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Capello não poupa nas palavras: "A Itália é uma seleção válida, Gattuso não é como aqueles que a deixaram a meio"

Fabio Capello
Fabio CapelloANGEL MARTINEZ / GETTY IMAGES EUROPE / Getty Images via AFP

O ex-treinador de Itália, convidado da "Radio Anch'io Sport" da Rai Radio 1, pede que não se misture desporto e política antes do jogo da Azzurra contra Israel. Após o 0-0 em Turim, Capello falou ainda da Juventus e do AC Milan: "Primeira parte muito aborrecida".

"Sim, é preciso jogar, mas deixemos a política de lado. O desporto deve unir e não dividir", disse Fabio Capello, ex-treinador da Juventus e do AC Milan, na Radio Anch'io Sport da Rai Radio 1, sobre o jogo contra Israel que espera a Azzurra para as eliminatórias do Campeonato do Mundo.

Depois, Capello falou de Gattuso como treinador e das hipóteses de a Itália se qualificar para o Campeonato do Mundo.

"Vimos uma Itália agonisticamente válida, que se empenhou em cada bola, com coração e alma. Isto já é um passo em frente. Falta-nos qualidade e velocidade no jogo. Veremos o quanto podemos melhorar nestes jogos que estão ao nosso alcance", explicou.

"Gattuso pegou numa batata quente com muita coragem, não como aqueles que abandonaram o banco a meio do jogo", acrescentou Capello.

"Juve-Milan muito aborrecido"

"O treinador não entra em campo. Prepara os jogos e os movimentos, mas à frente da baliza vão os jogadores. A qualidade do futebol em Itália baixou. Não há jogadores de grande qualidade. A vitória de ontem do Bolonha por 4-0 foi uma exceção. É preciso meter a bola na baliza. Até o Léo marcou dois golos incríveis ontem à noite", afirmou Fabio Capello, confirmando o seu juízo apurado sobre o futebol italiano e, no rescaldo do dececionante empate 0-0 entre a Juventus e o AC Milan, aponta o dedo à falta de avançados de grande qualidade, bem como aos excessos de tática.

"O Juve-Milan não foi um grande espetáculo. A primeira parte foi muito aborrecida, as duas equipas não tiveram coragem para correr riscos. Na segunda parte viu-se algo mais. De duas equipas como esta esperava-se um pouco mais de espetáculo. De facto, no final, foram todos vaiados, e com razão. Não percebi a substituição de Francisco Conceição", assumiu.

Quanto à possibilidade de substituir Rafael Leão em janeiro por um avançado, Capello revelou o seu ceticismo, não só em relação ao AC Milan. 

"Não há avançados a vir para cá. O único que conseguiram trazer para Itália foi Hojlund. Perdeu-se em Manchester, mas sempre teve capacidade. Procurar um jogador assim e pagar-lhe como o Nápoles pagou é muito difícil. O AC Milan é o AC Milan, mas este ano não vai disputar as taças e os jogadores querem disputar a Liga dos Campeões", explicou.

Elogios a Fabregas e a força da Roma

A contraprova das dificuldades da Serie A a emergir no panorama futebolístico atual chama-se Como: "Todos vão ter de contar com a equipa de Fabregas, elogios a ele: o Como joga com uma mentalidade vencedora de uma grande equipa, não de uma equipa de província. Gastaram, escolheram bem os jogadores da escola espanhola. Nós estamos emburrecidos pela tática, ele queria antes jogadores com técnica. A equipa quer emergir como o seu treinador."

Na liderança está o Nápoles, que se debate com a coabitação McTominay-De Bruyne.

"McTominay está numa posição que De Bruyne está a usurpar. Os dois jogadores são muito diferentes: De Bruyne tem uma classe excecional, uma visão de jogo única. McTominay é um jogador de inserção e de força. As duas posições sobrepõem-se. Além disso, falta-lhes apoio no flanco esquerdo: enquanto na direita com Politano são muito perigosos, na esquerda faltam-lhes um pouco. Ontem tentou com Neres, mas foi preciso a iluminação de De Bruyne", analisou o antigo treinador, que fala também do historial da Roma, que levou ao Scudetto em 2001.

"Gasperini tem a mentalidade vencedora e a mentalidade de trabalho, que muitas vezes é difícil de inculcar na Roma. Até agora, tem sido bem sucedido. Tem jogadores tecnicamente capazes como Soulé e Dybala: jogadores com classe, que podem resolver jogos com um golo ou um passe. Nem toda a gente tem isso. A habilidade de Gasperini e o impulso da piazza serão muito importantes para a Roma", concluiu.