcock (Q36.5) a fechar o pódio da geral, a 3.11.
Aos 27 anos, Almeida igualará, no domingo, no final dos 111,6 quilómetros entre Alalpardo e Madrid, o melhor resultado de sempre de um português na Vuelta, replicando a segunda posição alcançada por Joaquim Agostinho na edição de 1974.
Assim que a partida real para os 165,6 quilómetros desde Robledo de Chavela foi dada, a INEOS começou ao ataque, com um numeroso grupo de mais de três dezenas de corredores a destacar-se rumo ao Alto de la Escondida, a primeira contagem de montanha da jornada.
Entre os fugitivos estavam nomes de peso como o virtual vencedor da classificação por pontos, Mads Pedersen, e o seu colega Giulio Ciccone (Lidl-Trek), Egan Bernal (INEOS), Mikel Landa (Soudal Quick-Step), Santiago Buitrago (Bahrain Victorious), Stefan Küng (Groupama-FDJ) ou Bruno Armirail (Decathlon AG2R La Mondiale).
Com o pódio da 80.ª edição da prova espanhola por decidir, a UAE Emirates e a Red Bull-BORA-hansgrohe assumiram a perseguição aos fugitivos, não permitindo que ganhassem mais de dois minutos de vantagem.
Na aproximação à Bola del Mundo, era Landa que seguia isolado, mas o espanhol receberia a companhia de Ciccone, com os dois a terem menos de um minuto de vantagem para o grupo do camisola vermelha a nove quilómetros do alto.
Almeida precisava de um ‘milagre’ para destronar Vingegaard e a sua UAE Emirates endureceu e muito o ritmo na subida de categoria especial, nomeadamente através de Jay Vine, o já virtual vencedor pelo segundo ano consecutivo da classificação da montanha.
O segundo melhor voltista português de sempre assumiu a corrida a três quilómetros do alto, quando o duo da frente já tinha sido alcançado, mas o líder da Visma-Lease a Bike manteve-se na sua roda, ao contrário de Thomas Pidcock (Q36.5), o primeiro candidato ao pódio a ceder.
Com o terceiro lugar à vista, Hindley acelerou no grupo de favoritos, para pronta resposta dos dois primeiros – apesar do seu esforço, o vencedor do Giro2022 não conseguiu destronar o britânico e vai terminar na quarta posição, a 3.41 do camisola vermelha.
Mas Vingegaard, menos espetacular do que é costume nesta Vuelta, ainda tinha uma última ‘cartada’ para jogar: a pouco mais de um quilómetro do alto atacou, sem que ninguém conseguisse responder, coroando isolado a Bola del Mundo.
Após um grande trabalho – e uma grande Vuelta -, Almeida ‘quebrou’ e, no final, reconheceu que foi derrotado pelo melhor.
A penúltima etapa serviu apenas para acertar as contas da classificação da juventude, com o italiano Giulio Pellizzari (Red Bull-BORA-hansgrohe) a perder a camisola branca no último ‘teste’ desta edição da prova espanhola para o norte-americano Matthew Riccitello (Israel-Premier Tech), que acabou no quinto posto da geral.
Ivo Oliveira (UAE Emirates) foi 119.º na 20.ª tirada, a mais de 30 minutos do vencedor, e vai partir para a derradeira jornada na 109.ª posição da geral, a 03:31.41 horas de Vingegaard.