Alemanha-2006: O primeiro golo
Depois de se ter afirmado como titular no decorrer do Euro-2004, Cristiano Ronaldo chegou ao Mundial-2006 como um dos nomes que despertava mais curiosidade. Aos 21 anos já se ia destacando no Manchester United e era a nova coqueluche portuguesa.
Foi ao segundo jogo em Mundiais que se estreou a marcar, batendo um penálti no triunfo diante do Irão (2-0), da fase de grupos. Dos sete jogos realizados por Portugal no Mundial-2006, Ronaldo só falhou o duelo com o México (poupado por Scolari para não ver amarelo), mas sentiu pela segunda vez consecutiva o sabor da desilusão com a camisola da Seleção Nacional na derrota com França (0-1), nas meias-finais da prova, isto depois de ter visto a Grécia vencer o Europeu quatro anos antes.
Era o favorito a ser o melhor jogador jovem da competição, mas acabou por ser superado por Lukas Podolski, que arrebatou o prémio com três golos em seis jogos pela Alemanha. Enner Valencia, do Equador ficou no pódio desse galardão à frente de um tal de… Lionel Messi, da Argentina.
África do Sul-2010: “Fala com o Carlos Queiroz”
Quatro anos volvidos, Cristiano Ronaldo regressou ao Mundial já estabelecido com um dos nomes maiores da atualidade. Vencedor de uma Bola de Ouro (2008) e protagonista da transferência mais cara do mundo na altura (assinou pelo Real Madrid por 94 milhões de euros), o avançado então com 25 anos era a figura de proa de Portugal.
Depois de uma fase grupos razoável em que se destaca a goleada à Coreia do Norte (7-0), com um golo de Ronaldo, além dos nulos com Brasil e Costa do Marfim, Portugal defrontou Espanha nos oitavos de final. A caminho de se tornar campeã Mundial, La Roja venceu (1-0) uma Seleção Nacional que desiludiu pela forma demasiado defensiva (39 por cento de posse de bola e três remates à baliza) como se apresentou na Cidade do Cabo e Cristiano Ronaldo não poupou nas críticas ao selecionador.
“Explicações? Fala com o Carlos Queiroz”, desabafou enquanto passava pelos jornalistas na zona da mista. Mais tarde, o treinador também não se deixou ficar e respondeu: “Portugal precisa de Ronaldo e ele também precisa de Portugal. Mas se esta camisola pesa demasiado a alguns jogadores, então precisam de repensar se devem estar aqui”.
Brasil-2014: Do sonho ao pesadelo
Com 29 anos, Cristiano Ronaldo partiu para o terceiro Mundial da carreira talvez no melhor momento de forma. Era o atual detentor da Bola de Ouro, tinha liderado Portugal até ao Brasil com um hat-trick na segunda mão do play-off diante da Suécia e havia vencido a Liga dos Campeões ao serviço do Real Madrid.
Contudo, a condição física de Ronaldo pareceu ser um problema, com um desconforto no joelho a afetá-lo durante a competição. Fez os três jogos de Portugal no Mundial-2014, mas pela primeira vez viu a equipa ficar na fase de grupos após a derrota com Alemanha (0-4), o empate com os Estados Unidos (2-2) e vitória com o Gana (2-1). Ao apontar o golo da vitória diante dos africanos tornou-se, também, o primeiro português a marcar em três Mundiais.
Rússia-2018: Mais um recorde
Dois anos depois de ter conquistado o primeiro troféu com a Seleção Nacional (Euro-2016), Cristiano Ronaldo e Portugal viajaram para a Rússia com intenção de lavar a imagem apresentada quatro anos antes. E o jogo inaugural deixou os adeptos portugueses confiantes.
Com um hat-trick diante de Espanha (3-3), Ronaldo tornou-se no jogador mais velho a fazer três golos numa só partida de um Campeonato do Mundo. Seguiu-se o golo da vitória diante de Marrocos (1-0) que fez dele o melhor marcador europeu de seleções (85 tentos), ultrapassando Ferenc Puskás.
No entanto, o torneio voltaria a acabar em desilusão. Após o empate com o Irão (1-1), Portugal seguiu para os oitavos de final onde defrontou o Uruguai e perdeu (1-2) em Sochi, regressando a casa.
Catar-2022: Entre a polémica e as lágrimas
Aos 37 anos, Cristiano Ronaldo chegou ao quinto Mundial da carreira, um recorde que partilha com Messi, Ochoa, Guardado, Crabajal, Rafa Márquez e Lothar Mathaus. Contudo, a presença no Catar é aquela que mais deu que falar fora do campo do que dentro dele.
Dias antes de entrar em prova, o avançado concedeu uma polémica entrevista a Piers Morgan que resultou na rescisão do contrato com o Manchester United. Jogador livre, marcou diante do Gana (3-2) e igualou Eusébio como o português com mais golos em Campeonatos do Mundo. Contudo, um desabafo para o banco aquando da substituição diante da Coreia do Sul (1-2) e exibições aquém do esperado levaram-no a ficar no banco diante da Suíça (6-1) e Marrocos (1-2), algo que não acontecia numa grande prova desde 2008.
Para o final ficou a imagem de um homem sozinho a abandonar o relvado de Al Thumama enquanto os jogadores Marrocos tentavam cumprimentar aquele que é visto como um dos melhores de sempre da história do futebol. Ao chegar ao túnel de acesso aos balneários, longe do olhar das bancadas, desfez-se em lágrimas, naquela que ficará como a última imagem de Ronaldo num Campeonato do Mundo.