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Catalunha conquista o "jogo pela paz" frente à Palestina (2-1)

Catalunha conquistou o "jogo pela paz" frente à Palestina
Catalunha conquistou o "jogo pela paz" frente à PalestinaCredit: Javier Borrego / Shutterstock Editorial / Profimedia

Num encontro particular "pela paz", a Catalunha venceu a Palestina (2-1), num estádio de Montjuic claramente favorável à causa palestiniana.

Recorde as incidências da partida

Um jogo que esteve perto de não acontecer. Inicialmente agendado, depois ameaçado de cancelamento, primeiro sem estádio definido e finalmente acolhido em Montjuic, este “jogo pela paz”, como foi designado pelas federações catalã e palestiniana, acabou por realizar-se esta terça-feira, no estádio onde o Barça joga em exílio há duas épocas. O pontapé de saída, marcado para as 17:30, dificultou um início com casa cheia num país onde terminar o trabalho às 18 ou 19 horas é habitual.

Nos arredores do estádio, nas escadas e tapetes rolantes que conduzem à colina de 185 metros onde se ergue o Lluís Companys, as bandeiras independentistas catalãs misturavam-se com as palestinianas, numa atmosfera menos intensa do que a vivida no último fim de semana em Bilbau. Os adeptos de ambos os lados, unidos sobretudo pela defesa da liberdade dos povos, apressavam-se para não perder os hinos, fortemente aplaudidos, enquanto das bancadas ecoavam gritos de “llibertat Palestina” e “independència”, cada lado a apoiar a causa do outro.

Golo palestiniano mais aplaudido do que os golos da casa

A confraternização dura pouco. Aos quatro minutos, a Catalunha inaugura o marcador num livre largo batido por Sergio Gomez, que sobrevoou a área e encontrou Ilie Sanchez, defesa-central do Austin FC, a cabecear para o 1-0. O golo foi festejado pelos jogadores, mas menos efusivamente pelas bancadas, onde se ouviu mais o cântico contra Espanha. A seleção catalã assumiu por completo o controlo do jogo e obrigou o guarda-redes palestiniano Rami Hamadeh a duas excelentes defesas perante Jofre Carreras e, pouco depois, Antoniu Roca, aos 7 e 16 minutos.

O primeiro remate da Palestina, muito por cima, foi recebido com aplausos por um público cada vez mais rendido à causa dos visitantes, aos 17 minutos. O mesmo sucedeu pouco depois, aos 19', quando Zaid Qunbar falhou um livre, ainda assim aplaudido nas bancadas.

Mas é a Catalunha que voltou a marcar, ampliando a vantagem graças a um autogolo. Joel Roca cruzou da esquerda e Ameed Mahajna desviou inadvertidamente para a própria baliza, fazendo o 2-0 aos 27 minutos. Antes do intervalo, enquanto nas bancadas se desenrolava um tifo que unia as bandeiras catalã e palestiniana, Zeidan reduziu para 2-1 ao desviar de cabeça um canto, aos 30 minutos.

E o aplauso foi unânime: foi o golo mais celebrado da noite até então, apesar das grandes bandeiras independentistas que se destacam nos quatro cantos do reduto catalão. Pouco depois, numa nova investida de Qunbar e numa saída completamente falhada de Arnau Tenas, ex-guarda-redes do PSG e agora no Villarreal, a Palestina esteve muito perto de chegar ao 2-2. A bola, porém, acabou apenas na malha lateral, aos 41 minutos.

Uma segunda parte de união mais do que de espetáculo

No regresso dos balneários, o speaker anuncia uma boa notícia: 30 018 espectadores marcaram presença no vento gelado de Montjuic. É menos do que os 53 mil que estiveram em Bilbau no sábado, mas um número assinalável para um jogo confirmado há menos de dez dias. No relvado, Rami Hamadeh voltou a destacar-se entre os postes, perante um onze catalão praticamente renovado. Os recém-entrados tornam-se rapidamente perigosos, com Jordi Cano e Jaume Jordi a tentar a sua sorte em remates rápidos após receberem a bola, aos 64 e 68 minutos.

Mas esta Catalunha, individualmente menos forte do que a equipa que iniciou a partida, deixou o jogo cair para um ritmo mais lento. O ambiente nas bancadas acompanhou essa quebra, despertando sobretudo para entoar em uníssono contra Espanha e Israel. Isolado, Cano continuou a batalhar na frente de ataque. O apito final libertou os 22 jogadores e também o público, que procurou um momento de união e cantou em coro: “Visca Catalunya y visca Palestina”.

Apesar do fraco espetáculo da segunda parte, os adeptos mantêm-se nas bancadas para lá dos 90 minutos, aplaudindo as duas equipas, que dão a volta de honra lado a lado. Os jogadores palestinianos recebiam ainda mais aplausos do que os restantes, antes de posarem para uma fotografia conjunta com todos os protagonistas deste histórico jogo pela paz.