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Análise: Inglaterra procura fazer história frente à Sérvia em Wembley

Phil Foden, Marcus Rashford e Reece James, de Inglaterra, durante um treino
Phil Foden, Marcus Rashford e Reece James, de Inglaterra, durante um treinoJohn Walton / PA Images / Profimedia

Os últimos jogos de qualificação para o Mundial-2026 decorrem durante esta pausa internacional, com a Inglaterra de Thomas Tuchel a defrontar a Sérvia e a Albânia.

Apesar de os Três Leões poderem, sem dúvida, encarar estes jogos com tranquilidade, já que garantiram presença na principal competição da FIFA, Tuchel dificilmente permitirá que os seus jogadores relaxem.

Tuchel não deixa margem para dúvidas

O treinador deixou isso claro numa entrevista recente.

"O que estamos a tentar construir é uma ligação forte, uma energia, um grupo, uma equipa, uma irmandade à qual todos querem pertencer", afirmou.

"E também criar uma competição em que todos saibam que, se desistirem no momento errado, ou numa situação de 50-50, a porta pode fechar-se porque outro toma o meu lugar, outro veste a minha camisola", acrescentou.

"Ninguém nos dá sinais de que este seja um bom momento para descansar só porque já estamos qualificados, e também não o aceitaremos, por isso é uma energia que se alimenta a si própria. É este o momento em que estamos", explicou Thomas Tuchel.

O treinador principal da Inglaterra também deixou recados a alguns dos jogadores mais experientes, sugerindo que nem todos irão aos EUA no próximo verão, tornando estes dois próximos jogos ainda mais relevantes para eles.

Registo histórico pode prolongar-se

Com nove vitórias nos últimos nove jogos oficiais, oito partidas sem conceder golos – a maior sequência de sempre de balizas invioladas – e 18 golos marcados em seis jogos de qualificação, os Três Leões atravessam um momento verdadeiramente histórico.

Se conseguirem manter este nível nos últimos 180 minutos de qualificação, enviarão uma mensagem clara a todas as seleções que vão competir no Mundial no próximo ano.

A Inglaterra pode alcançar dez vitórias consecutivas pela segunda vez na sua história, e apenas Espanha – entre 2014 e 2016 – conseguiu vencer dez jogos oficiais seguidos sem conceder golos, pelo que os ingleses têm a oportunidade de igualar esse registo e até superá-lo no próximo ano.

Harry Kane em grande forma

Em Harry Kane, os Três Leões contam com o avançado mais em forma do futebol europeu. Em 20 jogos por clube e seleção na época 2025/26, já soma impressionantes 28 golos, sendo responsável por seis dos 18 golos da Inglaterra na qualificação, ao serviço do Bayern Munique.

Os dois golos frente à Letónia permitiram-lhe marcar mais do que uma vez num jogo pela 13.ª vez pela seleção, superando o registo de Nat Lofthouse, e Wembley tem um significado especial para Kane: nenhum jogador inglês marcou mais do que os seus 30 golos em 38 jogos no mítico estádio.

Se voltar a marcar em Londres, tornar-se-á apenas o quarto jogador inglês da história a marcar em cinco jogos consecutivos, algo que ainda não conseguiu até agora.

​Os sérvios chegam à capital inglesa com a memória da pesada derrota por 5-0 sofrida no jogo da primeira volta, em setembro.

Esforço monumental exigido à Sérvia

Será preciso um esforço extraordinário para os visitantes conseguirem algo deste encontro, e a complacência inglesa poderá ser o único fator que lhes permita alcançar esse objetivo.

Para contextualizar o desafio que os homens de Veljko Paunovic vão enfrentar em Wembley, a Inglaterra lidera em passes bem-sucedidos (4.061), precisão de passe (92%), posse média (75,8%), passes por sequência (6,4), tempo médio de sequência (17,8 segundos) e sequências em jogo corrido com dez ou mais passes (172).

A equipa de Tuchel também soma 50 remates enquadrados durante a qualificação, o segundo melhor registo entre todas as seleções.

Os números da Sérvia são modestos em comparação, embora o sétimo melhor registo de eficácia de passe (89%) indique que podem causar dificuldades aos anfitriões se tiverem tempo para construir jogo.

Sete jogos sem perder fora de casa

Nunca venceram em solo inglês, somando três empates e cinco derrotas (como Sérvia e Montenegro), mas chegam com uma boa sequência fora de portas, estando invictos há sete jogos fora do seu país, com cinco vitórias e dois empates.

Apenas três derrotas nos últimos 27 jogos de qualificação mostram que esta é uma equipa difícil de bater, embora duas dessas derrotas tenham ocorrido nos últimos três jogos, incluindo a derrota frente à Inglaterra.

Esses desaires levaram à substituição de Dragan Stojkovic pelo antigo treinador do Reading e do Oviedo, Paunovic, que sabe que provavelmente precisa de um ponto no seu primeiro jogo para manter vivas as esperanças de qualificação da Sérvia, já que a Albânia deverá vencer a Andorra.

As lesões de Marc Guehi e Anthony Gordon afastam ambos da convocatória, enquanto o melhor marcador da Sérvia na qualificação, Aleksandar Mitrovic, também está indisponível.

Assim, a maior responsabilidade ofensiva recairá sobre Dusan Vlahovic. O avançado da Juventus é quem mais rematou entre os sérvios durante a qualificação (24) e também quem mais remates enquadrados conseguiu (nove).

Por isso, Jordan Pickford e a sua linha defensiva terão de estar especialmente atentos, sobretudo na primeira meia hora, período em que a Sérvia costuma marcar a maioria dos seus golos.

A maior parte dos golos da Inglaterra surge nos 15 minutos que antecedem o intervalo, precisamente o mesmo período em que a Sérvia concedeu mais golos.

Perspetiva-se, portanto, um duelo fascinante. Wembley aguarda...

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Jason Pettigrove
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