"Queria ganhar em Bilbau e também no Angliru, mas a Bola del Mundo também é muito especial. Para ser sincero, começo a sentir-me um pouco melhor. Hoje, senti-me melhor do que nas anteriores chegadas em alto, por isso estou contente pela forma como as coisas me saíram e como a equipa se comportou nas últimas três semanas”, declarou o virtual campeão da 80.ª Volta a Espanha.
Vencedor das edições de 2022 e 2023 do Tour, Vingegaard foi hoje o mais forte na Bola del Mundo, cortando a meta isolado no final dos 165,6 quilómetros desde Robledo de Chavela com o tempo de 3:56.23 horas, sendo 11 segundos mais rápido do que o seu colega norte-americano Sepp Kuss e 13 do que o australiano Jai Hindley (Red Bull-BORA-hansgrohe), que foi terceiro.
“Não diria que me sentia confortável no ritmo que o João (Almeida) e o Jay (Vine) impuseram, mas percebi que ainda não estava no meu limite e que tinha uma boa oportunidade de ganhar a etapa. Houve um momento em que decidi que ia tentar e imediatamente consegui uma diferença. Os últimos metros foram incrivelmente difíceis, quase colidi com as barreiras”, notou.
O líder da Visma-Lease a Bike atacou a pouco mais de um quilómetro da meta, onde estava instalada uma contagem de montanha de categoria especial, e ampliou a vantagem para o português da UAE Emirates, que vai partir para a derradeira etapa a 01.16 minutos do dinamarquês.
“Claro que ainda há a etapa de amanhã, mas habitualmente não há alterações. Esperemos que assim seja e que eu possa cruzar a linha mantendo a camisola vermelha”, disse Vingegaard, que não se esqueceu de agradecer à Visma-Lease a Bike e aos colegas sem os quais não teria conseguido conquistar a Vuelta.
No domingo, a última etapa da 80.ª edição consagrará Vingegaard como vencedor, no final dos 111,6 quilómetros entre Alalpardo e Madrid, numa jornada em que Almeida igualará o melhor resultado de sempre de um português na Vuelta, replicando o segundo lugar alcançado por Joaquim Agostinho na edição de 1974.
A completar o pódio estará Thomas Pidcock, o campeão olímpico de XCO, que viu ‘recompensada’ a ousadia de abandonar a INEOS e descer um ‘escalão’ para tentar concretizar o sonho de ser um voltista.
“Para ser honesto, não sei o que dizer. Estou muito orgulhoso de mim mesmo. Penso que é a maior performance da minha carreira. Estou exausto, não consigo encontrar palavras”, admitiu.
O britânico da Q36.5 ainda viu Hindley tentar ‘destroná-lo’, mas acabou por segurar o terceiro lugar, a 3.11 minutos de Vingegaard.
"(A etapa) foi muito difícil, com pendentes muito pronunciadas. Sabia que ainda estava no controlo (da situação), não queria atingir o meu limite. Sabia que tinha de aguentar e não ‘explodir’”, descreveu, mostrando-se satisfeito por, finalmente, poder “relaxar”.
Outro dos vencedores da jornada foi Matthew Riccitello (Israel-Premier Tech), que ‘roubou’ a camisola da juventude ao italiano Giulio Pellizzari (Red Bull-BORA-hansgrohe).
“A camisola branca era um objetivo para esta etapa. Se não tivesse conseguido, ainda teria sido uma boa Vuelta, mas encarei a etapa com a sensação de não ter nada a perder. Tudo me saiu perfeito hoje”, concedeu o norte-americano de 23 anos, que é o quinto classificado da geral.
Também Jay Vine garantiu a vitória pelo segundo ano consecutivo na classificação da montanha, mas descreveu o momento como “agridoce”, após não ter conseguido ajudar o seu colega João Almeida a ganhar a geral.
“Pessoalmente, é muito bonito, mas hoje não queria saber dos pontos: o importante era tentar vencer esta corrida. Infelizmente, não conseguimos. Além disso, toda a equipa está doente há uns 10 dias. Não pudemos demonstrar aquilo de que realmente somos capazes como penso que fizemos nos primeiros dias”, lamentou o australiano de 29 anos.