Questionado por Piers Morgan sobre se estaria a ser forçado a deixar os Red Devils, Cristiano Ronaldo foi perentório. "Sim, não só o treinador, mas também duas ou três pessoas à volta do clube", respondeu, confirmando, logo de seguida, que as pessoas que acusam ocupam altos cargos no clube. "Senti-me traído", atirou.

"Estão a tentar ver-se livres de ti", perguntou Piers Morgan, com o astro português a responder sem esconder a insatisfação pelo momento vivido no Manchester United:

"Honestamente? Se calhar não devia dizê-lo, mas não quero saber, porque as pessoas devem sempre ouvir a verdade. Sim, sinto-me traído e sinto que há pessoas que não me querem aqui. Não só este ano, mas também no último".

Num discurso que promete abalar Manchester e o futebol mundial, Cristiano Ronaldo visou ainda, segundo o The Sun, o treinador Erik ten Hag, assumindo não o respeitar, depois da alegada atitude do técnico durante o período em que a filha do avançado adoeceu, o que o levou a falhar a pré-temporada com o clube.

"Foi o período mais difícil da minha carreira, tanto pessoal como profissionalmente. Fizeram de mim a ovelha negra. Não respeito o treinador porque ele também não mostra respeito por mim".

Cristiano Ronaldo abordou ainda a falta de desenvolvimento do clube, desde que saiu até ao seu regresso, na época passada.

"Não sei o que se passa, mas desde que o Sir Alex Ferguson deixou o Manchester United, não vi evolução no clube. O progresso foi zero. Por exemplo, existe um ponto interessante, como o Manchester United, depois de ter despedido o Ole [Gunna Solskjaer], contratam como diretor desportivo Ralf Rangnick, que é algo ninguém entende. Este tipo nem sequer é treinador. O Manchester United contratar um diretor-desportivo não só me surpreendeu a mim, como a todo o mundo. Nada mudou. Surpreendentemente, nem a piscina, nem o jacuzzi... até o ginásio. Até alguns pontos de tecnologia, a cozinha, os chefs, que aprecio bastante, porque são pessoas amorosas. Pararam no tempo e isso surpreendeu-me bastante, porque pensava que ia ver coisas diferentes, como referi anteriormente, ao nível da tecnologia, infraestruturas, mas, infelizmente, vemos muitas coisas que estava habituado a ver aos 20, 21, 23... por isso, surpreendeu-me bastante", explicou o avançado português, confrontado com a incapacidade do Manchester United em contratar os melhores jogadores.

"Acho que os adeptos devem saber a verdade. Quero o melhor para o clube. É por isso que vim para o Manchester United. Mas tens algumas coisas dentro que não [nos] ajudam a atingir um nível alto como o City, Liverpool e agora até o Arsenal... um clube com esta dimensão deveria estar no topo na minha opinião e eles não estão, infelizmente", afirmou Cristiano Ronaldo, cujas críticas estenderam-se ainda a... Wayne Ronney:

"Não sei porque me critica tanto... provavelmente porque ele terminou a carreira e eu ainda jogo a alto nível. Não vou dizer que pareço melhor do que ele. O que é verdade...", disse sem rodeios o internacional português, que nesta entrevista bombástica citou, até... Picasso.

"Como disse o Picasso, tens de destruir para reconstruir e, se eles começarem por mim, para mim, não é um problema. Adoro o Manchester United, adoro os adeptos, eles estão sempre do meu lado. Mas se eles queres fazer de forma diferente... eles têm de mudar muitas, muitas coisas", apontou Cristiano Ronaldo.

A entrevista, que promete fazer correr muita tinta, será disponibilizada integralmente na quarta e na quinta-feira.