Na ressaca da Liga dos Campeões, os clubes regressam aos campeonatos domésticos para um fim de semana de duelos entre gigantes, surpresas e líderes. Curiosamente, a maior parte desses jogos é disputada na tarde de domingo, um cardápio com mais ação do que um filme de Michael Bay.

Bayer Leverkusen-Dortmund

Neverkusen é a alcunha que atormenta os adeptos do Bayer, apesar de os melhores esforços do Borussia Dortmund para ficar com esse título... Basta ver a fantástica derrocada no final da época passada, em que viu escapar o título na última jornada, ao empatar em casa com o Mainz 05, permitindo ao Bayern celebrar o 11.º título consecutivo.

Este ano, há um novo concorrente liderado por alguém que sabe muito bem o que é - e como - ganhar: Xabi Alonso. O espanhol chegou a Leverkusen a meio da temporada passada, quando o clube estava em zona de despromoção, e conseguiu, ainda assim, terminar em lugar europeu. Com apenas um empate nos 20 jogos oficiais disputados esta campanha - e logo contra o Bayern de Munique -, os farmacêuticos lideram a Bundesliga com 34 pontos e são a melhor equipa da Europa.

O Dortmund, por seu lado, ocupa o quarto lugar e voltou à instabilidade que tanto o caracteriza. No entanto, a vitória a meio da semana em San Siro (1-3) fez com que o clube se tornasse no primeiro apurado para os oitavos de final no grupo da morte (PSG, Newcastle e AC Milan) da Liga dos Campeões. Moralizados e com um Adeyemi de regresso aos golos (marcou dois aos rossoneri), o conjunto de Terzic é sempre capaz de bater o pé a qualquer outra equipa. 

Ainda assim, a vitalidade e consistência - segundo melhor ataque e segunda melhor defesa - do Leverkusen que ganha e encanta acaba por levar a melhor a uma equipa que não convence (25 golos marcados e 19 sofridos). Já com uma diferença de 10 pontos entre ambas, poderá ser a altura ideal para Xabi Alonso arrumar desde já com um possível candidato da corrida ao título.

Prognóstico: Bayer Leverkusen e mais de 2,5.

Manchester City-Tottenham

10 jogos consecutivos sem perder deram a Ange Postecoglou o melhor início de sempre de um treinador na Premier League. Só que, na receção ao Chelsea (1-4), o conto de fadas começou a tornar-se pesadelo e os Spurs averbaram três derrotas consecutivas, tendo agora pela frente uma complicada visita ao Etihad diante do campeão inglês e europeu. 

Guardiola deixou rasgados elogios à "coragem" do companheiro de profissão, dizendo mesmo que "pessoas como Postecoglou tornam o futebol num sítio melhor". Mas talvez seja melhor o espanhol focar-se no seu próprio plantel... Depois de um início algo tremido e com derrotas consecutivas com o Wolves e o Arsenal, os skyblues voltaram ao caminho dos triunfos... até voltarem a tropeçar. Dois empates consecutivos com o Chelsea (4-4) e o Liverpool (1-1), permitiram ao Arsenal isolar-se no topo da tabela.

Os gunners podem - e devem - aumentar a distância na tabela com uma receção ao Wolves, por isso tanto Manchester City, como os Spurs, têm a obrigação de ganhar para continuar a manter a pressão e não perder o comboio da liderança - com Liverpool e Aston Villa também metidos ao barulho. 

Mesmo sem contar com a qualidade do plantel, consistência de jogo e individualidades, as múltilpas baixas do Tottenham acabam por facilitar a escolha de um favorito. Bentancur, Maddison, Perisic, Richarlison, Romero (suspenso), Sessegnon, Van de Ven e Solomon estão fora de ação, Pape Sarr em dúvida. No City, Kovacic e Matheus Nunes não devem ir a jogo, Kevin de Bruyne só regressa no final do ano.

Prognóstico: Manchester City vence.

Nápoles-Inter

Em Itália há duelo entre o campeão em título e o atual líder. A alegria napolitana deu lugar à cólera sob o reinado de Rudi Garcia ao comando dos azurri, que estão em quarto lugar e ainda não garantiram a presença nos oitavos da Champions num grupo relativamente fácil (Real Madrid, SC Braga e Union Berlim). Por seu lado, Inzaghi aguentou o lugar apesar da contestação na temporada passada e premiou os adeptos com um belo arranque de época:

Uma derrota e dois empates no campeonato são as únicas manchas num registo até então notável dos nerazurri, com o melhor ataque (30 golos) e a melhor defesa (sete) da prova. O estilo pode até não convencer, mas o pragmatismo traz resultados. De sublinhar também que os milaneses pouparam os titulares a meio da semana com o Benfica e chegam motivados por terem recuperado de uma desvantagem de três golos nesse mesmo jogo. 

A nova era napolitana, com o regresso de Walter Manzarri ao banco de suplentes, começou bem com um triunfo na sempre difícil deslocação a Bérgamo, diante da Atalanta (1-2). Mas, a meio da semana, o técnico foi obrigado a queimar peças importantes na visita ao Bernabéu na tentativa de selar o apuramento, tendo saído defraudado (4-2). A verdade é que a equipa nunca mais foi a mesma desde a saída de Spalletti e Kvaratskhelia e Osimhen não podem fazer tudo sozinhos.

Com a equipa cansada e o avançado nigeriano ainda a recuperar ritmo de jogo após lesão, os napolitanos vão receber um Inter com Lautaro, Thuram, Barella, Dimarco e companhia de pernas frescas e com o Scudetto na mente. Uma coisa é certa: o estádio Diego Armando Maradona vai estar a rebentar pelas costuras no apoio fervoroso à sua equipa.

Prognóstico: Menos de 2,5 e Inter não perde.

Barcelona-Atlético Madrid

Este... é incontornável. Pelos emblemas em questão e pela quantidade de casos, casinhos e autênticos blockbusters entre estas duas equipas nos últimos anos. Heróis que se transformam em traidores, némesis que mudam de camisola, uma relação tóxica, duas ideias de jogo que chocam entre si, o drama, o horror... A NOVELA. É LaLiga e por isso gostamos tanto dela. 

Domingo às 20:00, João Félix reencontra Simeone (com uma luva branca escondida no bolso à lá Éder) e os mal-amados Griezmann e Depay vão receber vaias dos que antes os apludiram. Focando no que é "nosso", o avançado português parece ter reencontrado os golos - e tinha logo de ser contra o FC Porto - mesmo a tempo do jogo grande e João Cancelo está a fazer uma época estrondosa. O flanco esquerdo do ataque culé, assim como a ameaça sempre presente de Lewandowski, ameaçam a fortaleza defensiva da capital.

Indissociáveis, o Atlético de Madrid e Simeone parecem ter voltado a encontrar o caminho da felicidade - como comprova o recente contrato assinado pelo técnico até 2027 -, apesar de o quarto lugar na tabela não espelhar a comunhão vivida dentro do balneário. Os rojiblancos já se apuraram para os oitavos da Champions e Griezmann continua a ser o farol da equipa, tendo já nove golos apontados no campeonato.

Com 31 pontos na tabela, será necessário muito mais do que o fator casa - ainda por cima emprestada - para encontrar um favorito neste duelo. A maior profundidade do Barcelona, assim como o facto de ter mais jogadores desequilibradores em melhor forma, ajuda a pender a balança para o lado blaugrana. Porém, se há coisa que os últimos 12 anos nos ensinaram é a nunca descartar o Atlético de Simeone.

Prognóstico: Barcelona vence.