1'31"079 no Circuito Internacional de Xangai foi o tempo perfeito (ou quase perfeito) para o homem que teve um pesadelo na volta de formação do primeiro Grande Prémio da temporada na Austrália. Isack Hadjar deslumbrou o mundo da F1 no sábado, estabelecendo o recorde absoluto no circuito de Xangai no final da Q1 (1'31"162) por... seis segundos! Tempo suficiente para Lando Norris trazer o estreante de volta à terra com o seu 1'30"983. Mas foi sobretudo o seu desempenho na Q3 que deu que falar, com o sétimo tempo a colocá-lo à frente do seu companheiro de equipa japonês, Yuki Tsunoda.
No entanto, o parisiense não viu as coisas dessa forma e não hesitou em minimizar o feito, acreditando que poderia ter feito melhor em certas áreas-
"Durante a minha volta, fiz coisas que não deveria ter feito. Podia ter feito melhor do que o sétimo lugar. É por isso que estou um pouco revoltado", admitiu o piloto da Racing Bulls ao Canal+.
Exigente consigo próprio, quando outros estreantes teriam ficado satisfeitos. Uma mensagem forte para este jovem de 20 anos, depois de ter vivido o pior na semana anterior.
Melhor que Tsunoda, a resposta perfeita a Helmut Marko
Para além de terminar à frente na Q3, foi durante as três sessões, Hadjar conseguiu bater o piloto japonês, antes de ganhar mais cinco décimos no momento certo. A precisão e a consistência do francês na manhã de sábado foram a resposta perfeita ao conselheiro da Red Bull, Helmut Marko.
Este último não poupou nas críticas numa entrevista à ORF, onde descreveu o incidente do jovem piloto como "embaraçoso", tendo feito "um espetáculo de lágrimas". Estas palavras fortes foram suavizadas este fim de semana após o bom resultado no P7: "O seu trabalho foi realmente impressionante", admitiu.
"O desempenho já estava lá (na sexta-feira, nota do editor), mas era preciso juntar tudo. E aqui, é tão complicado. É uma pista difícil e as rajadas de vento tornam as coisas imprevisíveis", acrescentou o francês após a qualificação.
Agora vem a parte mais difícil, as 56 voltas do Grande Prémio da China. Posicionado entre um Ferrari e um Mercedes no início, Hadjar mostrou o seu potencial e o seu forte carácter. Ainda é muito cedo para julgar a Racing Bulls, embora já possamos dizer que está lado a lado com a Williams e à frente da Haas, Sauber e Aston Martin. O que nos espera em Xangai? Afinal, ele terminou a Q3 a apenas meio segundo do tempo de referência, então por que não sonhar?
Também à frente dos compatriotas Esteban Ocon (11.º) e Pierre Gasly (16.º), Isack Hadjar terá uma grande carta para jogar. Terminar nos pontos seria um grande feito. Recuperar algumas posições seria um feito e tanto. E a mensagem enviada aos dirigentes na sua segunda corrida na Fórmula 1 seria poderosa... enquanto o piloto número 2 da Red Bull, Liam Lawson, mais uma vez terminou no fundo da grelha (20.º).