Entrevista Flashscore a Marco Baixinho: "Chipre tem ambiente fantástico mas ainda quero jogar em Espanha"

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Entrevista Flashscore a Marco Baixinho: "Chipre tem ambiente fantástico mas ainda quero jogar em Espanha"

Entrevista Flashscore a Marco Baixinho, central português de 33 anos do Anorthosis (Chipre)
Entrevista Flashscore a Marco Baixinho, central português de 33 anos do Anorthosis (Chipre)Flashscore
Aos 33 anos, Marco Baixinho cumpre a primeira aventura no estrangeiro, ao serviço do Anorthosis, do Chipre. Depois de sete temporadas no Paços de Ferreira, o central fala de uma nova realidade, do impacto positivo do ambiente nos estádios e, claro, da vertente financeira. Formado no Sporting e no Benfica, explica a diferença entre ambos, lembra os ensinamentos de Bruno Lage, também os de Jorge Simão e passa em revista uma carreira que teve como ponto mais alto o título de campeão, na 2.ª Liga, com o mister Vítor Oliveira ao leme dos castores.

- Vinte jogos oficiais e um golo pelo Anorthosis. Como está a ser a primeira experiência fora de Portugal?

- Está a correr bem. A nível pessoal tenho, felizmente, desempenhado um papel importante na equipa, tenho jogado com bastante regularidade. Estamos a falar de um clube grande no Chipre. O Anorthosis tem muito carisma e história. É um clube que trata bem os seus jogadores. A nível coletivo estamos um pouco aquém dos objetivos traçados no início da época (9.º lugar no campeonato) mas ainda estamos na Taça (quartos de final) e temos a possibilidade de conquistar esse troféu, o que nos motiva bastante. O Chipre é um país acolhedor, as pessoas aqui gostam de futebol, e vive-se confortavelmente em todos os aspetos, pessoais e familiares.

- Objetivos nesta época de estreia no Anorthosis?

- O meu objetivo, em termos individuais, é mesmo jogar o máximo possível, afirmar-me na equipa. Depois os objetivos coletivos, como em qualquer clube grande, passam por ganhar títulos.

- Que diferenças encontrou no futebol cipriota em relação ao português?

- Acho que as grandes diferenças estão nas estruturas, nas condições de treino e na própria competição. Aí Portugal está, na minha opinião, um nível acima do Chipre. Em Portugal a parte tática é mais privilegiada e está, por isso, mais desenvolvida, além de termos grandes treinadores e jogadores. Aqui, porém, é notável o ambiente nos estádios. Foi algo que me surpreendeu pela positiva. As pessoas participam muito ativamente no futebol, envolvem-se bastante, o que é ótimo. Depois, não posso esconder, também financeiramente é um mercado muito apelativo.

- O Chipre ainda bem recentemente era notícia pelos salários em atraso, que atingiram vários jogadores portugueses. Como está o futebol do Chipre agora, financeira e desportivamente?

- O campeonato cipriota acaba por ser bastante interessante por ser muito competitivo. Existem seis/sete equipas com enorme estabilidade financeira, com suporte estrutural, para lutarem pelo título, e que têm grande capacidade para atingir esse objetivo. Nesse aspeto, o futebol do Chipre é eletrizante. Depois, o aspeto que já referi do ambiente nos estádios. É realmente incrível e dá muita energia às equipas. Quanto aos salários em atraso, do que conheço, a esmagadora maioria tem os ordenados em dia, à exceção de um ou outro caso pontual.

- E fora dos relvados, que diferença mais sentiu?

- Claramente o contacto com a minha família, com a minha terra natal (Arruda dos Vinhos), com a gastronomia portuguesa, com a nossa cultura. Estamos a falar de dois países muito diferentes. Felizmente tenho comigo a minha esposa e a minha filha, são o meu maior pilar.

- Jogar no estrangeiro era um objetivo na carreira?

- Sim. No fundo, a partir de um certo patamar, um futebol português já não comporta muita margem de evolução a nível financeiro. Acaba por não ser gratificante, nesse aspeto, em relação ao resto da Europa. Foi um dos motivos que me levou a deixar o Paços de Ferreira e o futebol português.

As últimas épocas de Marco Baixinho
As últimas épocas de Marco BaixinhoFlashscore

- Foram sete temporadas em Paços de Ferreira, com altos e baixos mas terminando como capitão de equipa. Agora, o Paços está no último lugar da Liga, César Peixoto começou, saiu e voltou. Como tem visto, de fora, esta época do clube?

- É uma situação atípica, obviamente. Na minha opinião o problema foi o mau planeamento do plantel no início da época em relação aos anos anteriores. Em termos de qualidade, vimos saídas de muitos jogadores importantes que não foram colmatadas como deviam.

