Altos e Baixos: de Messi e Buendía aos boxers de Guarrotxena e à crise profunda da Fiorentina

Lionel Messi ergue o seu 48.º troféu
Lionel Messi ergue o seu 48.º troféuELSA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / GETTY IMAGES VIA AFP

Oito histórias do futebol internacional: feitos individuais, golos decisivos, quedas inesperadas e momentos críticos que marcaram o último fim de semana. Um retrato dos altos e baixos da semana no panorama global do desporto-rei.

Alto: Lionel Messi (Inter Miami)

Lionel Messi acrescenta mais um capítulo à sua interminável coleção: o Inter Miami conquistou a MLS e o argentino atingiu a marca de 48 (47 para os mais rigorosos) títulos na carreira, um património que já ultrapassa qualquer comparação histórica. É o seu primeiro grande triunfo nos Estados Unidos, depois da Leagues Cup, Supporters’ Shield e do título da Conferência Este (este último nem todos reconhecem), e confirma que, mesmo longe da Europa, o seu impacto continua a ser decisivo. 

Mas não fica por aqui: a final frente aos Vancouver Whitecaps encerra um ano intenso, mas à sua frente abre-se um 2026 que pode enriquecer ainda mais o seu palmarés, entre novos desafios com o Inter Miami e o Mundial com a Argentina. Quase vinte anos depois do primeiro troféu, Messi continua a reinar no território exclusivo dos génios intemporais.

Baixo: Iker Guarrotxena (FC Goa)

Uma das cenas mais insólitas do ano: Iker Guarrotxena foi expulso no túnel de acesso aos balneários, perante o olhar incrédulo do treinador e dos colegas, antes mesmo do início da meia-final da Supertaça indiana. O motivo? Usava roupa interior (boxers azuis) que não cumpria o regulamento e, segundo o árbitro, protestou de forma exagerada quando lhe pediram para trocar. Resultado: cartão vermelho antes sequer de entrar em campo. 

O Goa, pelo menos, pôde substituí-lo antes do apito inicial, jogou com onze e venceu por 2-1 frente ao Mumbai City, garantindo o acesso à final, que o Goa conquistou nos penáltis frente ao East Bengal, sem o suspenso Guarrotxena que, por causa de uns boxers errados, não pôde desfrutar plenamente do momento de glória do seu clube. 

Alto: Emiliano Buendía (Aston Villa)

O argentino entrou aos 86 minutos e decidiu um jogo que pode marcar a época da sua equipa. Contra um Arsenal invicto há mais de três meses, o seu golo aos 90+4 minutos foi uma sentença definitiva no meio do caos que se instalou na área antes do remate vitorioso. 

O Aston Villa de Emery chega assim aos 30 pontos e mantém-se colado ao topo, enquanto os Gunners abrandam (apenas duas vitórias nos últimos cinco jogos) e já sentem a pressão do Manchester City, que venceu o Sunderland

Baixo: Fiorentina

O conjunto viola já é presença habitual na nossa rubrica. E sempre entre os... baixos. A Fiorentina afunda-se com uma regularidade preocupante: última na classificação, com apenas dois pontos nas últimas cinco jornadas e zero vitórias após 14 rondas. O efeito Vanoli, chamado para inverter o rumo depois de Pioli, não só não se fez sentir: a equipa parece ainda mais frágil com ele ao comando. 

O 3-1 sofrido frente ao Sassuolo desencadeou a contestação dos adeptos. O clube, por seu lado, deu um voto de confiança ao treinador, mas considerou a exibição em Reggio Emilia inadequada. No próximo domingo, o duelo com o Verona já é visto como decisivo. A sensação, porém, é que a direção está refém de um preocupante estado de confusão.

A desesperada situação de classificação da Viola
A desesperada situação de classificação da ViolaFlashscore

Alto: Yan Diomandé (Leipzig)

O homem da máscara já parece um veterano, e não um jovem de 19 anos na sua primeira grande oportunidade. Frente ao Eintracht, Yan Diomandé assinou o primeiro hat-trick da carreira em apenas 18 minutos, tudo isto enquanto jogava com uma máscara protetora.

O primeiro golo é puro oportunismo, o segundo mostra qualidade: controlo orientado, drible em espaço curto e remate de pé esquerdo ao segundo poste. O terceiro, em campo aberto, confirma um talento em rápida ascensão. E, a três minutos do fim, recebe a merecida standing ovation. Contas feitas, Diomandé já é uma das sensações da Bundesliga.

Baixo: Os clubes de Madrid

Para Diego Pablo Simeone é um momento de crise real: duas derrotas em quatro dias, primeiro 3-1 no Camp Nou e depois 1-0 em San Mamés. Mas o dado mais preocupante é o desempenho fora de casa: apenas nove pontos conquistados, com duas vitórias, três empates e três derrotas. Ainda assim, o técnico argentino insiste que "tirando as equipas especiais, quase todas têm problemas fora": afirmação desmentida pelos números: Villarreal, Betis e Sevilha somaram mais pontos fora do que o Atleti. E, depois de um mercado de verão tão luxuoso como o dos colchoneros, ouvir uma frase destas do Cholo é mesmo difícil de aceitar...

Mas se Atenas chora, Esparta não sorri. Do outro lado da capital espanhola, o Real de Xabi Alonso voltou a tropeçar: desta vez derrotado pelo Celta de Giraldez e Williot, autor de dois golos, e pelo próprio nervosismo: dois cartões vermelhos inexplicáveis para os blancos, que veem assim o Barça distanciar-se para +4.

E o Barcelona vai-se embora
E o Barcelona vai-se emboraFlashscore

Alto: Ethan Mbappé (Lille)

Apesar de Kylian não ter marcado frente ao Celta, a família Mbappé continua a dar histórias ao futebol: desta vez foi Ethan, de 18 anos, a decidir o Lille–Marselha com um belo golo. Receção suave à entrada da área, remate de pé esquerdo ao segundo poste e jogo encaminhado ao fim de dez minutos. 

Ethan não só decidiu o encontro, como jogou com grande personalidade, correu, pressionou e ajudou defensivamente. Por seu lado, a equipa de De Zerbi, que vinha de um 2-2 com Toulouse, perdeu mas manteve o terceiro lugar, partilhado precisamente com o Lille. O Marselha rematou apenas duas vezes à baliza, sinal da solidez do Lille. Para o irmão mais novo de Kylian foi a primeira grande noite na Ligue 1, e tudo indica que não será a última.

Baixo: Paulo Gazzaniga (Girona)

O Girona caiu por 3-0 em Elche e Gazzaniga voltou a ser alvo de críticas. O pesadelo materializou-se entre o final da primeira parte e o início da segunda: imóvel no primeiro golo, grande indecisão no segundo e erro gravíssimo no terceiro, quando entregou literalmente a bola a Rafa Mir, que marcou com a baliza escancarada. 

E pensar que o Elche não vencia há sete jornadas. A verdade é que a equipa de Michel não consegue sair da montanha-russa em que entrou desde o início da época e, pior ainda, o seu guarda-redes titular, já muito criticado nas últimas partidas, parece ter perdido confiança e clareza.