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CBF convoca eleições após destituição de Ednaldo Rodrigues

Ednaldo Rodrigues aparece diante da imprensa.
Ednaldo Rodrigues aparece diante da imprensa.André Coelho / EPA / Profimedia
O presidente interino da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) convocou na sexta-feira eleições para renovar a direção na próxima semana, enquanto o presidente afastado Ednaldo Rodrigues luta pela sua saída no Supremo Tribunal Federal.

A turbulência na cúpula da CBF é mais um golpe para a seleção, que esperava acertar o rumo com a chegada iminente de seu novo técnico, o italiano Carlo Ancelotti.

Na quinta-feira, a Justiça do Rio de Janeiro declarou "nulo" o acordo que homologou Rodrigues como presidente em janeiro devido a uma "possível falsificação" de uma assinatura.

O juiz Gabriel de Oliveira Zefiro, do Tribunal de Justiça do Rio, decidiu destituir a direção da CBF e instruiu o vice-presidente Fernando José Sarney a convocar eleições "o mais rápido possível".

Mas a assessoria jurídica da presidência da CBF recorreu da decisão ao Supremo Tribunal Federal.

Os advogados denunciaram uma "afronta direta" à ordem constitucional e pediram ao tribunal medidas cautelares para suspender a destituição, de acordo com um recurso acessado pela AFP na sexta-feira.

Alertaram ainda para "um risco institucional iminente para o regular funcionamento" do organismo que rege o futebol brasileiro.

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Apesar das contestações, uma "assembleia geral eleitoral" foi convocada para 25 de maio para nomear o novo presidente, oito vice-presidentes e outros cargos para o mandato 2025-2029, segundo nota assinada por Sarney na sexta-feira.

Para o departamento jurídico da presidência da CBF, a nomeação de Sarney é "ilegal".

"Como é sabido, a FIFA e a CONMEBOL não reconhecem como legítimos representantes da entidade os indicados judicialmente para substituir a direção eleita pela Assembleia Geral, o que potencialmente sujeita a CBF e as suas seleções nacionais a severas sanções, inclusive a exclusão de competições desportivas internacionais", alertou.

A demissão de Rodrigues ofusca o anúncio desta semana do italiano Ancelotti, ainda técnico do Real Madrid, no comando da seleção nacional a partir de 26 de maio.

19 das 27 federações de futebol do país apelaram a "virar a página da judicialização e da instabilidade" e apoiaram a realização de novas eleições.

"O cenário exige uma renovação de ideias", afirmaram as organizações, sem citar o nome de Ednaldo Rodrigues.

"A qualquer custo"

Ednaldo Rodrigues, 71 anos, foi reeleito por unanimidade em março para o mandato 2026-2030. Era o único concorrente, depois de a antiga estrela do futebol Ronaldo Nazário ter retirado a sua candidatura.

As suspeitas de falsificação que levaram à sua destituição prendem-se com a assinatura de um acordo, em janeiro, que procurava pôr fim às disputas sobre a validade da sua primeira eleição, em março de 2022.

Por causa dessas disputas, já havia sido suspenso temporariamente do cargo no final de 2023, após essa eleição ter sido anulada pela Justiça.

Só a pressão da FIFA e da CONMEBOL, que ameaçou impor sanções desportivas ao Brasil, conseguiu reintegrá-lo.

O tribunal do Rio decidiu na quinta-feira que o acordo que ratificou todo o processo era nulo porque um dos signatários, o ex-presidente da CBF Antonio Carlos Nunes de Lima, era "mentalmente incapaz de assinar o documento", sugerindo "possível falsificação".

Para os advogados da presidência da CBF, a decisão do tribunal carioca é "expressão de um esforço flagrante e de uma ansiedade incontida para afastar Rodrigues a qualquer custo".

"Ultrapassa os limites da legalidade", acrescentaram.

Ednaldo Rodrigues foi um dos grandes impulsionadores da contratação de Ancelotti, a quem já tinha sondado para treinar a seleção nacional a partir da Copa América de 2024.

Mas o italiano acabou por renovar o seu contrato com o clube espanhol, que irá deixar após uma má temporada.

A chegada do novo técnico é aguardada com expectativa no Brasil para melhorar o desempenho da seleção pentacampeã mundial após uma série de resultados dececionantes, incluindo uma humilhação por 4-1 diante da Argentina em Buenos Aires, em março.

A seleção canarinha tem pela frente dois importantes jogos das eliminatórias sul-americanas para o Mundial-2026, em junho, contra Equador e Paraguai.