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Presidente da Bundesliga diz que a rejeição do acordo com investidores é "má para a liga"

Adeptos protestaram contra um projeto de investimento na DFL durante o jogo entre o Wolfsburgo e o Borussia Dortmund
Adeptos protestaram contra um projeto de investimento na DFL durante o jogo entre o Wolfsburgo e o Borussia DortmundAFP

O presidente da Bundesliga, Hans-Joachim Watzke, afirmou esta terça-feira que a rejeição de um projeto de investimento, arquivado após os protestos generalizados dos adeptos, foi "mau para a liga".

Na semana passada, a Liga Alemã de Futebol (DFL), que gere a Bundesliga, abandonou um projeto de investimento de mil milhões de euros, que tinha sido aprovado pela maioria necessária de dois terços dos clubes, em grande parte devido aos protestos dos adeptos, que provocaram grandes atrasos nos jogos.

Os adeptos encheram os relvados com tudo, desde bolas de ténis a moedas de chocolate, em oposição ao plano de trocar uma parte das futuras receitas dos meios de comunicação social da liga por uma injeção de dinheiro à cabeça.

O presidente da DFL, Watzke, disse à AFP e a outros jornalistas, esta terça-feira, que os adeptos "na Alemanha têm um problema com os investidores".

"Os alemães são tradicionais, talvez até um pouco antiquados. Na Alemanha, investidor talvez não seja a melhor palavra", referiu.

O futebol alemão tem um compromisso notável com o controlo e o envolvimento dos adeptos através da regra "50+1", que restringe o grau de influência que um investidor externo pode ter sobre um clube.

Esta regra continua a ser muito popular entre os adeptos alemães, muitos dos quais valorizam-na mais do que a competitividade nacional ou internacional.

A DFL tinha prometido que o novo acordo incluiria proteções favoráveis aos adeptos contra alterações nas horas de pontapé de saída ou a transferência de jogos competitivos para o estrangeiro.

"O nosso contrato com o investidor tinha linhas vermelhas claras de que nada poderia acontecer que fosse um problema para os adeptos, mas o problema é que os adeptos não acreditavam em nós. É de facto um problema da sociedade alemã. Cada ideia que se diz ao público, o público diz 'não é bom'", lamentou.

Watzke afirma que os protestos não refletem a opinião do adepto médio.

"Cinco por cento dos adeptos - o que não é muito, mas são os adeptos organizados - estavam contra. Os adeptos comuns não tinham qualquer problema, mas não disseram a ninguém. Talvez 500 ou 800 no estádio, os adeptos organizados, tinham uma posição clara - nenhum investidor", explicou.

Os protestos mudaram a atmosfera em torno do negócio, com os clubes a ficarem com medo.

"Como dirigente da Bundesliga, sempre tive a sensação de que a clara maioria dos clubes apoiava o acordo, mas nas últimas semanas isso mudou. Quando reconheci que a maioria não estava lá, então parei com isso", acrescentou.

Watzke disse que o resultado vai atingir mais as equipas do meio da tabela, em vez das que estão no topo da pirâmide.

"Podem ter a certeza de que não há problemas para o Bayern Munique e para o Borussia Dortmund. É um problema para os outros clubes do campeonato. O dinheiro do investidor seria perfeito para ajudar toda a Bundesliga a crescer. O Bayern e o Dortmund farão o seu próprio caminho se for necessário", explicou.

Watzke é também diretor executivo do Borussia Dortmund, da Bundesliga, e falava esta terça-feira para anunciar a abertura do primeiro escritório do Dortmund em Nova Iorque, onde o Bayern Munique, também da Bundesliga, está presente há uma década.