Supostamente chamado a representar o regresso da Scuderia ao topo, o sete vezes campeão do mundo está prestes a completar a sua primeira época sem pódios, algo inédito na sua carreira, iniciada em 2007.
Arrepende-se de ter deixado a Mercedes, onde conquistou seis dos seus sete títulos mundiais, para se juntar à equipa mais famosa da F1?
"Não me arrependo da decisão de me juntar a esta equipa", responde. "Sei que é preciso tempo para evoluir dentro de uma nova organização, já estava à espera disso".
No entanto, há algumas semanas, Hamilton lamentou que o seu sonho em vermelho se tivesse transformado "num pesadelo", depois de abandonar o Grande Prémio do Brasil, tal como o seu colega de equipa, o monegasco Charles Leclerc.
"É um pesadelo, e já o estou a viver há algum tempo", disse "sob o efeito da frustração".
"Passar do sonho de pilotar para esta equipa fantástica ao pesadelo dos resultados é difícil", acrescentou.
O presidente da Ferrari, John Elkann, apelou aos seus pilotos para "se concentrarem na condução e falarem menos" após o fim de semana catastrófico da Scuderia no Brasil.
Sexto ou sétimo
A equipa italiana, cujo último título remonta a 2008, tem garantido o quarto lugar no campeonato de construtores no final da temporada, a sua pior classificação desde 2020.
Quanto aos seus pilotos, Charles Leclerc terminará a época na quinta posição da geral, Lewis Hamilton em sexto, ou até mesmo em sétimo, já que o italiano Andrea Kimi Antonelli (Mercedes) está apenas a dois pontos do campeão britânico antes do último GP, que se disputa este fim de semana em Abu Dabi.
Muito longe, portanto, do trio da frente composto por Lando Norris (McLaren), Max Verstappen (Red Bull) e Oscar Piastri (McLaren), que vão lutar pelo título mundial no domingo, no circuito de Yas Marina.
Fiel à Scuderia desde 2019, Leclerc não procura desculpas: "É evidente, o desempenho do carro não foi suficiente".
A McLaren, que deu um salto técnico antes do início da temporada, assim como a Red Bull e a Mercedes, mantiveram a Ferrari à distância durante todo o ano.
Ao contrário dos seus principais rivais, a equipa italiana não conseguiu qualquer vitória em corridas este ano (Hamilton apenas venceu a sprint na China, no final de março).
"Quando se pilota para uma equipa destas, só a vitória é suficiente", declarou Leclerc no início de novembro, ele que, no entanto, soma sete pódios esta temporada.
Essa frustração, o seu chefe Frédéric Vasseur diz "compreender".
Temporada sacrificada
Desde o final de abril, a Scuderia decidiu, como muitas outras equipas, sacrificar a temporada 2025 para se concentrar em 2026, ano em que entra em vigor um novo regulamento técnico que poderá alterar o equilíbrio de forças na grelha.
"Foi uma decisão difícil, sobretudo a nível psicológico", explicou Vasseur, mas necessária.
"A certa altura, olhámos para o campeonato e dissemos 'OK, será muito difícil apanhar a McLaren com a diferença de pontos em velocidade'. Por isso, decidimos concentrar os recursos que temos no túnel de vento em 2026, continuando a trazer algumas melhorias para o carro atual".
A época de 2026 poderá marcar um novo começo para Hamilton, que aos 41 anos vai tentar conquistar um oitavo título mundial, um recorde.
"Vamos ter muito trabalho pela frente durante o inverno, isso é certo", reconhece o britânico.
Fica outra incógnita, desta vez interna: conseguirá superar Leclerc no próximo ano, em igualdade de condições?
"Não estou preocupado", respondeu Lewis Hamilton. "O Charles está a fazer um excelente trabalho, está aqui desde 2019, eu ainda tenho de me adaptar".
