Numa carta dirigida a Javier Guillen, Sira Rego declarou ser "absolutamente inaceitável" qualificar de "violento" um "protesto pacífico" contra uma equipa apoiada por um Estado acusado de "violência sistemática" na Faixa de Gaza.
Referindo-se aos alertas internacionais de fome e ao impacto humanitário do conflito nas crianças, a ministra, que pertence à coligação da esquerda Sumar, descreveu-o como "o mais cruel e aterrador ato de violência, com consequências irreversíveis para toda uma sociedade. Em suma, um genocídio".
Na quarta-feira, várias pessoas com bandeiras e cartazes palestinianos irromperam em Figueras (nordeste de Espanha), no início do contrarrelógio por equipas, para bloquear o caminho dos ciclistas da equipa israelita, fundada pelo bilionário israelo-canadiano Sylvan Adams.
Num vídeo que circula nas redes sociais, vêem-se três pessoas a segurar uma faixa onde se lê "Neutralidade é cumplicidade, boicote a Israel" em catalão, antes de serem empurradas para fora da estrada por membros da organização em motas. Alguns motociclistas foram obrigados a abrandar para evitar um acidente, mas não se registaram colisões.
Outros incidentes semelhantes contra esta equipa tiveram lugar em julho passado, durante a Volta a França, quando um ativista pró-palestiniano perturbou o final da etapa em Toulouse. Javier Guillen indicou que a organização da Vuelta iria apresentar uma queixa à polícia, descrevendo a manifestação como um"ato de violência".
Na sua carta, que também foi publicada nas redes sociais, Sira Rego, cujo pai é palestiniano e que passou parte da sua infância na Cisjordânia, sugeriu a Javier Guillen que reflectisse sobre a participação da equipa na Vuelta.
"Termino esta carta pedindo-lhe que pondere se os valores da Volta a Espanha são compatíveis com a participação de uma equipa ligada a um Estado que viola o direito internacional, comete genocídio e massacra uma população indefesa", conclui.
A Volta a Espanha é uma das três maiores provas por etapas do ciclismo, juntamente com a Volta a França e o Giro de Itália. A equipa Israel-Premier Tech tem um convite obrigatório para as três corridas, com base na sua classificação.
O sangrento ataque do Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, causou a morte de 1 219 pessoas, na sua maioria civis, segundo um balanço baseado em números oficiais. A ofensiva de retaliação de Israel matou pelo menos 62 895 palestinianos, a maioria dos quais civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. O ministério, cujos números são considerados fiáveis pela ONU, não especificou o número de combatentes mortos.