Mais

Coleção única leiloada em Paris inclui camisola de Pelé e raquete de Federer

Uma das camisolas de Pelé
Uma das camisolas de PeléWAGNER MEIER/Getty Images South America/Getty Images via AFP
"O meu encontro com Pelé foi excecional, ele saltou para os meus braços e abraçámo-nos". O Sr. G. recebeu do craque brasileiro uma das suas últimas camisolas do Brasil, mas vai leiloá-la este domingo em Neuilly-sur-Seine, juntamente com uma centena de outros artigos emblemáticos.

"Todas as camisolas (colecionadas) fazem parte de uma rede que criámos com um jornalista da Foot-Hebdo", disse o empresário suíço de 78 anos - que deseja manter o anonimato - numa entrevista à AFP.  "Graças a ele, pude conhecer Pelé quando ele veio a Lausanne".

A camisola 10 da seleção do Brasil está longe de ser a sua única joia. O tesouro deste adepto do desporto inclui também uma bola de basquetebol autografada pela equipa Dream Team 92, uma raquete de Roger Federer e o cinturão de pesos pesados da WBA conquistado por Evander Holyfield sobre Mike Tyson em 1996, "indiscutivelmente" a melhor peça de joalharia que alguma vez adquiriu, segundo ele.

No dia em que recebeu o cinto autografado pelo pugilista americano, o Sr. G. estava sozinho e não conseguiu conter a emoção. "Estava em casa, no meu escritório em Lausanne. Tinha lágrimas nos olhos", recorda.

Foi o treinador americano Lou Duva, que também promoveu o combate, que aceitou oferecer-lhe o cinturão do duelo que tivera a sorte de assistir em Las Vegas. A cereja no topo do bolo: foi o antigo campeão Jake La Motta - interpretado por Robert De Niro no filme "Raging Bull" - que o trouxe para a Suíça.

"Prenda de amigos queridos"

A raquete de Roger Federer, com a qual conquistou o seu terceiro título de Wimbledon em 2005, foi-lhe "oferecida por um amigo" dos suíços.

Trabalhar para um grande grupo do setor "levou-me a patrocinar muitos eventos desportivos" e a estabelecer relações privilegiadas no setor.

A sua coleção de prestígio, que conta com 162 lotes, deverá ultrapassar os 500 mil euros, segundo a Aguttes, a casa de leilões responsável pela venda, prevista para domingo em Neuilly-sur-Seine.

Entre os artigos que deverão aumentar as licitações, longe das módicas ofertas iniciais, encontra-se uma camisola de Michael Jordan usada durante a época de 1993-1994 com os Chicago Bulls, autografada pela própria estrela. Há outras de futebol (Diego Maradona, Ronaldo, Lionel Messi, Bobby Moore, Michel Platini), de ciclismo (Eddy Merckx, Bernard Hinault) ou de andebol (Jackson Richardson).

"Alguns objetos são muito preciosos para mim porque me foram oferecidos por amigos que me são queridos. Alguns desapareceram, como Erhard Loretan", o terceiro homem a ter escalado os 14 picos dos Himalaias acima dos 8000 metros, que lhe ofereceu um machado de gelo utilizado durante uma das suas subidas.

O arrependimento do capacete Senna

O Sr. G começou a sua coleção no final dos anos 90. Depois, combinou a sua paixão com ações de solidariedade.

"Realizámos uma série de exposições abertas (das peças) em grandes centros comerciais suíços, o que permitiu financiar uma fundação que ajudava crianças de famílias desfavorecidas", explica este antigo adepto de hóquei no gelo.

Sem compradores e lamentando o facto de os seus filhos "preferirem dinheiro", G., agora reformado, dissolveu em 2020 a instituição, que tinha ajudado uma centena de famílias suíças. Vender a sua coleção tornou-se então uma escolha óbvia.

Após mais de vinte anos de conquistas, lamenta por vezes não ter conseguido deitar a mão a um capacete das lendas da F1 Ayrton Senna ou Michael Schumacher. Mas não importa, "na minha idade, a única coisa que me preocupa é o futuro, não o passado", diz.

E se a nostalgia bater à porta, o Sr. G. pode sempre abrir os baús de tesouro reservados aos seus netos, nos quais colocou algumas pepitas bem conservadas, incluindo um fato de corrida usado pelo piloto francês Sébastien Loeb.