- Ficou em sétimo lugar na Bola de Ouro, está satisfeita?
- Fiquei muito surpreendido, nem queria acreditar que tinha ficado tão bem classificado. Pensei que estaria algures entre o 20.º e o 10.º lugar. É estranho, porque não são as minhas melhores estatísticas nem a minha melhor época, devido ao meu regresso de uma lesão, mas é a minha melhor classificação. Penso que é graças a este verão, estou a ir bem nos Jogos Olímpicos, embora preferisse que tivéssemos ido mais longe.
- Foi a melhor marcador dos Jogos Olímpicos. Como é que se sente com esta últim aeliminação nos quartos de final?
- Demorei muito tempo a aceitar a situação. Foi muito difícil, porque fui felicitada a nível pessoal, mas isso não me aliviou a dor e doeu mais do que qualquer outra coisa. Comecei a questionar-me. No futebol, temos a oportunidade de recuperar o tempo perdido. Há um novo ciclo, com um novo treinador, e estamos a olhar para o futuro.
- Na sua opinião, o que faltou aos Bleues?
- Não nos ajudamos mutuamente durante toda a competição. Devíamos ter-nos colocado mais ao serviço da equipa e pensar menos em nós próprios. Os nossos problemas estão mais nas nossas cabeças.
- Desde o seu regresso no ano passado, após a longa lesão no joelho, parece ter assumido um papel mais importante nesta equipa...
- Muitas pessoas dizem-me isso. Se calhar, sem me aperceber, assumi muito mais o protagonismo durante os Jogos Olímpicos. Não foi forçado, aconteceu naturalmente porque me senti bem. Era também isso que Hervé Renard esperava, tentava que eu assumisse mais responsabilidades, que saísse da minha zona de conforto, mas sem deixar de me dar liberdade. Fiz tudo o que estava ao meu alcance para o pôr em prática.
- Está a pensar na braçadeira de capitã quando Wendie Renard e Eugénie Le Sommer se retirarem do futebol internacional?
- Não, isso não me convém. Não vou tornar-me uma pessoa diferente. A última experiência que tive (capitanear as Bleues Sub-20 no Campeonato do Mundo de 2018) não correu bem. Os meus treinadores fizeram-me muitas vezes esta pergunta, mas não é algo que me agrade. Há líderes naturais como Wendie Renard. Deixo isso para aqueles que realmente querem a braçadeira e acham que têm algo a mais.
- Como você descreveria o novo técnico Laurent Bonadei?
- Ele é muito falador (risos), um bom ouvinte e um bom comunicador. A sua abordagem faz-me lembrar Olivier Echouafni (antigo treinador do PSG). Em campo, o que importa é o trabalho e a disciplina. Ele sabe o que quer.
- Falou de um problema "de cabeça" nos Bleus, o que acha da chegada do preparador físico Thomas Sammut?
- É uma coisa boa, acho que deve existir em todas as equipas. É uma pena que ainda seja um tabu em França. Pessoalmente, tenho um que me segue. Já tinha um antes da lesão, mas continuava fechada e pouco recetiva. Desde a lesão, encontrei o que me convém.
- Na última temporada, Hervé Renard tentou colocá-la em campo ao lado de Eugénie Le Sommer. Você acha que a experiência foi um sucesso?
- Eugénie é uma lenda. Quer estejamos as duas alinhadas, quer ela esteja alinhada ou eu esteja alinhada, é sempre a mesma coisa. Vou sempre pressioná-la para dar o seu melhor e vice-versa. Ela ajudou-me muito nos bastidores este verão com a sua experiência. Desde o início da minha carreira, jogámos muito pouco juntas e é uma pena, porque gosto de jogar com grandes jogadoras. Na época passada, as coisas podiam ter corrido melhor. Se nós duas jogarmos, espero que seja melhor, que nos entendamos bem, e isso é tudo o que eu quero para as Bleues.