À margem da inauguração de uma rua com o seu nome, em Oeiras, Fernando Gomes abordou a investigação da PJ.
"Intervim numa reação, relativamente a essa investigação, dentro do quadro de competências, que a polícia e o Ministro Público têm. Têm toda a legitimidade para fazer as operações que entendam. Da minha parte aquilo que eu tenho de dizer é que a justiça faça o seu trabalho, que a justiça tem de fazer o seu trabalho e tem de investigar", começou por dizer o presidente do COP.
"Acima de tudo tem é de ter alguma atuação no cuidado da proteção do nomes das pessoas. Infelizmente, muito há pouco tempo tive uma pessoa muito amiga que desapareceu, que foi enxovalhada publicamente, que no fim foi ilibada completamente e, portanto, a proteção do nome é uma área fundamental que deve ser preservada em todos os momentos, em qualquer investigação", acrescentou Fernando Gomes desvalorizando o facto deste processo ter sido iniciado neste momento de transição para a liderança de Pedro Proença.
"Sinceramente, eu não tenho prática de teorias da conspiração. Quanto eu julgo saber, foi uma investigação alargada, de mais de 20 entidades e locais que foram inspecionados. Dentro da complexidade que é organizar uma operação desta tem de ser com algum tempo. Eventualmente poderiam ter pensado que haveria uma tomada de posse do COP", explicou, destacando o facto de não ser suspeito nesta investigação.
"Arguido? Em nenhuma circunstância, está fora de questão", sublinhou.
"Sinceramente, tenho de admitir, até porque não fui contactado em nenhum momento para acederem ao meu computador, para me interrogarem como quer que seja. Soube dessa operação no mesmo dia às 15:43... zero, da minha parte nunca fui citado para o que quer seja. Desconhecia até essa hora que havia essa operação. Até às 15:43, houve zero contactos com Fernando Gomes. Aquilo que eu tenho de dizer é que não conheço os detalhes da operação, têm de perguntar à polícia judiciária e ao ministério público, portanto a normalidade tem a ver mesmo com isso. O facto de não ter sido contactado ou não ter sido indicado ou procurado os meios informáticos, é significativo para mim", acrescentou Fernando Gomes.
A Polícia Judiciária efetuou na terça-feira buscas na sede da FPF por suspeitas dos crimes de recebimento indevido de vantagem, corrupção, participação económica em negócio e fraude fiscal.
A investigação da Operação Mais Valia, que teve início em 2021 e está a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, está relacionada com a venda da antiga sede da FPF, em 2018, na Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, por mais de 11 milhões de euros.
As buscas realizadas resultaram, até ao momento, na constituição de dois arguidos: o antigo deputado do Partido Socialista (PS) António Gameiro e o antigo secretário-geral da FPF Paulo Lourenço.
No dia da tomada de posse de Fernando Gomes à frente do COP, o diretor nacional da PJ, Luís Neves, esteve presente no evento e, lado a lado com o ex-presidente da FPF, negou que o mesmo e também Tiago Craveiro, antigo diretor-geral do organismo federativo, sejam arguidos.