Recorde as incidências da partida
Nos particulares, o resultado é o que conta menos, pelo que decidimos prolongar a análise ao novo FC Porto e detalhar menos os lances desta primeira amostra da equipa de Francesco Farioli, que alinhou de início com os reforços Prpic, Frohold e Borja Sainz, mas sem o jovem Rodrigo Mora.

Apesar do primeiro lance de perigo ter sido do Twente, com Nehuén Pérez a desviar para o poste da baliza de Diogo Costa, o FC Porto foi superior no primeiro tempo e também acertou nos ferros, por Gabri Veiga (40').
O espanhol viria a ser expulso minutos mais tarde, no culminar de uma primeira parte que de amigável teve muito pouco. O árbitro Carlos Macedo adiou ao máximo o inevitável, mas a segunda parte viria mesmo a ser disputada 10 contra 10.
Nos 45 minutos restantes, o Twente adiantou-se com um belo remate de Mitchell van Bergen (51'), a passe de Verschueren, que aproveitou o atraso de Alan Varela e serviu à direita para o 1-0.
Aos 65', no entanto, Samu fez o golo do empate ao cabecear na pequena área, depois de um remate de William Gomes à trave da baliza neerlandesa. O brasileiro entrou bem na partida e acabou mesmo por ser ele a decidir o encontro (90') ao converter um penálti que o próprio sofreu.
As ideias
Mais do que voltar a ver a equipa no Estádio do Dragão, havia expectativa para perceber como iria jogar o FC Porto de Farioli. O divórcio de Martin Anselmi está mais do que superado e os portistas queriam que este romance de verão com o técnico italiano desse em relação séria ao longo da época. Os primeiros sinais, perdoem-nos o spoiler, foram positivos.
Acabaram-se os três centrais. Farioli devolveu o FC Porto ao 4x3x3, um modelo mais tradicional nos dragões e que foi utilizado na época passada por Vítor Bruno, que no final das contas da época passada terá sido um pouco injustiçado.
As armas de Farioli são novinhas em folha e aparentam ter mais potência do que as oferecidas aos seus antecessores, mas já lá vamos. Voltemos às dinâmicas, até porque o que salta à vista é precisamente a... existência das mesmas. Se com Anselmi tardou a ver-se algo de novo (e o que se viu...), com o novo treinador foi possível desde já tirar bons apontamentos para a nova temporada.

O FC Porto constrói baixo, junto à sua área, o que desde logo vai exigir dos centrais e de Diogo Costa, mas também de Alan Varela, que mostrou algumas dificuldades nesse papel no passado. A ideia de Farioli passa por atrair por fora, promovendo variações de flanco, muitas vezes com passes longos, para depois sair a jogar por dentro, procurando os médios interiores - Gabri Veiga e Frohold - para desbloquear as jogadas ofensivas.
Embora não seja esperado que Martim e Zaidu sejam os titulares ao longo da época, os laterais tiveram muita margem de incursão pelos flancos, até porque Borja foi muitas vezes mais avançado do que extremo e Pepê também atuou perto de Samu - o brasileiro teve bons momentos ao longo do encontro e pareceu menos amarrado do que na época passada.
E Rodrigo Mora?
O Twente ainda tentou pressionar nos primeiros 10 minutos de jogo, o que resultou numa bola ao poste da baliza de Diogo Costa, depois de um desvio de Nehuén Pérez. A equipa neerlandesa foi agressiva fisicamente, mas não num bom sentido. As quezílias não deram propriamente para uma análise defensiva. No entanto, no banco estava a maior dúvida da cabeça dos portistas.
Apesar de 45 minutos muito interessantes, a ausência de Rodrigo Mora do 11 inicial foi motivo de preocupação. O jovem talento foi titular frente ao Feirense, o que justifica o descanso nesta partida, mas ao mesmo tempo também deixa dúvidas sobre o porquê de ter jogado durante a manhã. Neste sistema, Mora poderá de ter de ser deslocado para os flancos para ser titular, mas Farioli procura extremos rápidos e que possam jogar junto à linha, pelo que o espaço ocupado por Gabri Veiga (interior esquerdo) parece ser o que melhor assenta ao camisola 86.

Os reforços
Na análise individual às caras novas, os adeptos portistas também terão ficado agradados com a primeira amostra.
É verdade que Gabri Veiga já tinha chegado no Mundial de Clubes, mas o espanhol esteve a um nível superior do que mostrou nos EUA, pelo menos até ser expulso por agressão a Unuvar. O espanhol teve protagonismo a partida da esquerda e rematou ao poste da baliza do Twente num belo remate à entrada da área.
Recuando agora no terreno, o croata Dominik Prpic deu sinais de central de equipa grande. Agressivo defensivamente (que o diga Ricky van Wolfswinkel, que também respondeu à letra), o central evidenciou confiança e muita tranquilidade sempre que teve bola no pé esquerdo e não se intimidou na condução.
Entre as caras novas, Borja Sainz foi quem conseguiu mostrar menos atributos, não que isso signifique que fez uma má exibição. O extremo apareceu muitas vezes em zona de finalização, mas não conseguiu o remate. Ainda assim, boas movimentações que explicam o porquê de ter feito 19 golos na época passada.

Contratação mais cara da janela portista, Viktor Frohold deixou água na boca. O camisola 8 surgiu como interior direito e fez uma primeira parte muito interessante. Agressivo no momento de pressão, é dono de uma passada larga e consegue aparecer em zonas ofensivas com muita facilidade. Além desses atributos físicos, nota ainda para a qualidade no passe longo, muitas vezes à procura do lateral do lado contrário. A aposta de 20 milhões de euros é alta, mas o potencial de retorno, pelo menos pela primeira amostra, é considerável.
Por fim, nota ainda para a entrada de Alberto Costa a 20 minutos do fim. O lateral contratado à Juventus teve projeção ofensiva e mostrou que pode fazer uma boa dupla com William Gomes, que, depois de meia época de adaptação, pode também ele ser um verdadeiro reforço para os dragões.