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Erasmus recorda a derrota dos Springboks frente ao Japão em 2015: "Lembro-me perfeitamente de onde estava"

Kotaro Matsushima agita a bandeira após a histórica vitória em 2015
Kotaro Matsushima agita a bandeira após a histórica vitória em 2015JUSTIN TALLIS / AFP

O treinador da África do Sul, Rassie Erasmus, ainda se recorda do local em que estava quando o Japão venceu os Springboks, naquele que é considerado por muitos como o maior choque da história do râguebi, mas garante que está totalmente concentrado no presente, quando a sua equipa defrontar os Cherry Blossoms em Wembley, este sábado.

Os Springboks chegam ao duelo deste fim de semana como bicampeões mundiais em título.

Em 2015, no Mundial de râguebi em Inglaterra, a história foi bem diferente: Karne Hesketh, do Japão, marcou um ensaio nos instantes finais, consumando uma extraordinária reviravolta por 34-32 frente à África do Sul, num jogo da fase de grupos que ficou conhecido como o 'Milagre de Brighton'.

O Japão não vencia uma partida do Mundial desde 1991, mas os Cherry Blossoms, sob o comando de Eddie Jones na sua primeira passagem pelo cargo, contrariaram todas as expectativas contra os então bicampeões mundiais.

No entanto, a história mais recente favorece a África do Sul, com Erasmus a liderar uma vitória por 26-3 nos quartos de final sobre o Japão, anfitrião, durante a conquista do Mundial de 2019 pelos Springboks.

"Penso que me lembro perfeitamente de onde estava, sem dúvida (em 2015)", afirmou Erasmus, que assumiu o comando dos Springboks em 2017, aos jornalistas após anunciar a equipa que vai defrontar o Japão.

"Estava no meu bar, se querem saber ao certo, em casa a ver o jogo. Esse será sempre um dos triunfos mais emblemáticos para eles", lembrou.

A África do Sul é há muito uma das potências do râguebi mundial, e vencer os Springboks é sempre um feito muito valorizado pelos adversários.

Erasmus tinha uma ideia do que os jogadores em Brighton, na costa sul de Inglaterra, estavam a sentir. Ele integrou a primeira equipa sul-africana a perder frente ao País de Gales — uma derrota por 29-19 em Cardiff, que marcou a inauguração do Millennium Stadium em 1999.

"Lembro-me bem da primeira vez que perdemos com o País de Gales, eu era jogador", disse o antigo terceira linha dos Springboks, de 52 anos. "Essas coisas acontecem. Todos já fizemos parte de momentos históricos", acrescentou.

Erasmus viveu mais um episódio indesejado como treinador, em agosto, quando a Austrália recuperou de uma desvantagem de 22 pontos e conquistou a sua primeira vitória no Ellis Park, em Joanesburgo, em 62 anos.

"Não foi uma sensação agradável", recordou Erasmus, embora os Springboks tenham acabado por garantir, pela primeira vez, dois títulos consecutivos no Rugby Championship do hemisfério sul, apesar dessa derrota.

Por outro lado, Erasmus mantém-se atento a Jones, que integrou a equipa técnica da África do Sul quando conquistaram o Mundial de 2007 — o segundo dos seus quatro títulos mundiais —, com o Japão a chegar a Londres após uma derrota apertada por 19-15 frente à Austrália, país natal do treinador, em Tóquio, no último sábado.

"Creio que para o Japão esse jogo de 2015 será sempre um dos seus maiores momentos", disse Erasmus. "E, naturalmente, isso vai motivá-los", acrescentou.

"Mas nesta fase, quando estamos a preparar o jogo, estamos a analisar o Japão, a forma como jogaram no fim de semana passado, como estão a evoluir sob o comando de Eddie e o que pretendem fazer. E tentamos sempre traçar estratégias para perceber como podemos vencer a próxima partida. Mas nenhum de nós pode ignorar o que eles conseguiram em 2015", assumiu.