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Vuelta: João Almeida sabe que só pode ganhar com uma UAE Emirates unida

João Almeida, ciclista da UAE Emirates
João Almeida, ciclista da UAE EmiratesMARCO BERTORELLO / AFP
João Almeida reconhece que só com uma UAE Emirates unida pode ganhar a Vuelta, que tem sido “excelente” para o ciclista português, ciente de que precisa de ser o mais forte para anular a diferença para Jonas Vingegaard.

“Acho que tem sido bastante bom, tenho estado bem em todas as etapas – chegadas em alto, contrarrelógio por equipas. Tem sido bastante positivo e falta muita Vuelta, o mais duro ainda está para vir. Tem tudo para correr bem”, resumiu o terceiro classificado da 80.ª Volta a Espanha.

No primeiro dia de descanso desta edição da prova espanhola, o melhor voltista nacional da atualidade conversou com jornalistas portugueses e definiu como “excelente” a sua prestação até ao momento, sobretudo atendendo ao facto de ter iniciado a Vuelta sem dias de competição após ter fraturado uma costela no Tour e de ter chegado com dúvidas quanto à forma em que estava.

A videoconferência do corredor da UAE Emirates incidiu maioritariamente sobre as táticas (dúbias) da sua equipa, nomeadamente na nona etapa, quando estava sozinho no momento em que Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike) atacou.

“De facto, foi um ataque surpresa bastante inesperado e agora, depois de tudo, seria fácil tomar decisões diferentes naquela altura, mas faz parte. Demos o nosso melhor e acho que salvámos o dia, estamos satisfeitos”, resumiu.

Terceiro na geral, a 01.15 minutos do norueguês Torstein Traeen (Bahrain Victorius) e a 38 segundos do dinamarquês, que é segundo, Almeida lamentou no domingo não ter tido ajuda nos quilómetros finais da nona etapa, mas corrigiu essas afirmações esta segunda-feira.

“Na altura, as coisas saem assim mais de cabeça quente. Acho que a minha equipa esteve muito bem, protegeu-me o dia todo, mesmo na altura que a fuga se formou. Se calhar, na altura do ataque (de Vingegaard) não estivemos no nosso melhor, mas tive um Jay Vine incrível. Mesmo depois de ter estado o dia todo a trabalhar e de ter tentado ir para a fuga, deu-me ali uma bela ajuda e fez a diferença”, destacou.

O líder da UAE Emirates ressalva, contudo, que poderia ter tido mais apoio “quando a Visma atacou em grupo” na subida à Estação de Esqui de Valdezcaray.

“Aí sim, podia ter alguém que me pudesse ajudar. Se calhar, um (Juan) Ayuso se estivesse ali, podia ser dos poucos corredores que poderia fazer o trabalho de fechar aqueles espaços. Mas para isso é preciso ser forte e, para se ser forte, tem de se ser mais forte do que quem está na frente. E quem está na frente é alguém que já ganhou a Volta a França duas vezes”, notou.

Sem nunca mencionar diretamente aquele que partiu como seu colíder e que pouco ou nada tem ajudado às suas pretensões na geral, Almeida garantiu que “se tivesse capacidade” faria o trabalho que o espanhol não tem feito.

“Não é fácil. Nos últimos sete quilómetros, já íamos muito poucos. E quem conseguisse fazer isso, era porque seria tão forte como eu ou mais forte e seria ele o líder, não seria eu”, completou, insistindo na ideia de que agora é ele o único chefe de fila da UAE Emirates.

Consciente de que “claramente” sem equipa em seu redor não poderá ganhar a Vuelta, Almeida revelou que faz questão de dizer obrigada aos colegas que fizeram um bom trabalho, mas não evitou deixar um reparo: “Não posso falar de todos, mas no geral a equipa tem estado bastante bem e o objetivo (da geral) é claro”.

O terceiro classificado do Giro 2023 e quarto do Tour 2025, da Vuelta 2022 e do Giro 2020 defendeu que não pode exigir ter uma liderança solitária como acontece com Tadej Pogacar, lembrando que o extraterrestre esloveno “dá mais garantias e tem uma capacidade superior” à sua.

“Estamos aqui na Vuelta e claramente sabemos que o Vingegaard é um corredor superior e dá mais garantias de ganhar a Volta a Espanha do que eu, embora saiba que estou na luta e sei do meu valor. É um bocadinho diferente e a equipa não pode fazer exatamente o mesmo que faz com o Tadej”, pontuou.

Ainda assim, e embora reconheça a superioridade do ciclista da Visma-Lease a Bike, o português acredita que ainda há muito terreno para anular a desvantagem para o dinamarquês, que venceu a Volta a França em 2022 e 2023 e foi segundo classificado nesta edição, assim como em 2021 e 2024.

“Amanhã (terça-feira) já temos etapa de chegada em alto, que também é dura. No dia seguinte, temos a etapa de Bilbau, que também é muito traiçoeira. (…) Depois temos o Angliru, o dia a seguir também é bastante duro. Aqui não há grande segredo, é só ter pernas e força para ganhar tempo na estrada. É uma Vuelta muito dura, com muitas chegadas em alto. A única forma de ganhar tempo é realmente ser mais forte”, concluiu.

A 80.ª Volta a Espanha, que arrancou em 23 de agosto em Turim (Itália) e termina em 14 de setembro, em Madrid, cumpre esta segunda-feira o primeiro dia de descanso, regressando à estrada na terça-feira numa 10.ª etapa que vai ligar Sendaviva a El Ferial, no total de 175,3 quilómetros.