Vingegaard, duas vezes campeão da Volta a França e vice nos últimos dois anos, é o grande nome à partida em Turim, cidade italiana que recebe as primeiras três etapas da 80.ª edição, tendo como grandes rivais dois homens da UAE Emirates, na ausência de Rogla, que se tem tornado ídolo na Vuelta e desta feita decidiu ficar de fora.
No papel, João Almeida é o outro candidato forte à vitória final, mas a concorrência interna do espanhol Juan Ayuso determinará uma primeira batalha antes de qualquer disputa com o resto do pelotão.
Sem outro esloveno, a grande estrela do ciclismo mundial Tadej Pogacar, a descansar após vencer a Volta a França, a corrida torna-se mais aberta a candidatos, ainda que o mais provável seja um duelo entre a Visma-Lease a Bike, que venceu a Volta a Itália com o britânico Simon Yates, e a UAE Emirates, dominadora do Tour.
Vingegaard tem as vitórias na Grande Boucle de 2022 e 2023 como maiores cartões de visita e será difícil fugir ao seu arco de redençã, à procura de vencer outra grande Volta após novo segundo lugar atrás de Pogacar.
O dinamarquês precisa da vitória para voltar a mostrar que - ainda - é a mais forte alternativa a Pogi, num regresso a Espanha após uma edição de 2023 em que acabou em segundo, atrás do companheiro de equipa Sepp Kuss, um ‘supergregário’ que conquistou o direito de vencer nesse ano.
Kuss regressa, para apoiar o dinamarquês e servir de plano B para a equipa, e Matteo Jorgenson é outra peça fundamental na equipa, também ela favorita ao contrarrelógio por equipas da quinta etapa.
A formação que promete mais luta é a UAE Emirates, que apresenta dois trunfos à procura de redenção – e de mostrarem que são mais fortes que o outro.
Almeida teve de abandonar o Tour devido a problemas físicos, procurando o pódio nesta edição para demonstrar que está no mesmo patamar dos rivais, e Ayuso também deixou o Giro por acabar, o que gerou críticas de muitos lados, incluindo da lenda belga Eddy Merckx, que considerou que este “não tem a força necessária” para um dia rivalizar com Pogacar.
Os dois têm história, uma vez que Almeida criticou o companheiro de equipa durante a Volta a França de 2024 por não trabalhar o suficiente em prol do líder, ainda que, aqui, o espanhol corra em casa, além de ter sido o mais jovem de sempre a acabar no pódio uma Vuelta, em 2022, quando foi terceiro.
O português foi quarto na Volta a França de 2024 e, na última Volta a Espanha, a covid-19 obrigou-o a desistir, mas este ano, com cara mais ofensiva, tem demonstrado outras credenciais – venceu a Volta à Suíça, com três etapas no bolso, a Volta à Romandia e a Volta ao País Basco (mais duas tiradas), três corridas de nomeada do escalão WorldTour.
Na lista de outros candidatos, nota para o colombiano Egan Bernal (INEOS), antigo campeão do Tour e do Giro em crescendo após uma lesão grave, e o australiano Jai Hindley (RedBull-BORA-hansgrohe), parte de um duo da equipa com a ‘estrela’ em ascensão de Itália, Giulio Pellizzari.
Ben O’Connor (Jayco AlUla), segundo em 2024, está de regresso, enquanto Antonio Tiberi (Bahrain-Victorious), Giulio Ciccone (Lidl-Trek) e o ‘mito’ da casa, Mikel Landa (Soudal-QuickStep), são outros nomes a ter em conta.
Numa corrida de tal forma assente nas proezas de trepadores, a classificação dos pontos pode recair sobre um homem da geral ou um sprinter, ainda que, neste campo, os nomes sejam menos reconhecíveis.
Ainda assim, o dinamarquês Mads Pedersen (Lidl-Trek) surge como principal favorito, assim como outros nomes como o venezuelano Orluis Aular (Movistar) ou o neerlandês Casper van Uden (Picnic-PostNL), velocistas mais tradicionais, sobrando ainda a ‘incógnita’ Tom Pidcock (Q36.5).
A 80.ª Volta a Espanha, que celebra os 90 anos da corrida, decorre de sábado a 14 de setembro, ligando Turim, em Itália, a Madrid.