No final de quase dois meses de julgamento em Nova Iorque em 2023, Hernan Lopez foi considerado culpado de fraude e branqueamento de capitais, no âmbito de um caso de pagamentos de subornos a dirigentes da Federação Internacional (FIFA) e da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL).
Estes pagamentos tinham como objetivo garantir os direitos de transmissão televisiva da Libertadores, equivalente à Liga dos Campeões na América Latina, e de jogos de seleções nacionais das Américas para competições internacionais.
Uma empresa argentina de marketing, a Full Play, também foi considerada culpada pelos mesmos crimes, enquanto pessoa coletiva.
Este caso resultou de uma vasta série de investigações lançadas a partir de 2015 pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, visando a corrupção no futebol. Conhecido como FIFAgate, o escândalo acabou por derrubar o poderoso presidente da Fifa, Sepp Blatter. No entanto, as duas condenações proferidas em 2023 foram anuladas alguns meses depois por questões processuais, tendo sido restabelecidas em julho de 2025.
Num ofício dirigido ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos – que Hernan Lopez tinha solicitado para analisar o seu caso – os procuradores federais de Nova Iorque consideram agora que o abandono das acusações é "do interesse da justiça", sem fornecer mais detalhes.
O documento, consultado pela AFP, pede que o caso seja remetido para um tribunal inferior em Nova Iorque para que possa ser oficialmente arquivado. "Este caso era infundado desde o início e passei anos a tentar limpar o meu nome (...) É difícil descrever o alívio que representa o encerrar deste capítulo", reagiu Hernan Lopez no X.
Arriscava até 40 anos de prisão e multas de milhões de dólares.
Sem qualquer ligação a Donald Trump, esta decisão surge num contexto particular nos Estados Unidos, marcado por vários indultos concedidos pelo presidente norte-americano a pessoas condenadas por corrupção.
Em fevereiro, também pediu ao Departamento de Justiça que suspendesse a aplicação de uma lei em vigor há muito tempo que proíbe empresas americanas de pagar subornos a responsáveis de governos estrangeiros para obter contratos.
Os Estados Unidos vão coorganizar o Mundial no próximo ano, juntamente com o Canadá e o México.
