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Dakar-2025: Paulo Marques regressou ao rali para projeto futurista com hidrogénio

Paulo Marques no Dakar-2025
Paulo Marques no Dakar-2025DDPI / PsnewZ / Bestimage / Profimedia
Paulo Marques regressou este ano ao Rali Dakar de todo-o-terreno para ajudar a desenvolver um projeto inovador, 18 anos depois da última participação daquele que foi o primeiro português a vencer uma etapa nas motas.

“Isto é o futuro”, dizia, com convicção, o famalicense, de 62 anos, à agência Lusa, enquanto apresentava o veículo movido a hidrogénio com que participa na categoria Mission1000 nesta prova na Arábia Saudita.

Trata-se de um veículo ligeiro, um OT3, com um motor de combustão interno normal, de 180 cavalos. Só que, em vez de ser movido a gasolina ou diesel, é alimentado a hidrogénio.

“É um projeto japonês, que envolve cinco marcas, a Toyota, a Kawasaki, a Honda, a Suzuki e a Yamaha, para conseguir desenvolver um motor de combustão a hidrogénio. Este é o segundo Dakar que fazemos. No ano passado evoluímos o nível de potência do motor e a autonomia. Em modo race, temos garantidos mais ou menos 100 quilómetros”, explicava Cilo Bento, um português residente na Bélgica que é o responsável técnico do projeto Hyse.

Paulo Marques foi chamado a participar neste projeto como navegador do piloto japonês Yoshio Ikemachi, que conheceu ainda nos anos de 1990 no Dakar, quando o rali se disputava em África.

“Já o conhecia desde os Dakares dos anos 1990. Eu já o tinha convidado para fazer algumas corridas, ele convidou-me para fazer outras. Quem tem amigos não morre na cadeia”, brinca Paulo Marques.

O português participou pela última vez no Dakar em 2007, na prova que teve, então, partida de Lisboa até à capital do Senegal.

“Depois não fui à América do Sul, pela dificuldade em arranjar apoios. Entendi não insistir mais. Tinha feito 14, este é o 15.º que faço. É a cereja no topo do bolo. Embora não haja mais projetos destes, pode ser que haja mais gente a motivar-se”, frisa o antigo piloto de motas.

O objetivo desta equipa é desenvolver a mecânica do veículo, num projeto a quatro anos na categoria de energias renováveis.

As cinco equipas participantes - além da de Paulo Marques há uma espanhola com um camião também a hidrogénio e três motas elétricas - enfrentam diariamente percursos diferentes dos das categorias principais, com um mínimo de 70 quilómetros e um máximo de 110.

Estamos mesmo à pele”, brincava Cilo Bento.

O responsável técnico do projeto garante que os riscos são mínimos.

“É um carro muito seguro. As pessoas não têm noção. A pressão dos tanques é muito elevada, 700 bares, mas não explodem. Fizemos uma série de testes, incluindo com munições reais. Os tanques têm uma válvula de segurança. Incendeiam-se mas têm um escape especial para libertar todo o hidrogénio e não haver a explosão que possa causar danos no veículo”, explica.

Este é um motor a combustão, “que ainda não existe no mercado”, garante. “Estamos a desenvolver a combustão a hidrogénio, num motor normalíssimo. É um motor convencional, convertido, como antigamente se convertia de gasolina para gás. E temos zero emissões de gases. Do cano de escape sai vapor de água”, aponta.

A dupla luso-japonesa ocupa a segunda posição, com 75 pontos, a 15 da equipa do camião KH7.