- Saltou do Mafra, em 2014/2015, na altura no Campeonato Nacional de Seniores, para o Paços de Ferreira, acompanhando Jorge Simão nessa mudança. Presumo que a relação com Jorge Simão seja especial.

- Sim, claro. É sem dúvida um treinador especial na minha carreira, por motivos óbvios, mas também porque gosto muito dele como pessoa. A minha relação com ele sempre foi ótima.

- Jorge Simão regressou recentemente ao ativo, assumindo o comando técnico do Santa Clara. Como vê este novo ciclo do treinador?

- Acho que ele fez muito bem em regressar a Portugal, para de alguma forma conseguir recuperar os bons momentos que já teve e e conseguir mostrar o talento e visão de jogo que eu sei que ele tem. Desejo-lhe o melhor, agora no Santa Clara.

- Depois dessa primeira época no Paços de Ferreira, em 2015/2016, Jorge Simão saltou para o Chaves e logo depois para o SC Braga, onde só fez 21 jogos oficiais. O que acha que faltou ao treinador para se afirmar um patamar acima do atual?

- É difícil responder a isso, eu não estava lá para perceber o que se passou nessa fase do mister no SC Braga. Sei que foi muito pouco tempo e logo aí tornar-se mais complicado. Há muitas variáveis, muita coisa pode ter acontecido. E acho que a falta de sorte pode ter sido uma delas.

- Durante as sete temporadas no Paços de Ferreira, nunca recebeu nenhuma proposta para sair para outro clube português?

- Sim, é verdade que tive. Tive propostas de Portugal e do estrangeiro. Mas, por diversas razões, acabou por nunca acontecer.

- O nome de Marco Baixinho começou a ser mais falado no Paços de Ferreira. A verdade é que fez a formação no Sporting e passou ainda pelos escalões jovens do Benfica. Que diferenças sentiu nesses dois grandes do futebol português?

- O Sporting é o clube do meu coração. O primeiro clube é sempre muito marcante. Além de que naquela altura tinha excelentes condições para a formação, apostava muito nesse setor. Porém, apesar disto, consigo reconhecer que o Benfica é uma estrutura enorme e, no geral, um clube com maior dimensão. Hoje em dia os dois clubes estão mais equiparados em termos de escalões jovens mas na minha altura o setor da formação não estava, digamos assim, à altura da formação do clube.

Marco Baixinho trabalhou com Bruno Lage no Benfica
Marco Baixinho trabalhou com Bruno Lage no BenficaFlashscore

- A verdade é que foi no Benfica que teve contacto com outro dos treinadores que o marcou.

- Sim, sem dúvida. O mister Bruno Lage. Foi mesmo alguém que me marcou muito, mostrava um grande entendimento do jogo naquela altura. Aprendi mesmo muito com ele no Benfica.

- Ainda é essencial, hoje em dia, ter esse selo de formação num clube grande para se afirmar a nível sénior?

- Não, penso que não. Atualmente já se trabalha muito bem a formação em muitos clubes. Temos excelentes treinadores, excelentes profissionais nas estruturas dos clubes e não, necessariamente, nos clubes ditos grandes, como acontecia antigamente.

Marco Baixinho foi campeão da 2.ª Liga
Marco Baixinho foi campeão da 2.ª LigaFlashscore

- Depois de Sporting e Benfica, a formação terminou no Alverca e no Oeiras, antes da estreia a nível sénior no Carregado, naquele projeto que culminou na subida à 2.ª Liga. Foi um dos projetos que mais gozo lhe deu fazer parte?

- Sim, sem dúvida. Essa época no Carregado foi um dos anos mais felizes da minha carreira, tínhamos uma época espetacular. Mas se tivesse de escolher o projeto que mais me realizou, profissionalmente, foi mesmo o ano no Paços de Ferreira com o mister Vítor Oliveira, na 2.ª Liga, onde fomos campeões.

- Agora com 33 anos, primeira aventura no estrangeiro, contrato até 2024. E depois?

- Não penso demasiado a longo prazo. Claro que penso no meu futuro mas o meu maior objetivo passa sempre por evoluir, jogar cada vez melhor, tirar sempre prazer do jogo.

- Ainda gostava de experimentar outra Liga?

- Sim Gostava muito de jogar em Espanha. Foi algo que sempre pensei e ainda tenho em mente esse sonho e objetivo.

- O Marco Baixinho chega ao Flashscore Notícias também por ser um ávido utilizador da nossa aplicação. Quais as razões para utilizar?

- Sim, é verdade. Acho que é bastante útil. É uma aplicação que utilizo todos os dias, seja para ver resultados, pesquisar jogadores, equipas, ver todas as estatísticas...

- E agora também consultar e ler as notícias, análises, entrevistas, crónicas...

- Sim, exato. É incrível. Acho que era o complemento que faltava ao conteúdo que já existia. Informação nunca é demais e agora temos tudo no mesmo sítio.

Marco Baixinho em entrevista exclusiva
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