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Análise: Phil Foden corre o risco de ficar fora da convocatória de Inglaterra para o Mundial?

Phil Foden, extremo do Manchester City e de Inglaterra
Phil Foden, extremo do Manchester City e de InglaterraProfimedia

A presença de Phil Foden na convocatória de Inglaterra para o Mundial-2026 pode não estar tão garantida como se pensava.

Thomas Tuchel deixou de fora vários jogadores de renome na sua mais recente convocatória de Inglaterra. Jude Bellingham e Jack Grealish ficaram em casa, mas talvez o jogador que mais motivos tem para se preocupar seja o próprio Phil Foden, do Manchester City.

O extremo de 25 anos não representa Inglaterra desde a vitória por 3-0 frente à Letónia, em março, partida em que entrou a partir do banco para assistir o golo de Eberechi Eze, ainda que tenha sido uma assistência simples.

Com muita concorrência nas suas posições preferidas e um rendimento irregular no clube, será que Foden pode mesmo ficar de fora da convocatória no próximo ano?

Abundância de opções de Inglaterra

Pep Guardiola tem utilizado Foden em todas as posições do ataque desde que este se estreou na equipa principal do Manchester City em 2016, mas é consensual que o seu melhor rendimento surge como número dez, a jogar perto do avançado.

Infelizmente para Foden, é precisamente essa a posição onde Tuchel tem mais soluções. Bellingham é o principal candidato a ser o número dez titular de Inglaterra quando o torneio começar, mesmo não tendo sido chamado para a última convocatória.

Logo atrás, surge Cole Palmer. Só questões físicas impediram a sua chamada desta vez, e desde que os problemas na virilha não se tornem crónicos e continue a jogar tanto como desde que chegou ao Chelsea, é difícil argumentar que Foden esteja atualmente acima do seu antigo colega da formação do City.

Superar estes dois já é complicado, mas Tuchel ainda conta com Eze, Morgan Rogers, Morgan Gibbs-White e, potencialmente, Grealish, embora o jogador do Everton seja mais extremo-esquerdo.

Existe ainda um problema mais profundo: os números dez de Inglaterra simplesmente não marcam golos suficientes. Foden soma apenas quatro golos em 45 internacionalizações, sendo que só Bellingham tem mais, com seis em 44 jogos, embora ambos tenham jogado muito mais do que os restantes.

Evitar erros do passado

Inglaterra foi, com razão, acusada de tentar encaixar jogadores fora das suas posições naturais no passado, desde colocar Paul Scholes na esquerda para acomodar a dupla Frank Lampard-Steven Gerrard no meio-campo, até experimentar Trent Alexander-Arnold como médio.

Tuchel parece ter reconhecido isso, falando sobre a importância de construir uma equipa em vez de “juntar os jogadores mais talentosos”, antes da vitória por 3-0 no particular frente ao País de Gales, na quinta-feira (9 de outubro).

Questionado sobre a decisão de não convocar Bellingham, Foden ou Grealish, afirmou: “Neste momento, mantemos a nossa escolha, e a mensagem radical é que não juntamos os jogadores mais talentosos, escolhemos aqueles que trazem coesão e espírito de equipa para sermos os melhores.”

“Vi recentemente um documentário sobre os New England Patriots e ouvi uma frase: ‘não juntamos os jogadores mais talentosos; construímos uma equipa’. Não podia estar mais de acordo, é isso que tentamos fazer. Não estamos a juntar os mais talentosos, estamos a construir uma equipa. São as equipas que ganham troféus, mais ninguém", acrescentou.

Forma irregular no clube

Depois de vencer o prémio de Jogador do Ano da PFA em 2023/24, com 27 golos e 12 assistências em 53 jogos em todas as competições, Foden teve uma época de 2024/25 para esquecer, marcada por problemas dentro e fora de campo.

Nem tudo foi culpa sua. O Manchester City esteve muito aquém do habitual depois de Rodri ter sofrido uma lesão grave no joelho logo no início da temporada. Guardiola conseguiu corrigir a situação perto do fim, e o City terminou em 3.º.

Foden, no entanto, jogou pouco, somando apenas 244 minutos nos últimos dez jogos da Premier League, sem qualquer golo ou assistência nesse período, numa fase em que o clube conseguiu, ainda assim, salvar a época.

Agora, parece ter deixado tudo isso para trás e voltou a mostrar alegria em campo. A exibição de Foden na vitória por 2-0 sobre o Nápoles, na Liga dos Campeões, foi a melhor que vimos dele em muito tempo.

“Nem imaginam o quanto sentimos a falta do Phil”, disse Guardiola aos jornalistas após o jogo.

“Nestes dois jogos, voltou a ser o Phil que conhecemos. Jogou perto do Erling no ano em que conquistámos o quarto título consecutivo, e foi o melhor jogador da Premier League. Na época passada, não pôde estar presente, mas tem um faro de golo dentro da área e pode voltar a marcar um ou dois golos. Estamos muito felizes porque sei o quanto ele está feliz, e isso é o mais importante. O resto vem naturalmente, o seu talento incrível fala por si", acrescentou o treinador espanhol.

Veredicto

Tuchel está claramente a dar prioridade ao coletivo em detrimento das individualidades na sua missão de conquistar o Mundial-2026. É pouco provável que o alemão continue, aconteça o que acontecer, pelo que não hesita em tomar decisões difíceis.

Phil Foden está a recuperar a forma que leva muitos a considerá-lo o melhor jogador inglês desde Wayne Rooney, mas com tanta concorrência à sua frente, terá de corresponder às expectativas ou arrisca-se a ficar para trás.