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Entrevista Flashscore a Gilberto Silva: Lamento pela polémica em torno de Pelé e equipa do Penta

Gilberto Silva considera desnecessárias as críticas sobre o velório de Pelé
Gilberto Silva considera desnecessárias as críticas sobre o velório de PeléReprodução/Instagram
Pentacampeão mundial com a seleção brasileira na Coreia do Sul e no Japão, em 2002, o antigo médio Gilberto Silva comentou, na segunda parte da entrevista exclusiva ao Flashscore, o momento vivido pelo escrete canarinho. O Brasil falhou o título no Catar, aumentando o jejum e as expetativas de um bom desempenho após nova eliminação às mãos de uma seleção europeia.

Gilberto Silva fez parte de uma equipa que contava com bastante poder criativo, tendo Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Ronaldo como os principais expoentes. Já se passaram mais de duas décadas desde que Yokohoma contemplou a glória brasileira. Desde então, tem sido difícil para a Seleção chegar ao topo, apesar do talento incontestável de jogadores como Neymar. 

Faltou cabeça ou maldade?

Neymar fez golo à Croácia no prolongamento, mas a seleção concedeu o empate e foi eliminada nos penáltis
Neymar fez golo à Croácia no prolongamento, mas a seleção concedeu o empate e foi eliminada nos penáltisLucas Figueiredo/CBF

No Catar, especialmente, o escrete sofreu um golo da Croácia num lance perfeitamente evitável, seja com a marcação de uma falta ou com inteligência para fechar os espaços e controlar a posse de bola até ao apito final.

Gilberto Silva, que atualmente trabalha com uma metodologia virada para o treino mental para atletas, deu a sua opinião sobre a falta de um psicólogo na equipa técnica de Tite. O fator, segundo o ex-jogador, não foi preponderante naquele momento específico. Faltou mesmo foi malícia aos jogadores brasileiros. 

"Isso é muito relativo em algumas situações. Todos os jogadores que estavam no Catar atuam em grandes clubes, estão acostumados a competições de alto nível. Vai da cabeça de um técnico ter ou não esse profissional. Mas algumas coisas fogem à questão do profissional em si", analisou Gilberto em entrevista ao Flashscore.

"Para mim, o que aconteceu no jogo contra a Croácia foi um desequilíbrio na parte de organização. Quando o Brasil sofre o golo do empate, existia um problema de posicionamento. Há que questionar, de fato, porque é que a equipa se abriu. Acho que foge da visão do psicólogo, é diferente de quando estás a ganhar um jogo, as coisas desequilibram, os jogadores ficam irritados e o nervosismo vem. Aí entra a questão do controlo emocional."

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Defesa de um técnico brasileiro para a Seleção

Tite deixou o comando do Brasil após o Campeonato do Mundo do Catar
Tite deixou o comando do Brasil após o Campeonato do Mundo do CatarLucas Figueiredo/CBF

Uma das grandes questões em torno da canarinha neste momento é a possibilidade de chegar um timoneiro estrangeiro. Apesar do grande apelo mediático em torno do tema, Gilberto Silva vê que a formação verde e amarela ainda pode ter sucesso com um líder nacional. O ex-jogador citou alguns nomes que poderiam exercer o cargo. 

"Primeiro o que eu vejo, consigo analisar, é um apelo por parte dos media, que é favorável a ter um treinador estrangeiro na Seleção. Una questão que fica é: não é possível que não tenhamos um treinador brasileiro que as pessoas valorizem, reconheçam, que possa ter espaço na Seleção Brasileira?", questionou.

"Se tiver que acontecer (ter um treinador estrangeiro), o que precisamos de entender é questão de competência, resultado. Se for uma decisão do presidente da CBF, não sei se já tem diretor de futebol, se for este o consenso, isso vai fazer parte do processo, mas eu ainda acredito que tenhamos alguém no Brasil", completou Gilberto, apontando alguns nomes e fazendo um alerta: é importante ter seguimento.

"Acho que o país tem vários treinadores, já foi falado do Cuca, do Renato Gaúcho, do Dorival, alguém falou do Rogério (Ceni). Mas, acima de tudo, acho que o mais importante é a competência e o trabalho. Quem for contratado precisa de entender a pressão do cargo, ser técnico da Seleção Brasileira é quase como ser Presidente do país. A exigência é muito grande. Pode ser o Guardiola, o Ancelotti, o Diniz, qualquer outro treinador. Se não der tempo, entender os processos, não vai funcionar", sentenciou o ex-jogador e ídolo do Arsenal. 

"O Pelé é muito maior que isso"

Pelé foi homenageado antes do início do jogo da Supertaça do Brasil
Pelé foi homenageado antes do início do jogo da Supertaça do BrasilAFP

Um dos assuntos que mais provocou controvérsias em relação à geração do pentacampeonato no início deste ano foi a ausência das estrelas no velório de Pelé, na Vila Belmiro, em Santos. Gilberto Silva lamentou, em entrevista ao Flashscore, toda a polémica gerada em torno do assunto, destacando que a discussão é muito pequena tendo em vista a grandeza do Rei do Futebol

"Eu respeito a opinião de quem provocou esse novo tópico de discussão, mas achei totalmente desnecessário. É muito pequeno falar sobre isso e não exaltar o que ele, Pelé, fez de bom para todos nós, da grandeza dele, que transcende qualquer ato que for feito", opinou Gilberto.

"Algumas pessoas criaram uma situação, a meu ver, desnecessária, sem saber a condição em que cada um se encontra. Não quero questionar se fizeram certo ou errado, o Pelé é muito maior que isso. Criar uma discussão dessas não leva nenhum de nós a lugar algum. O mais importante é todos nós nos lembrarmos que o Pelé é muito maior que tudo isso", reforçou o antigo médio. "Cada atleta que veio depois do Pelé, quem faz parte do mundo do futebol, sabe que a aura dele nos diferenciou, todos nós somos gratos." 

Por onde anda?

Atualmente Gilberto Silva trabalha com a Sport World Coaching Brasil, que é uma metodologia de treino mental e alta performance no desporto. A iniciativa visa aumentar a performance dos atletas, assim como trazer melhores resultados para o treinador, o clube, os dirigentes, os empresários e as demais pessoas envolvidas no mundo do desporto.

A metodologia também pode ser aplicada noutras áreas. Um treino que se estende a pessoas comuns que queiram alcançar as suas metas. A SWC foi criada por uma das maiores coach's de alta performance da Europa, a portuguesa Susana Torres, em sociedade com Gilberto Silva, e chegou ao mercado para dar uma nova visão e consciência sobre a importância do treino mental e o seu impacto na performance dos atletas.