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Federação alemã diz que braçadeiras reivindicativas caíram depois de "chantagem extrema"

Harry Kane utilizou a braçadeira "One Love" em setembro passado, em jogo da Liga das Nações
Harry Kane utilizou a braçadeira "One Love" em setembro passado, em jogo da Liga das NaçõesAFP
A Federação Alemã de Futebol revelou que as nações que planearam utilizar a braçadeira com a inscrição "One Love" ("Um Amor"), como forma de protesto contra a descriminação durante o Mundial-2022, no Catar, enfrentaram uma "chantagem extrema" que as levou a abdicarem da iniciativa.

Inglaterra, País de Gales, Bélgica, Países Baixos, Suíça, Alemanha e Dinamarca admitiram terem sido pressionadas pela FIFA, que ameaçou com sanções disciplinares para os jogadores que utilizassem a braçadeira com as cores do arco-íris durante a prova no país, no qual a homossexualidade é considerada crime.

Agora, Steffen Simon, diretor de comunicação da federação alemã, explicou à Deutschlandfunk, rádio do país, que a Inglaterra, que seria a primeira seleção a utilizar o adereço no Mundial-2022, foi ameaçada com múltiplas sanções desportivas.

"O diretor do torneio foi ter com a seleção inglesa, falou-lhes sobre múltiplas violações das regras e ameaçu com várias sanções desportivas, sem especificar quais seriam", adiantou Simon, sem confirmar, porém, se se referia a um elemento da organização local ou a um responsável da FIFA, mas sublinhando que as restantes seis nações decidiram "mostrar solidariedade" e não utilizar a braçadeira.

"Perdemos a braçadeira e é muito doloroso, mas somos as mesmas pessoas de antes, com os mesmos valores. Não somos impostores que dizem ter valores e depois os traem", assegurou.

"Estamos numa situação extrema, numa chantagem extrema e acreditamos que tivemos de tomar esta decisão sem que o quiséssemos", acrescentou.

Contactadas pela Reuters, a federação inglesa, a FIFA e a organização local não responderam aos comentários da federação alemã, que tem sido alvo de fortes críticas no país, com a cadeia de supermercados REWE a retirar o seu acordo que mantinha com a entidade.

A reputação do organismo germânico tem sofrido duros golpes no passado recente, por culpa de vários escândalos, agora reforçados com esta reviravolta na ação de reivindiação prevista.

"Entendo a desilusão. Tivemos de escolher entre uma praga e a cólera", disse Simon, que tocou, ainda, no protesto do Irão.

"Sentimos muito respeito pelo que a equipa do Irão fez", apontou, assegurando que, apesar da falta da braçadeira, todos continuam a reger-se "pelos valores associados ao símbolo".