Era o favorito à partida e o dinamarquês, de 32 anos, não defraudou, superando Mesa e o italiano Giovanni Lonardi (Polti VisitMalta), que foi terceiro, no final dos 189,7 quilómetros da primeira etapa da prova galega, cumpridos pelo pelotão em 4:18.49 horas.
Primeiro camisola amarela de sempre da corrida espanhola – venceu a primeira etapa da primeira edição, em 2022 -, Cort quis hoje repetir o feito, desgastando-se tanto que vomitou um par de vezes no final da tirada.
“Penso que realmente dei tudo o que tinha e foi demasiado para o estômago depois da linha de meta”, brincou o carismático ciclista da Uno-X, que conta no currículo com duas vitórias em etapas no Tour, uma no Giro e seis na Vuelta.
Cort estragou o sonho de Santiago Mesa, que, depois de ter estado em destaque nos sprints da Volta ao Algarve, foi hoje segundo, o mesmo lugar que ocupa na geral, a quatro segundos do líder.
“Foi por pouquito. Sabíamos que era um bom dia, a equipa trabalhou bem, controlámos uma parte da etapa, porque sabíamos que tinha opções. Foi um segundo lugar muito merecido”, notou o colombiano à agência Lusa.
Vencedor da Prova de Abertura e oitavo na terceira etapa da Volta ao Algarve, atrás do estelar Wout van Aert (Visma-Lease a Bike), Mesa disse estar contente com o resultado de hoje, mas assumiu ter ambição para mais.
Para já, está atrás de Cort na geral, tendo o espanhol Ander Okamika (Burgos Burpellet BH) na terceira posição, a cinco segundos da amarela, graças às bonificações somadas durante a etapa.
O melhor português é João Matias (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua), que é 13.º na geral, a 10 segundos, após ter sido 11.º na tirada.
Ainda nem estava decorrida uma dezena dos 189,7 quilómetros do caminho português entre a Maia e Matosinhos e já seis homens estavam na frente da corrida, nomeadamente Okamika e os dois campeões da Volta a Portugal ainda no ativo, o russo Artem Nych (Anicolor-Tien21), campeão em título, e o uruguaio Mauricio Moreira (Efapel), talvez num prenúncio do duelo que animará a época velocipédica nacional.
“Foi uma casualidade. Era um dia propício às nossas características. Acho que tanto ele como eu não estamos com o objetivo da geral, por isso era o que podíamos fazer”, justificou Mauri, vencedor da Volta-2022.
Além dos dois nomes grandes do pelotão português integraram a fuga os espanhóis Victor Martínez, também da Anicolor-Tien21, e Pau Llaneras (Illes Balears Arabay) e o italiano Filippo Turconi (VF Group-Bardiani CSF-Faizanè), com os seis a conquistarem uma vantagem superior a três minutos.
Do pelotão, comandado por Uno-X e Soudal Quick-Step, saltou o português Daniel Dias (Rádio Popular-Paredes-Boavista), que andou dezenas de quilómetros em posição intermédia, sem nunca conseguir alcançar os homens da frente.
A fuga seria anulada a cerca de 40 quilómetros da meta, permitindo que outros tentassem a sua sorte, como Álvaro Sagrado (Illes Balears Arabay), que rapidamente conquistou uma margem superior a um minuto, sendo posteriormente alcançado por Martin Marcellusi (VF Group-Bardiani CSF-Faizanè).
O duo entrou nos derradeiros 20 quilómetros com um minuto de vantagem, mas apenas Marcellusi perdurou até aos 5.700 metros finais.
No entanto, Matosinhos estava reservado aos homens mais rápidos e Cort tudo fez para ser o primeiro.
“É fantástico, é perfeito. É muito especial ganhar a primeira etapa, para ganhar a amarela. É como uma dupla vitória. Hoje, a equipa trabalhou o dia todo para mim, sabia que tinha uma boa hipótese. Mas entre querer ganhar e fazê-lo vai uma longa distância. É muito bom conseguir concretizar quando a equipa trabalhou tanto”, enalteceu o dinamarquês.
O bigode mais conhecido do pelotão revelou que estudou o final da primeira etapa no Google e sabia “exatamente” o que o esperava, ao contrário daquilo que vai acontecer na quinta-feira, na ligação de 133,1 quilómetros entre Marín e A Estrada.
“Será difícil manter a camisola, mas vou tentar. Também tenho outros colegas fortes. Talvez não seja para mim, mas temos outras cartadas para jogar”, antecipou.