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Saída de Thomas Müller marca o fim de um quarto de século de história do Bayern

Thomas Müller na sexta-feira à noite
Thomas Müller na sexta-feira à noiteTOM WELLER/dpa Picture-Alliance via AFP
Depois de 25 anos no Bayern, desde as camadas jovens até à equipa profissional, Thomas Müller prepara-se para virar a página de um quarto de século de história no clube de Munique, mesmo se, aos 35 anos, teria gostado de prolongar o seu contrato por mais uma época.

Com o seu contrato a expirar a 30 de junho, o jogador que disputou 743 jogos pelo clube de Munique (marcou 247 golos) não esconde o facto: sim, escreveu numa mensagem publicada nas suas redes sociais na manhã de sábado, teria gostado de continuar por mais uma época.

Mas o avançado acrescentou que a direção do clube tinha decidido "deliberadamente" não prolongar o seu contrato para além do Mundial de Clubes (15 de junho-13 de julho), que será a sua última competição com o Bayern. "Mesmo que isso não corresponda aos meus desejos pessoais, é importante que o clube siga as suas convicções", admite. Por seu lado, o presidente do conselho de administração do Bayern, Jan-Christian Dreesen, falou de uma "solução conjunta".

Bicampeão da Liga dos Campeões (2013, 2020), doze vezes campeão da Bundesliga (2010, depois de 2013 a 2023) e seis vezes vencedor da Taça da Alemanha, Thomas Müller é uma verdadeira lenda do clube, conseguindo afirmar-se num emblema onde outro Müller, Gerd, marcou os primeiros triunfos nas décadas de 1960 e 1970.

Müller era adorado pelos adeptos de Munique, como se pode comprovar pelo nível de decibéis a cada anúncio do seu nome pelo locutor na Allianz Arena.

No entanto, esse status não lhe deu passe livre, já que passou cada vez mais tempo no banco de suplentes nas últimas duas temporadas. A sua saída, juntamente com a anunciada para o verão de 2026 de Manuel Neuer - o guarda-redes e capitão recebeu uma temporada extra -, marca o fim de uma era no Bayern.

O sonho de uma última final

Thomas Müller, o jogador mais utilizado da história do clube, fez toda a sua carreira no Bayern. Nascido a 13 de setembro de 1989 em Weilheim, no Oberbayern, a cerca de 50 quilómetros a sul de Munique, descobriu o futebol no TSV Pähl antes de ingressar nas camadas jovens do Bayern no verão de 2000, com 10 anos. Estreou-se na equipa principal em agosto de 2008 e assinou o seu primeiro contrato profissional em fevereiro de 2009.

Num quarto de século, nunca foi infiel ao seu amado clube, um registo atípico no futebol do século XXI, onde os jogadores mudam regularmente de clube.

Esta consistência foi recompensada com o seu primeiro triunfo na Liga dos Campeões, em 2013, em Wembley, contra o Borussia Dortmund (2-1), um ano após a cruel desilusão de perder a final em casa contra o Chelsea nos penáltis, depois de já ter perdido a final de 2010 contra o Inter.

Num estádio vazio em Lisboa por causa da covid-19, conquistou uma segunda Liga dos Campeões em agosto de 2020, ao vencer o PSG (1-0). Tal como os seus companheiros de equipa do Bayern, sonha com uma nova "Finale dahoam" (final em casa na Baviera) esta época, com a Allianz Arena a acolher a final da prestigiada competição a 31 de maio.

Os números de Muller
Os números de MullerFlashscore

A par da sua carreira no Rekordmeister de Munique, Müller também construiu a sua lenda com a Mannschaft, tendo jogado o seu primeiro jogo pela seleção nacional a 3 de março de 2010 contra a Argentina na... Allianz Arena. Com 131 internacionalizações, é o terceiro jogador alemão com mais jogos, atrás de Lothar Matthaus (150) e Miroslav Klose (137).

Quatro meses depois da sua primeira internacionalização, e com apenas 20 anos, terminou o Campeonato do Mundo de 2010 na África do Sul como melhor marcador com cinco golos, sucedendo a Klose. Chegou ao topo em 2014, no Campeonato do Mundo do Brasil, e conquistou para a Alemanha a sua quarta estrela (depois de 1954, 1974 e 1990).

No Brasil, marcou mais cinco golos, incluindo um na lendária vitória por 7-1 nas meias-finais contra os anfitriões, antes de vencer a Argentina por 1-0 após o prolongamento na final no Maracanã.

Müller jogou os seus últimos minutos com a Mannschaft em julho de 2024, num jogo dos quartos de final que foi cruelmente perdido após o prolongamento em Estugarda contra a Espanha (2-1), que viria a vencer a competição continental.

Resumo da carreira:

Conquistas no clube:

Liga dos Campeões (2): 2013, 2020

Campeonato do Mundo de Clubes (2): 2013, 2020

Supercopa da Europa (2): 2013, 2020

Campeonato Alemão (12): 2010, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021, 2022, 2023

Taça da Alemanha (6): 2011, 2013, 2014, 2016, 2019, 2020

Supercopa da Alemanha (8): 2010, 2012, 2016, 2017, 2018, 2020, 2021, 2022

Carreira internacional:

131 jogos, 45 golos

Primeira internacional: 03/03/2010, Alemanha-Argentina, amigável em Munique (0-1)

Última internacionalização: 05/07/2024, Alemanha-Espanha, quartos de final do Euro (1-2 a.p.)

Distinções internacionais:

Campeão do mundo em 2014

Terceiro lugar no Campeonato do Mundo de 2010

Semifinalista do Euro em 2012 e 2016

Honras pessoais

Melhor marcador do Campeonato do Mundo de 2010