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Colapinto sem filtro após o Grande Prémio da Hungria: "Foi um desastre"

Colapinto representante argentino na F1
Colapinto representante argentino na F1Photo by ANTONIN VINCENT / Antonin Vincent / DPPI via AFP

O piloto argentino Franco Colapinto (22 anos) teve um domingo para esquecer no Hungaroring. Depois de terminar em 18.º lugar no Grande Prémio da Hungria, lançou uma dura autocrítica e revelou os graves problemas internos que atravessam a Alpine, a equipa mais fraca da temporada 2025.

"Foi uma corrida desastrosa", declarou o piloto de Pilar em declarações após a corrida. Apesar de ter evitado incidentes maiores em pista, o seu desempenho foi marcado por erros estratégicos, péssimas paragens nas boxes e um arranque falhado que o condicionou desde o início.

Duas paragens que arruinaram tudo

Um dos principais focos de frustração para Colapinto foram as paragens nas boxes. O argentino teve de ir às boxes duas vezes (voltas 15 e 37), e em ambas sofreu atrasos insólitos: mais de 11 segundos na primeira e mais de sete na segunda, as duas mais lentas de toda a grelha. O problema foi, novamente, na roda traseira esquerda.

"Perdi 15 ou 20 segundos só por causa dos atrasos, porque os mesmos carros passaram-me duas vezes", explicou Franco, visivelmente incomodado. "Tivemos erros em todo o lado: no arranque, nas paragens... A execução foi muito má", acrescentou.

Alpine em queda livre

A situação da equipa francesa preocupa. A Alpine não só ocupa o último lugar no Campeonato de Construtores, com apenas 20 pontos, como também arrasta uma deterioração contínua na qualidade das suas operações. Segundo as estatísticas da Pirelli e da DHL, os seus tempos nas boxes têm vindo a piorar ano após ano: foi a quinta equipa mais rápida em 2022 e 2023, mas hoje só está à frente de Aston Martin, Haas e Williams.

A constante mudança de nomes em posições-chave não ajuda. De 2022 até hoje, passaram vários chefes de equipa (Otmar Szafnauer, Bruno Famin, Oliver Oakes e, em breve, Steve Nielsen) e também houve saídas sensíveis, como a de Francis Stokes, ex-chefe de mecânicos. A sua saída foi um duro golpe e há rumores de que poderá juntar-se ao projeto da Cadillac para 2026.

Briatore sem desculpas

O próprio Flavio Briatore, atual assessor executivo da Alpine, reconheceu após a corrida que o que aconteceu na Hungria foi "dececionante". O lendário dirigente italiano, conhecido pelo seu estilo frontal, não hesitou em aumentar a pressão sobre os responsáveis da equipa.

Entretanto, do lado de Colapinto também começaram a deixar mensagens. Jamie Campbell-Walter, um dos seus managers, replicou um tweet irónico de Marcos Galperin, patrocinador pessoal do piloto, sobre ajudar a trocar pneus. O comentário rapidamente se tornou viral antes de ser apagado.

O que vem a seguir

A Fórmula 1 entra agora na sua tradicional pausa de verão. O próximo desafio para Colapinto será o Grande Prémio dos Países Baixos, de 30 de agosto a 1 de setembro, em Zandvoort. "Não há mal em ter um pouco de descanso para voltar mais forte", declarou Franco, sabendo que a segunda metade do ano será fundamental para demonstrar o seu talento num contexto pouco favorável.

Apesar do mau momento, o jovem argentino continua a mostrar atitude e sinceridade. No pior carro da grelha, as suas palavras duras não soam a queixa, mas sim a compromisso. Resta saber se a Alpine está disposta - e capacitada - a estar à altura.