Dardos: Clayton vence duelo emocionante e Woodhouse estreia-se nos oitavos do Mundial

Clayton celebra vitória sobre Zonneveld
Clayton celebra vitória sobre ZonneveldPDC

Jonny Clayton resistiu a uma prova de fogo imposta por Niels Zonneveld para garantir um lugar nos oitavos de final do Mundial de Dardos da PDC, triunfando por 4-3 num clássico de sete sets, com o regresso dos dardos ao Alexandra Palace na tarde de sábado.

O primeiro set contou logo com sete 180 e deu o mote para um duelo de pontuação pesada, com Clayton a levar a melhor num decisivo 12-dart, apesar de Zonneveld ter mantido uma média acima dos 100 e não ceder um centímetro. Esse padrão marcou grande parte da tarde, com o neerlandês a acompanhar sempre o ritmo de Clayton e, por vezes, a superá-lo na pontuação pura.

Zonneveld igualou o encontro ao vencer o segundo set com uma média de 101,4, quatro máximos e um fecho certeiro no duplo 8, mesmo com Clayton a registar também mais de 101 de média e a ficar aquém. Clayton assumiu o controlo no terceiro set, aproveitando oportunidades desperdiçadas por Zonneveld para voltar à frente, mas o neerlandês respondeu de imediato. Um brilhante fecho de 126, seguido de um 76 concluído com duplo-duplo, permitiu a Zonneveld empatar a 2-2 em sets e virar claramente o ímpeto a seu favor.

Nessa altura, Clayton parecia realmente pressionado, sobretudo quando Zonneveld encadeou quatro mãos consecutivas para assumir a liderança pela primeira vez. Clayton reagiu com um set a uma média de 108, recuperando de imediato e recusando-se a deixar fugir o encontro. Zonneveld continuou a apresentar mãos de 11 dardos e fechos destemidos, voltando a empatar e forçando um sétimo set decisivo após mais uma demonstração de eficácia implacável.

No set decisivo, a experiência fez-se notar. Clayton adiantou-se, resistiu à pressão constante no seu lançamento e castigou as oportunidades falhadas com precisão clínica. Um break deixou-o a um passo do triunfo, que selou com uma mão serena de 15 dardos, finalizado no seu habitual duplo 16, encerrando de forma exemplar um duelo que exigiu máxima clareza mental sob enorme tensão.

O galês vai defrontar Ricardo Pietreczko ou Andreas Harrysson na próxima ronda.

Woodhouse ultrapassa Gilding sem dificuldades

Mais cedo, Luke Woodhouse protagonizou a melhor exibição da sua carreira no Alexandra Palace, batendo Andrew Gilding por 4-1 para alcançar, pela primeira vez, os oitavos de final do Mundial, superando um início irregular antes de impor uma fase de domínio que Goldfinger não conseguiu contrariar.

Os primeiros lances ficaram marcados quase exclusivamente por duplos falhados. Ambos os jogadores tiveram grandes dificuldades em concretizar, com Woodhouse especialmente perdulário no arranque, falhando várias vezes no topo e no duplo 16, permitindo a Gilding vencer o primeiro set apesar de pouca pressão na pontuação.

Foi um encontro atabalhoado, tenso e sem grande fluidez, à espera que alguém assumisse o controlo. Esse momento chegou a meio do segundo set. Woodhouse estabilizou finalmente no anel exterior, acertando o duplo 16 para fechar 71 e mostrando um claro reset mental.

A partir daí, o ímpeto mudou. Quebrou Gilding com uma mão de 13 dardos e somou uma série de mãos sustentadas em duplos mais certeiros e maior capacidade de pontuar, enquanto o jogo de Gilding começou a vacilar sob pressão constante.

No terceiro set, Woodhouse registou uma média de 105, fechando mãos sem permitir sequer um dardo ao duplo e apresentando uma sequência de fechos implacáveis que desequilibraram por completo o encontro. Gilding tornou-se mero espectador enquanto Woodhouse somou cinco mãos consecutivas e disparou para uma vantagem confortável de 3-1.

"Posso estar no top 16"

Houve uma breve reação no quarto set, quando Gilding conseguiu um excelente fecho de 127, mas não passou de nota de rodapé. Woodhouse manteve-se sereno, fechando o encontro com uma mão limpa de 15 dardos no duplo 5, com a sua consistência na pontuação e a melhoria evidente nos fechos a tornarem os momentos finais quase protocolares.

No final, Woodhouse admitiu as dificuldades iniciais, mas deixou claro o acreditar que o impulsiona, falando abertamente sobre o objetivo de entrar no top 16 mundial.

"Os dois primeiros sets não foram os melhores do mundo. Tentei motivar-me e, felizmente, consegui voltar em força. Todos querem ser o número um mundial e vencer o Mundial, mas acredito que posso estar no top 16. Estou mais do que satisfeito por ter passado. Espero conseguir continuar", disse Woodhouse à Sky Sports.

Ratajski assina reviravolta épica

Krzysztof Ratajski protagonizou uma das grandes recuperações pós-Natal no Mundial de Dardos, virando de 1-3 em sets e sobrevivendo a três match darts para derrotar Wesley Plaisier por 4-3 num duelo de cortar a respiração que fez o Alexandra Palace oscilar entre a incredulidade e o delírio.

Plaisier, ainda embalado pela surpreendente vitória sobre Gerwyn Price antes do Natal, entrou a todo o gás. Venceu o primeiro set sem resposta e castigou repetidamente o arranque lento de Ratajski, aproveitando duplos falhados para disparar para 3-1.

Nessa fase, o neerlandês mantinha uma média perto dos 100, convertendo 64% no anel exterior e jogando com a confiança de quem acreditava que o desfecho já estava escrito. Ratajski, porém, recusou-se a sair em silêncio. O polaco estabilizou a sua pontuação e recorreu à experiência, encontrando máximos decisivos e desferindo uma série de fechos monstruosos que mudaram o rumo do encontro.

Grandes fechos em abundância

Fechos de 152, 127 e 117 resgataram-no do abismo, todos eles surgindo com Plaisier prestes a fechar a porta. Três match darts desperdiçados pelo neerlandês foram determinantes, com o ímpeto a mudar visivelmente a cada oportunidade perdida.

O set final foi de nervos à flor da pele. Ratajski sobreviveu novamente com um fecho de 86 antes de forçar mãos extra, selando depois o triunfo de forma categórica, fechando o encontro com um excelente 116 (20, triplo 20 e duplo 18). Foi um desfecho à altura de um duelo marcado por reviravoltas e fechos destemidos.

Ratajski terminou com uma média de 98, seis 180 e o fecho mais alto de 152. Vai defrontar Woodhouse nos oitavos de final.

A ação prossegue na noite de sábado, com o campeão mundial em título Luke Littler a ser cabeça de cartaz frente a Mensur Suljovic, e ainda com Stephen Bunting e Ricardo Pietreczko em destaque.

Resultados da sessão de sábado à tarde:

Wesley Plaisier 3-4 Krzysztof Ratajski

Andrew Gilding 1-4 Luke Woodhouse

Jonny Clayton 4-3 Niels Zonneveld

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