“Emocionei-me ao cortar a meta. (…) Estava a engasgar-me enquanto pedalava, foi estranho”, descreveu o veterano da INEOS, de 39 anos, após cumprir o seu último dia como ciclista profissional.
O campeão do Tour 2018 foi o grande protagonista da sexta e última tirada da Volta à Grã-Bretanha, que ligou o velódromo batizado com o seu nome, em Newport, a Cardiff, a sua cidade natal, no total de 112,2 quilómetros, e na qual se impôs Olav Kooij (Visma-Lease a Bike), com o tempo de 02:28.19 horas.
Este domingo, a vitória na etapa do jovem neerlandês, à frente dos britânicos Sam Watson (INEOS) e Fred Wright (Bahrain Victorious), respetivamente segundo e terceiro com o mesmo tempo, ou na geral do francês Romain Grégoire (Groupama-FDJ), foram secundárias, porque a notícia do dia era outra.
Lenda do pelotão, G despediu-se do ciclismo num cenário perfeito: antes da etapa, percorreu o velódromo com o seu nome na companhia do filho Macsen – mais conhecido por Macs -, teve uma guarda de honra, de bicicletas ao alto, dos seus companheiros do pelotão, eternizou o momento do adeus na companhia da família, tentou ir para a fuga e acabou aplaudido de pé pelos companheiros de profissão quando cortou a meta.
“(Quando cortei a meta) nem consegui falar. É definitivamente emocionante, superespecial. Acabar aqui é inacreditável. Os fãs, tudo… é incrível o apoio que tive ao longo dos anos. Acabar aqui é como fechar o ciclo”, resumiu.
O homem que ocupou todos os lugares do pódio na Volta a França – foi segundo em 2019 e terceiro em 2022 –, foi vice-campeão do Giro 2023 e terceiro um ano depois, e duas vezes campeão olímpico na pista destacou o apoio que recebeu na sua última corrida como profissional, nomeadamente nas duas derradeiras etapas da prova britânica, percorridas no País de Gales.
“É de loucos que as pessoas queiram tanto que me dê bem quanto eu. É uma bela maneira de acabar”, confessou visivelmente emocionado.
Embora o Tour tenha significado “tudo” na sua carreira, G despediu-se do ciclismo com outras vitórias de destaque, como o Critério do Dauphiné (2018), o Paris-Nice (2016), a Volta à Suíça (2022), a Volta à Romandia (2021) e ainda duas edições da Volta ao Algarve (2015 e 2016), além da Volta aos Alpes (2017) e a Harelbeke (2015).
Questionado sobre o seu futuro, que deverá passar por um cargo de diretor desportivo na INEOS, o único galês a vencer a Volta a França foi contido.
“Vou ao castelo (de Cardiff, onde o espera uma festa em sua honra), passar uma boa noite com os rapazes e desligar um bocado. Tenho de levar este rapaz (o filho Macs) à escola na terça-feira. É um regresso à normalidade”, enumerou, revelando que vai dar um ‘pulinho’ a Portugal nos primeiros tempos da sua reforma.