Recorde as incidências do encontro
Não foi o melhor teste de apresentação aos adeptos leoninos que se deslocaram ao Estádio do Algarve para assistir à primeira versão do bicampeão nacional nesta pré-época. O Sporting, que ainda não tinha perdido nenhum particular, fez uma partida de altos e baixos frente ao campeão escocês, que foi recentemente derrotado pelo Estrela da Amadora em solo português, e valeu Rui Silva para segurar o nulo ao intervalo.

Apesar das boas intervenções do internacional português, foi na primeira parte que o Sporting apresentou maior consistência, também fruto da questão física. Pedro Gonçalves foi o elemento mais esclarecido, com os principais lances de perigo a surgirem pelo flanco esquerdo - Matheus Reis desperdiçou uma grande ocasião e Geny Catamo obrigou Kasper Schmeichel a uma boa intervenção.
O segundo tempo começou praticamente com um erro de St. Juste, que foi imprudente e cometeu uma grande penalidade que Hatate (47') converteu. Harder, que foi lançado na segunda parte para o lugar de Rodrigo Ribeiro, enquanto os adeptos aproveitaram para mandar uma indireta a Viktor Gyökeres, ainda atirou ao poste da baliza escocesa, mas o Celtic acabou por confirmar o triunfo mais tarde.
Kochorashvili estava a dar boas indicações, mas foi uma perda de bola do georgiano que originou o lance que terminou no golo de McCowan (70') que sentenciou o marcador.

Mudança tática e aspetos a corrigir
O Sporting já realizou vários particulares de pré-época, mas a partida com o Celtic foi a primeira com direito a público e a transmissão televisiva. Os dias têm sido marcados pela ausência de Gyökeres, que continua sem ver fechada a transferência para o Arsenal, mas no estágio Rui Borges tem trabalhado para tentar encontrar a fórmula certa para conquistar o tricampeonato.
O objetivo inicial passa por dar ritmo aos jogadores, o que explica o amigável (0-0) com o Portimonense esta manhã, mas mesmo sem todas as peças já deu para perceber que Rui Borges quer mesmo voltar à formula que trouxe quando chegou a Alvalade.
O regresso do 4x4x2, agora com Pedro Gonçalves (um dos pontos destacados abaixo), permitiu tirar algumas notas. Sem um sistema com alas, mas com os extremos a pisarem terrenos interiores, Rui Borges pede profundidade e muita largura aos laterais, o que explica o desejo de contratar Alberto Costa.

Apesar de alguns bons momentos frente ao Celtic, Fresneda continua sem convencer ofensivamente. Sendo que a alternativa direta poderá ser Ricardo Esgaio, fica óbvio que é necessário atacar o mercado para contratar um lateral direito. À esquerda, o problema é semelhante, embora neste caso exista Maxi Araújo para ser titular no lugar de Matheus Reis, que desperdiçou uma grande ocasião na primeira parte.
Ofensivamente, este é um dos principais aspetos a melhorar por parte do Sporting, que ainda criou algumas oportunidades - Geny Catamo, o novo camisola 10 leonino, atuou à esquerda e obrigou Schmeichel a uma boa intervenção -, mas defensivamente há pontos a assinalar.

St. Juste, que cometeu uma grande penalidade num erro na leitura da jogada, voltou a deixar evidentes algumas das fragilidades neste sistema. Apenas com Eduardo Quaresma ao seu lado, o neerlandês sentiu algum desconforto com bola, por jogar do lado esquerdo da defesa, e intranquilidade no momento defensivo. Apesar de tentar ser a voz de comando do seu setor, foi o elemento mais errático da linha de quatro.
Na primeira parte, valeu Rui Silva, que segurou o nulo com uma série de excelentes intervenções, evitando o golo de Maeda, ex-Marítimo, perto do intervalo.
Aproximar Pote de Trincão
Não foi o melhor teste de apresentação aos adeptos, que puderam ver a primeira versão do Sporting 2025/26, mas ainda assim há aspetos positivos a assinalar. O principal chama-se Pedro Gonçalves.
Depois de não jogar praticamente toda a temporada passada, apesar de ter chegado a tempo de apontar o primeiro golo do jogo do título, Pote é, agora sim, opção para Rui Borges e o técnico de Mirandela quer que o internacional português volte às origens.

O camisola 8 começou como médio interior direito e procurou aproveitar a ligação com Trincão para criar desequilíbrios ofensivos e este pode muito bem ser o grande foco ofensivo do novo Sporting.
Apesar de ainda estar a ganhar forma, Pedro Gonçalves mostrou vários pormenores técnicos interessantes e simplificou jogadas no corredor central, criando essa ligação com Trincão que apareceu sempre nas melhores jogadas da primeira parte - foi de Pote o cruzamento para o falhanço de Matheus Reis. Muito do Sporting 2025/26 passará pelos pés desta dupla.
Os reforços
A indefinição à volta da situação de Viktor Gyökeres tem limitado a ação do Sporting no mercado, sendo certo que será preciso contratar, pelo menos, um substituto para o avançado sueco, no entanto já deu para ver os dois reforços contratados para a nova temporada.
O georgiano Giorgi Kochorashvili teve direito a pouco mais de 30 minutos e, com exceção da perda de bola que origina o lance do 0-2, deixou uma série de notas bastante positivas.

Com vontade de assumir o miolo leonino (entrou para o lugar de Hjulmand), mostrou-se no passe longo, mas também nas movimentações, aparecendo várias vezes à entrada da área para tentar desequilibrar ofensivamente.
Perto do fim, em esforço, tentou reduzir a desvantagem com um remate torto que não incomodou Sinisalo, mas que valeu os aplausos dos adeptos sportinguistas, claramente agradados com a forma como o ex-Levante se apresentou no Algarve. Fica a curiosidade para perceber de que forma se pode adaptar com o capitão Morten Hjulmand ao seu lado.
Quanto a Alisson, o ex-Leiria esteve menos minutos em campo, até porque participou no particular frente ao Portimonense, mas teve um bom pormenor no corredor esquerdo, num lance que depois é mal finalizado por Trincão. Tendo em conta à falta de opções para esse setor, não será de estranhar que o jogador brasileiro tenha minutos na reta inicial da temporada.