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A ausência do lendário Cristiano Ronaldo levou Roberto Martínez a fazer cinco alterações em relação ao onze que perdeu na Irlanda (2-0), com destaque para a escolha de Gonçalo Ramos para procurar os golos habitualmente marcados pelo capitão. Nélson Semedo, Renato Veiga, Bruno Fernandes e Rafael Leão foram as outras novidades.

Em ambiente de festa sem esquecer a importância do resultado, este duelo serviu também para assinalar dois marcos: a seleção usou um equipamento de homenagem a Eusébio da Silva Ferreira, que há precisamente 60 anos conquistou a primeira Bola de Ouro para o futebol português, no mesmo dia em que se assinala 22 anos da inauguração do Estádio do Dragão, recinto talismã onde a equipa das quinas garantiu três qualificações para fases finais nos últimos três anos.
Sem o capitão, mas com ketchup
O início do jogo ficou marcado pelos aplausos que inundaram as bancadas em homenagem a Jorge Costa, antigo internacional português, jogador e dirigente do FC Porto, que faleceu em 05 de agosto. O arranque foi de sentido único perante uma Arménia que lutava apenas pelo orgulho e cujo selecionador admitiu fazer experiências. Aos sete minutos, Bruno Fernandes cobrou um livre lateral em direção à baliza, o guarda-redes defendeu com dificuldade para o poste e Renato Veiga chegou primeiro ao ressalto para se estrear a marcar por Portugal.
No entanto, a festa foi de pouca duração: a equipa baixou o ritmo, focou-se em controlar com bola e, assim que a perdeu, foi castigada. Num rápido ataque da Arménia pela direita, Ranos (em duelo fonético com o avançado luso) deixou Cancelo pelo chão e tirou um cruzamento venenoso para a pequena área, onde apareceu o capitão Spertsyan a antecipar-se e a desviar para anotar o primeiro golo da equipa fora de portas e apenas o terceiro nesta qualificação, aos 18 minutos.
A seleção nacional recompôs-se rapidamente e ficou perto de voltar à vantagem logo a seguir, mas Avagyan fez uma grande defesa a remate de Gonçalo Ramos. Ainda assim, 10 minutos depois, o pistoleiro viria a vingar-se ao intercetar um péssimo passe atrasado de Serobyan para a grande área, contornar o guardião e empurrar para o fundo das redes. Foi o 10.º golo de Ramos pela seleção.
Ainda os adeptos festejavam o segundo e já o terceiro estava a ser cozinhado. A Arménia voltou a facilitar em zona defensiva e, desta vez, foi Nélson Semedo a antecipar-se a um adversário e a tocar para a entrada da área, onde Vitinha e Bruno Fernandes estenderam a passadeira para uma entrada de rompante e com remate de primeira de João Neves, que não deu qualquer hipótese de defesa.
O médio do PSG estreou-se a marcar com um bom remate, mas aparentemente insatisfeito pintou uma verdadeira obra de arte pouco depois: num livre a uns bons 30 metros, assumiu a cobrança com um pontapé que deixou Avagyan imóvel, com a bola a superar a barreira e a bater na trave antes de entrar. O momento da tarde.
O 4-1 no final da primeira parte remetia-nos para a célebre frase de Cristinano Ronaldo de que "os golos são como o ketchup: quando aparecem é tudo de uma vez". Ora, como se pairasse no estádio o espírito do capitão - que deixou o estágio e não marcou presença na partida -, a manita de golos chegou já em tempo de compensação, com Bruno Fernandes a converter uma grande penalidade com toda a calma do Mundo.
Estreia o disco e toca o mesmo
O selecionador da Arménia fez duas alterações para a segunda parte, mas nada mudou a não ser o resultado, com mais um golo da seleção portuguesa, com Gonçalo Ramos em destaque. O avançado recebeu o passe de Bruno Fernandes com uma finta de corpo que deixou um defesa pelo caminho e desmarcou o médio do Manchester United na área que, de primeira, rematou forte e rasteiro para assinalar a meia dúzia. Com este tento, Bruno Fernandes ultrapassou Rui Costa no sexto lugar da lista de melhores marcadores da seleção.
Em ambiente de celebração, Roberto Martínez promoveu imediatamente a estreia de Carlos Forbs (com o número 7 nas costas) e lançou o espalha brasas Francisco Conceição, continuando a gestão com entrada de Félix para o lugar de Vitinha. Portugal jogava com confiança e dava show para deleite das bancadas, com Forbs a arrancar nova grande penalidade. Com o hat-trick na mira, Bruno Fernandes avançou e voltou a levar a melhor sobre o guarda-redes, para estabelecer o 7-1 e ficar a um golo de Nuno Gomes na lista de melhores marcadores.
Talvez desafiado pelo colega de equipa, João Neves não quis ficar atrás e sorrateiramente apareceu à entrada da pequena área para também fazer um hat-trick e carimbar o oitavo golo da seleção, com uma finalização de recurso, mas extremamente eficaz. Pouco depois, Bruno Fernandes voltou a ativar o radar para encontrar Francisco Conceição na área, o extremo trabalhou bem para tirar um defesa da frente, mas rematou por cima da trave.
Já depois de Gonçalo Ramos e Félix terem desperdiçado ocasiões soberanas para marcar o nono, eis que apareceu Francisco Conceição a arranjar espaço à entrada da área para armar um remate forte e rasteiro que igualou o recorde de golos marcados num só jogo pela seleção portuguesa. O nono golo garantiu e simbolizou, curiosamente, a nona presença de Portugal na fase final de um Campeonato do Mundo - depois de 1966, 1986, 2002, 2006, 2010, 2014, 2018 e 2022 - e permitiu igualar o recorde de golos marcados num só jogo (9-0 sobre o Luxemburgo, em 2023).
Melhor em campo Flashscore: Bruno Fernandes (Portugal).

