O Al-Hilal vai defrontar o Al Ahly do Egito, detentor do título, no Cairo, na terça-feira, e o jogo da segunda mão na capital da Mauritânia, Nouakchott, a 8 de abril.
O Hilal e o seu maior rival, o Al-Merreikh, mudaram-se para a Mauritânia depois de, em abril de 2023, ter eclodido uma luta pelo poder entre o exército sudanês e uma força paramilitar do país.
A guerra civil causou dezenas de milhares de mortos e deslocou mais de 12 milhões de pessoas, segundo as Nações Unidas.
Florent Ibenge, treinador do Al-Hilal, nascido na República Democrática do Congo, recordou recentemente o início da guerra aos meios de comunicação social mauritanos.
"A minha família estava comigo no Sudão e fugimos para França via Djibuti. Foi uma experiência repentina e assustadora", disse o treinador de 63 anos, que está no Hilal desde 2022.
Desesperado por um treino regular, o campeão sudanês de 30 anos aceitou uma oferta para jogar no campeonato mauritano.
O clube utiliza o estádio nacional de Nouakchott para receber os jogos da Liga dos Campeões e chegou aos quartos de final esta época, ao vencer o Grupo A.
"Estamos extremamente gratos aos nossos irmãos mauritanos por nos permitirem jogar na sua liga nacional", disse Abdelrahman, avançado de 31 anos, aos meios de comunicação social mauritanos.
"Jogar no campeonato mauritano deu-nos uma prática de jogo vital para os nossos compromissos africanos", assumiu.
O Hilal está atualmente em quarto lugar, a seis pontos do líder Nouadhibou, mas tem quatro jogos a menos. Os sudaneses venceram 11 jogos, empataram quatro e perderam dois.
Abdelrahman jogou pela primeira vez pelo Hilal em 2010, aos 16 anos, e teve passagens pelo Merrikh e pelo clube argelino Bordj Bou Arreridj antes de voltar ao "Blue Wave".
Abdelrahman acredita que o facto de o Hilal ter sido amplamente descartado como candidato à Liga dos Campeões esta temporada ajudou a garantir a qualificação para os quartos de final.
"Éramos os outsiders do nosso grupo", disse Abdelrahman, referindo-se a um grupo que incluía os ex-campeões TP Mazembe, da República Democrática do Congo, e Mouloudia Alger, da Argélia, além do Young Africans, da Tanzânia.
Mas o Hilal teve um excelente começo, vencendo o Young Africans e o Mouloudia, fora de casa, e o Mazembe, na Mauritânia, para chegar à metade do campeonato com nove pontos.
Em seguida, empatou com o visitante Mouloudia e garantiu a qualificação para os quartos de final com duas jornadas de antecedência - um feito que nem mesmo o atual campeão Al Ahly conseguiu igualar.
"Superamos o obstáculo de não poder jogar na nossa querida terra natal porque somos guerreiros", disse Abdelrahman.
"A nossa equipa diverte-se com o facto de ser a zebra. Derrotar o Young Africans na Tanzânia fez com que a nossa campanha na fase de grupos começasse muito bem. Isso deu-nos confiança. O sucesso foi conquistado com muito esforço. Trabalhámos incansavelmente para alcançar vitórias na liga mauritana e em África. Espero que possamos manter a nossa boa forma contra o Ahly", desejou.
Os clubes já se enfrentaram oito vezes na Liga dos Campeões. O Ahly venceu as quatro partidas disputadas no Egito. O Hilal venceu duas e empatou duas no Sudão.
O Hilal estreou-se na competição africana de clubes de elite - inicialmente chamada Taça dos Clubes Campeões Africanos - em 1966 e chegou às meias-finais.
O clube esteve mais perto de levantar o troféu em 1987 e 1992, terminando como vice-campeão contra o Ahly e o Wydad Casablanca, de Marrocos.
Esta temporada, o Hilal está a fazer a sua 24.ª participação consecutiva, chegando às meias-finais quatro vezes durante a notável série.
O Hilal será o menos favorito contra o Ahly, que espera tornar-se o primeiro clube a vencer a Liga dos Campeões três vezes consecutivas.