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Dezenas de robots humanóides correm meia maratona sem precedentes em Pequim

A realidade está a começar a ultrapassar a ficção
A realidade está a começar a ultrapassar a ficçãoPEDRO PARDO / AFP

Com um passo mecânico de cada vez, dezenas de robots humanóides participaram, no sábado, na primeira meia maratona do mundo dedicada a andróides, em Pequim — um símbolo das ambições da China no domínio das novas tecnologias.

O evento, organizado na E-Town, uma zona de desenvolvimento tecnológico da capital chinesa, teve como objetivo testar os limites destas máquinas que, no futuro, poderão assumir tarefas humanas na sociedade.

Ao som do tiro de partida, os robots arrancaram — alguns de forma hesitante — ao ritmo da música pop que ecoava pelos altifalantes.

Do outro lado da rua, os participantes humanos, que corriam numa pista separada, fotografavam com os seus telemóveis esta corrida invulgar, que não esteve isenta de percalços.

Um pequeno andróide que caiu no início da prova conseguiu levantar-se minutos depois, sob os aplausos da multidão. Outro, concebido para se assemelhar a um Transformer, desviou-se da rota, embateu numa barreira e derrubou um engenheiro.

"Correr numa pista pode parecer um pequeno passo para um humano, mas para um robô humanóide é um salto enorme", afirmou Liang Liang, vice-diretor do comité de gestão da E-Town, à AFP, na quinta-feira.

"Esta maratona é mais um passo em direção à industrialização dos robots humanóides", acrescentou.

"Um impulso formidável"

Cerca de 20 equipas de várias regiões da China participaram na corrida.

Os robots apresentavam-se em todos os tamanhos: o mais pequeno media 75 centímetros, o mais alto 1,80 metros, e o mais pesado tinha 88 quilos. Alguns funcionavam de forma autónoma, enquanto outros eram operados remotamente.

Engenheiros disseram à AFP que o objetivo principal era testar o desempenho e a fiabilidade dos andróides. A prioridade não era vencer a corrida, mas sim chegar à meta.

Um dos
Um dos PEDRO PARDO / AFP

"Esta meia maratona representa um enorme impulso para toda a indústria da robótica", afirmou Cui Wenhao, engenheiro de 28 anos da empresa chinesa Noetix Robotics.

"Honestamente, a indústria tem poucas oportunidades para pôr estas máquinas a funcionar desta forma — na sua potência máxima, com esta distância e esta duração. É um teste exigente para as baterias, os motores, a estrutura e os algoritmos", explicou.

Para se prepararem, um dos robots da empresa correu, diariamente, o equivalente a uma meia maratona, a uma velocidade superior a 8 km/h.

A rivalizar com os Estados Unidos

Outro jovem engenheiro, Kong Yichang, da empresa DroidUp, destacou que a corrida ajuda a "lançar as bases" para uma maior presença destes robots no quotidiano.

"A ideia é que os robots humanóides possam realmente integrar-se na sociedade humana e começar a realizar as tarefas que os humanos desempenham", defendeu.

A China, segunda maior economia do mundo, ambiciona liderar o setor da inteligência artificial e da robótica, num desafio direto aos Estados Unidos, com quem mantém uma guerra comercial.

As empresas chinesas — sobretudo as privadas — estão a alcançar avanços significativos no setor das novas tecnologias.

Um exemplo disso é a start-up DeepSeek, que causou sensação internacional em janeiro com um robô de IA conversacional que, segundo a própria empresa, foi desenvolvido por uma fração do custo dos concorrentes americanos, como o ChatGPT.


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