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Confederação do Desporto saúda reforço de 8,1 ME no setor mas questiona prioridades

Daniel Monteiro, Presidente da Confederação do Desporto de Portugal.
Daniel Monteiro, Presidente da Confederação do Desporto de Portugal.CD*

A Confederação do Desporto de Portugal (CDP) reconheceu hoje o esforço do Governo em reforçar o setor em 8,1 Milhões de Euros (ME), mas alerta para a necessidade de investimento nas federações, considerando que “as prioridades parecem trocadas”.

A reação surge um dia depois da ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes, ter revelado que o valor atribuído ao desporto no Orçamento do Estado para 2026 ascende a 58,7 milhões de euros (ME), o que representa um reforço de 8,1 ME.

Em comunicado, a CDP considera “fundamental que este investimento seja estratégico e que se traduza num real desenvolvimento do desporto em todas as suas vertentes”, mas questiona as prioridades.

Embora considere “positivo o reforço do financiamento ao projeto olímpico e paralímpico (em 6,9 ME)”, a CDP entende que este “foi realizado em detrimento do indispensável reforço do financiamento às federações desportivas, para desenvolvimento da sua atividade regular”.

Em causa está o investimento nos clubes, nas suas estruturas técnicas, em formas de atração e capacitação de dirigentes, árbitros e treinadores, nas participações internacionais das diferentes seleções nacionais e, consequentemente, no desenvolvimento desportivo de atletas, independentemente da faixa etária.

Com este anúncio de, apenas, mais 170 mil euros para a atividade regular de mais de 60 federações desportivas, dotadas de Utilidade Pública Desportiva, está a limitar-se a capacidade de desenvolvimento das diversas modalidades”, adianta a CDP.

O presidente da CDP, Daniel Monteiro, considera que “as prioridades parecem estar trocadas”.

Afetar recursos, praticamente em exclusivo, ao projeto olímpico e paralímpico, sem que seja acompanhado de um investimento estrutural no desenvolvimento do desporto em Portugal, para que o país tenha, no futuro, mais atletas e melhor nível competitivo, é olharmos, em exclusivo, para aqueles que hoje são os nossos melhores atletas, ignorando aqueles que um dia também ambicionam sê-lo”, explicou.

Neste sentido, a CDP reitera que o investimento no desporto deve priorizar as federações desportivas, como elemento insubstituível no processo de desenvolvimento desportivo.

Não podemos considerar que existe investimento estrutural no desporto, quando a prioridade é o projeto olímpico e paralímpico ou a promoção da atividade física, sem o necessário acompanhamento do investimento no desenvolvimento das modalidades e na atividade regular das Federações desportivas”, sublinhou.

A CDP adianta que “continuará a acompanhar de forma próxima a discussão do OE 2026, com a legítima expectativa de que este venha a acolher algumas das propostas de âmbito fiscal para o desporto, que apresentou aos grupos parlamentares ao longo das últimas semanas”.